quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Criança & TV: Consumo consciente

A partir de janeiro de 2009, a TV Cultura promete reformular a estrutura de sua programação infantil, cortando de vez os informes publicitários durante as 11 horas da grade dedicada às crianças. Graças à proposta aprovada pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, que proíbe qualquer tipo de publicidade dirigida a menores de 12 anos, e restringe aquelas destinadas ao público adolescente, entre 12 e 18 anos, a emissora implantará em seus canais a campanha de Consumo Consciente.

De acordo com pesquisas, crianças são expostas a cerca de 80 informes publicitários por dia e ficam cerca de 5 horas na frente da televisão, o que representa um risco quando o público ainda não possui capacidade analítica e está em fase de formação de sua personalidade. O tom apelativo ou impositivo nas propagandas está fora da TV Cultura desde 1998. “É uma postura interna para que pudéssemos manter também nos intervalos a qualidade já tão reconhecida pelo público”, afirma Luiz Fernando da Silva Jr., gerente geral de marketing e planejamento da TV Cultura.

Como a programação infantil da emissora é destinada, principalmente, aos telespectadores até 6 anos de idade, o corte na publicidade infantil é tido como essencial, já que as crianças até essa idade, segundo a própria Cultura, ainda não têm discernimento para distinguir o que é publicidade ou não. “Uma criança que está assistindo ao Cocoricó e vê, no intervalo do programa, uma propaganda com o Julio, imediatamente assimila a informação como parte ainda do programa”, comenta Luiz Fernando.

Os responsáveis pelo marketing bateram o martelo inclusive para os produtos da própria emissora: sai a publicidade com apelo infantil e ficam somente as propagandas institucionais. “O que queremos é montar um formato em que possamos subsidiar a criança e os pais para que eles entendam o mundo como é hoje e incentivar o consumo consciente. Ele existe, mas temos que saber como consumir”, explica Luiz Fernando.

Passo a passo, a TV estatal quer conquistar não só seus próprios telespectadores, mas o público em geral. Junto com as propagandas institucionais sobre a campanha na programação da TV Cultura, a emissora promete investir em outras mídias, visando atingir uma maior gama da sociedade. “Vamos tentar comover o público externo. Quanto mais pessoas tiverem assumindo e replicando, melhor. Mais do que retirar as crianças do mundo comercial onde vivem, é importante dar-lhes os instrumentos que lhes permitam se tornarem cidadãos mais autônomos, conscientes e conseqüentemente mais responsáveis.”, encerra o gerente.

* Texto de Aline Ridolfi, publicado originalmente no site da revista Crescer

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