quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Seu filho vê: Vila Sésamo

Esses dias, sem muito o que fazer – na verdade, havia muitas coisas a se fazer, mas a vontade era pouca –, comecei a zapear pelos canais da TV e dei de cara com o novo programa Vila Sésamo, que trouxe à tona a emoção que vivi ao acompanhar os bastidores desta nova safra em janeiro de 2008, quando trabalhava para a revista Monet. Como é um programa que recomendo para todas as idades, regastei um texto que escrevi para o site da revista na época e uma entrevista com diretora Bete Rodrigues, que coloco aqui na íntegra.

O enorme bicho metade galinha metade avestruz que tanto encantou as crianças na década de 70 desapareceu das telinhas brasileiras sem explicações, deixando centenas e centenas de rostinhos infelizes com o sumiço. Agora os personagens de Vila Sésamo retornam à nossa televisão em aventuras completamente recauchutadas e coloridas. O Garibaldo que aparece na TV Rá Tim Bum desde 2008 não é mais cinza-escuro – a primeira versão do programa era exibido por aqui em preto-e-branco – nem azul, mas amarelo. E não foi só a cor mudou.

Apesar de manter o mesmo mote dos originais – ensinar enquanto diverte e sempre com a mais alta qualidade –, a atração ganhou quadros novos e Garibaldo não contracena mais com os humanos Armando Bogus (Juca), Aracy Balabanian (Gabriela), Milton Gonçalves (professor Leão) e os então novatos Flávio Galvão (Antônio) e Sônia Braga (professora Ana Maria), como acontecia na década de 70. Sua companheira de cena agora é a simpática e sapeca Bel, uma monstrinha cor-de-rosa criada especialmente para a versão brasileira. Para descobrir os segredos dessa nova safra de Vila Sésamo, visitei o set de filmagem do programa e fiquei encantada com o cuidado minucioso da equipe com o cenário. Tudo parece real, desde os detalhes das casas, como janelas e parapeitos, até os postes de luz, as flores e as árvores que complementam a cena.

Ter a chance de novamente entrar – dessa vez literalmente – no mundo de Vila Sésamo foi algo especial, com sabor de infância. Mas nada se compara com a sensação de deparar com Garibaldo cara a cara. Confesso que tive de me conter para não invadir o cenário e pedir um autógrafo ao enorme pássaro que todas as manhãs me convidava para brincar, cantar e a aprender a seu lado quando ainda era criança. Mas o lado profissional falou mais alto e eu me comportei. Fiz o meu trabalho. Conversei com a diretora Bete Rodrigues, que contou detalhes bem interessantes sobre os bastidores da produção, com a Bel e, claro, o Garibaldo.

Nessa hora, tive uma pequena decaída e, pasmem, abracei o Garibaldo. Minha atitude impulsiva quebrou o gelo entre repórter e entrevistados, e tudo virou um bate-papo descontraído e cheio de histórias bacanas. Confira abaixo a entrevista com a Bete Rodrigues e conheça um pouco sobre este programa altamente recomendável.

Em que essa nova versão difere daquela primeira da década de 1970?
Na versão atual, a Vila é mais condensada, enxuta. Não temos personagens humanos contracenando com os bonecos, apenas a Bel e o Garibaldo. Antes também o Garibaldo era azul, pois o amarelo na TV em preto-e-branco ficaria sem destaque. Na primeira versão, a maior parte dos blocos era gravado aqui, o que não acontece hoje. Só gravamos aqui os mini-documentários e a parte do Garibaldo com a Bel. O restante vem da Sesame Workshop [uma organização sem fins lucrativos composta por educadores, pesquisadores, psicólogos, especialistas em desenvolvimento, artistas, escritores e até músicos que é a responsável tanto pela nova versão como a original]. No mais, pouco mudou. Continuamos a ter o Gugu, o Ênio, o Beto e todos os outros bonecos.

Como funciona essa divisão de blocos nacionais e americanos?
Cada episódio tem 53 minutos de duração, para cobrir uma hora de grade. São 12 minutos de produção nacional e o restante divididos em mais três blocos americanos, com Gugu, Cookie Monters, Beto, Ênio e toda a turma da Vila. A Sesame envia os quadros, nós dublamos no Brasil e fazemos a passagem de um bloco para outro. Também temos uma parte com mini-documentários.

