quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Criança & TV: Na frente da telinha

Em 1950, a TV passou a fazer parte do cotidiano dos brasileiros. Hoje, ela está presente em praticamente todos os lares e a discussão sobre o modo como a telinha influencia milhões de minitelespectadores fica cada vez mais acirrada. Afinal, a garotada tem à disposição uma infinidade de programas infantis ao alcance de um botão. Mas será que os pais devem liberar o controle remoto na mão dos filhos? "Ver TV tem um lado positivo, pois as crianças podem aprender fatos novos, modos de lidar com relacionamentos interpessoais e ter contato com culturas diferentes", diz a psicóloga infantil Lidia Dobrianskyj Weber, autora do livro Eduque com Carinho: Equilíbrio entre Amor e Limites (Editora Juruá).

Abusar desse entretenimento é onde mora o perigo. "Deve haver um limite em relação ao tempo em que a criança fica na frente do aparelho. Ela também precisa brincar e interagir socialmente, isso é fundamental para o desenvolvimento", afirma Claudemir Viana, pesquisador do Laboratório de Pesquisa sobre Infância, Imaginário e Comunicação da ECA-USP (Lapic). A violência que recheia muitos dos desenhos preferidos da garotada tira o sono dos pais. Em relação a isso, as opiniões divergem. "Ela pode usar violência para resolver problemas; seus heróis fazem isso", diz Lidia. Já Claudemir afirma que "as crianças vêem essas lutas não com sentido de violência pela violência, mas como sinal de valentia, coragem e como uma maneira de o herói salvar a Terra do mal".

Outra preocupação dos adultos está no fato de não saberem ao certo se o programa ao qual seus filhos assistem é adequado à idade. Por isso, é fundamental que os adultos acompanhem o que seus filhos vêem. "Eles podem conversar com as crianças, tecer comentários, fazer críticas, apontar para o que é fantasia e o que é realidade. Isso ajuda a criança a construir uma postura crítica diante da vida", diz a psicóloga e pedagoga Maria Beatriz Telles. E lembre-se: nada de proibir sem explicar o motivo. "Censurar não é educar, e sim alienar", finaliza Claudemir.

(shirley paradizo)

* Texto de Shirley Paradizo, publicado originalmente na revista MONET, edição de outubro de 2005, número 55

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