quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Criança & TV: Um Desafio para Pais e Educadores

Separei este artigo interessante sobre um debate com o tema Televisão e Criança. Não concordo com todos os pontos assinalados pelo autor do texto, mas a discussão que ele coloca em pauta é muito boa, para se pensar. Aqui vai...

No programa Liberdade de Expressão, gravado para uma exibição na TV Pernambuco, no dia 19 de maio de 2008, Miguel Farias debateu com os convidados o tema A Criança diante da TV, um Desafio para Pais e Educadores.

Demorou muito tempo até que
se desse conta de que as crianças não são homens ou mulheres
em dimensões reduzidas.
Elas criam para si, brincando, o pequeno mundo próprio

Walter Benjamin

A inevitabilidade da televisão nas sociedades contemporâneas, sua influência sobre as crianças e as desesperadas - e por vezes ingênuas! - estratégias dos pais para protegê-las são com frequência alvo das preocupações de setores acadêmicos ou da imprensa. Atribuindo à TV uma ascendência frequentemente totalitária sobre as crianças, aqui e ali irão despontar análises de como as horas de exposição à telinha tornam as crianças vulneráveis ao consumo, aos conteúdos violentos, a uma formação emocional e sexual precoce e - mais grave - como, apontando para a criança, a TV está garantindo a perpetuação do sistema político e econômico hegemônico.

Em grande parte das famílias, são os pequenos que ligam os aparelhos de TV, definem a programação que será assistida e até sua localização no espaço doméstico. Isso não significa, no entanto, que as pesquisas sobre televisão e criança dêem conta desta relação tão rica. Analisa-se a TV sob a perspectiva da vilania, mas as crianças, enquanto atores do processo receptivo, e os jogos que fazem com a TV, ficam de fora.

Em geral, a lógica dos meios é reforçada pelo suposto caráter eminentemente passivo da criança, que, por ser criança, não teria ainda o instrumental que lhe permitiria ser crítica, o que a tornaria necessariamente favorável às mensagens televisivas, uma vez que "somente a partir de uma postura crítica é possível absorvê-la com isenção e perceber suas sutilezas, seus efeitos, suas possibilidades." Considerar a criança como criança, não é tomá-la em sua especificidade, mas como uma miniatura do mundo adulto.

Na realidade, podemos observar que as crianças vêem TV não discutem a informação. Recebem passivamente as mensagens sem analisar profundamente o que estão assistindo (aqui tenho de discordar do autor do texto, não sei se as crianças realmente são passivas ao que assiste... isso seria ignorar sua enorme capacidade de observação!). Nem dizem se gostam ou não do que estão vendo. Ninguém comenta o que assiste. Simplesmente vêem e observam, consomem sem fazer uma análise (aqui, acho que deveria entrar o papel dos pais, conhecendo a programação e "discutindo" com seu filho que ela está vendo... é divertido, você não imagina como elas podem ser detalhistas). Muitas vezes as crianças se ‘desligam’ do mundo real e entram para o mundo da TV... Estão absortas no que a TV está ‘ordenando’... Esquecem o paladar como se a TV fosse um anestésico".

Ouvindo todos os debatedores, o Programa Liberdade de Expressão, chega a uma reflexão de que a TV é sim, formadora, moldadora, da criança e que é necessário uma vigilancia permanente deos pais e educadores, para que aquela programação que é praticamente "engolida" pela criança seja pelo menos discutida, para que não hajam imposições de comportamentos, ideias, modismos, e outros tantos ismos que transformam a criança em pequenas miniaturas dos personagens televisivos, maioria das vezes em conivência com os pais.

Crianças são crianças hoje e esse tempo é bastante precioso para que seja adiantado e que elas sejam transformadas em pequenos clones de programas televisivos porque é asim que a mídia cria, patrocina e provoca essa visão de que as crianças são homens e mulheres em tamanho diminuto. Elas devem ser crianças hoje. O amanhã é uma construção.

* texto de publicado no site estudo livre

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