E esses mini-documentários, o que são?
Eles foram realizados para mostrar a diversidade da criança brasileira e são concentrados nas grandes cidades. Tentamos cobrir o maior número de lugares possíveis. Duas equipes saíram de viagem pelo Brasil para conhecer as crianças e suas histórias, fizeram uma pré-produção de quase dois meses. Depois, voltamos já sabendo quais os lugares e as crianças que teríamos de gravar. Temos histórias bem curiosas. Temos crianças que vivem em fazendas, à beira do rio Amazonas, no Sul, que tem outro tipo de cultura.

As histórias que envolvem a produção nacional foram criadas aqui?
O conteúdo local, que inclui tanto os mini-documentários como as aventuras de Garibaldo e Bel, foi discutido com a equipe da Sesame antes de começarmos as gravações. Levamos nossas ideias e fomos criando tudo juntos. Mas eles interferem muito pouco no nosso roteiro. Escrevíamos nossa história e enviávamos para o grupo. Normalmente, eles mandavam de volta com algumas sugestões, nunca imposições. Se achávamos que estavam certos, fazíamos as alterações. Além disso, o conteúdo pedagógico de uma criança em idade pré-escolar é o mesmo em quase todo o mundo: aprender letras, números, noções básicas de ecologia, convívio social.

Para construir o cenário, em que se inspiraram?
Fizemos uma pesquisa grande, pois queríamos ter o Brasil representado em cada pedacinho do cenário. Buscamos detalhes em Minas, Parati e em diversos lugares. Ele carrega um pouco de cada um desses locais, como as janelas, as pastilhas da calçada, os azulejos das paredes das casas...

Como foi o processo de criação da boneca brasileira Bel?
Como personagem, a Bel teria de ser bem brasileira. Porém, não queríamos esteriótipos, como cabelos rastafári, colar de penas, fru-frus nos cabelos. O Brasil está representado na personalidade dela, no gracejo, na graça. A Bel é divertida, curiosa, carinhosa, doce. E é isso que queríamos mostrar do Brasil, essas múltiplas facetas, o fato recebermos sempre bem as pessoas que vêm de fora. Na aparência, seguimos, então, o padrão dos bonecos americanos, escolhemos cor, o tipo de cabelo, essas coisas.

Ao ser convidada para dirigir o programa, qual foi sua primeira reação?
Eu cresci com o Vila Sésamo, adorava o programa. Mas nunca pensei que um dia ele fosse voltar à TV. Há mais ou menos um ano, comecei a ouvir rumores de que a série iria ganhar uma nova versão, mas nunca pensei que fossem me chamar para dirigir. Quando me convidaram, fiquei extasiada e, ao mesmo tempo, pensando se iria conseguir. Era muita responsabilidade, apesar de eu já ter experiência nesse tipo de programa com o Teatro Rá Tim Bum.

Quais são suas expectativas com essa versão atual?
Espero que o programa cumpra a função para a qual foi criado, juntar o entretenimento com educação, preparando nossas crianças para entrar com uma melhor formação na escola para ser alfabetizada. Minha grande expectativa é que a série faça parte da memória delas daqui há 30 anos, como a primeira versão faz parte da minha hoje. Que seja algo para sempre.

Exibição: diariamente, 11h30, TV Rá Tim Bum

Indicação: a partir de 3 anos

(shirley paradizo)

5 comentários:

  1. eu via, eu via, eu via! ai, saudades... me lembro da Aracy "blabanian" e do Juca Chaves e do Ênio e o Beto... kkkkk... muito bom!

    ah, pena que acabou e a gente cresceu, nhé!

    bjus prá ti!

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  2. ohhhhhhhhhh
    há tanto tempo que não via os bonecos da rua sesamo!
    Acho que vou dar um pulo ao youtube para matar saudades!!!

    beijocaaaaaaa

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  3. oi eu gostaria de saber se nao existe a venda a boneca da bel do vila sesamo...

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  4. oi, ana paula... sei que, na época em que o novo vila foi lançado, podia-se encontrar todos os bonecos à venda... agora, não sei dizer com certeza...

    abs
    shirley

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  5. Tenho um neto de 1 ano e 10 meses que é apaixonado pela Vila Sesamo não perde um programa e chora quando termina. Realmente é um programa maravilhoso.

    Rosana

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