A intenção da atração é transformar grandes clássicos como Rapunzel e Os Três Porquinhos em versões para o teatro televisivo. Histórias originais também são bem-vindas. É o caso de Todo Bicho Tudo Pode Sendo o Bicho que se É!, sobre três bichos que buscam o sonho de se serem em algo que não são. “O pavão quer ser um gato; o pombo, um pavão; e a passarinha, que ainda é bebê, quer voar. Mas, no fim das contas, eles descobrem que ser eles mesmos é muito melhor. E isso que é o legal dessa história, mostrar que o legal e serem elas mesmas”, conta a diretora Bete Rodrigues. “As produções são sempre caprichadas, com cenários bacanas e figurinos coloridos. Tudo isso só para dar à garotada a oportunidade de ver imperdíveis peças teatrais, sem sair de casa”, completa.
Para levar esse universo fantástico às crianças do outro lado da telinha, o trabalho de toda a equipe do programa começa meses antes do início das gravações, quando Bete percorre os teatros para garimpar as peças infantis. “Hoje mesmo vou sair daqui correndo para ver uma peça que pode ser nossa próxima investida.” Após a escolha do tema, a equipe do Teatro se reúne com o grupo de atores que participou da peça para decidirem as mudanças no roteiro. “Teatro e televisão são mídias muito diferentes. Então, temos de fazer a adaptação dessa história para um formato e uma linguagem televisiva”, conta Bete.
Nas peças em que há a participação da platéia, por exemplo, é preciso usar a criatividade para que não fique a sensação de um “buraco” em cena. “Inventamos novas sequências, transformamos essa interação em diálogos, colocamos personagens ou tiramos outros. Mas sempre mantendo a essência da história e cara do grupo que a apresentou a história nos palcos. Afinal, são os próprios atores da peça que irão atuar no nosso teleatro.”
Cerca de 20 depois, as gravações são iniciadas e, com ela, a corrida contra o tempo. “Temos apenas uns quatro dias para gravar os 45 minutos de programa, contando com a montagem de cenário. Normalmente, trabalhaos das 14h às 21h, mas os atores chegam bem mais cedo para se aprontar e ensaiar”, conta. Aí, é um tal de arrumar cabelos, fazer maquiagens, ajustar roupas e perucas e ficar andando de um lado para o outro “recitando” as falas dos personagens.
Como os atores são profissionais do teatro e nunca tiveram contato com as câmeras, o processo de gravação é mais lento. Uma sequência de 3 a 5 minutos demora aproximadamente 1 hora para ser gravada. “Além de termos de parar várias vezes para retocar a maquiagem dos artistas, trocar o cenário de lugar, é preciso orientar os atores. Às vezes, eles se perdem um pouco, então temos de explicar a cena, suas falas, para onde devem olhar, falar o que está acontecendo”, diz Bete.
Porém, ninguém reclama. Ao contrário. “É bem puxado, mas, quando assistimos o resultado final, ficamos orgulhosos de nosso trabalhos. Os atores nem conseguem acreditar que aquela bagunça toda virou algo mágico”. Realmente é mundo encantado, no qual as crianças podem soltar a imaginação. Confira abaixo uma entrevista com a diretora.
Há quanto tempo existe O Teatro Rá Tim Bum?
Gravamos o primeiro programa, em março de 2006, foi a adaptação da peça As Velhas Fiandeiras. Era para ser apenas um especial, mas o retorno da audiência foi grande e pessoal do canal adorou a idéia. Este ano, o Teatro virou série. Ou seja, agora temos de gravar uns 13 programas por ano. Isso por que todo mês a TV Rá Tim Bum tem de exibir uma telepeça diferente, mesmo que as antigas sejam reprisadas. Todo Bicho Tudo Pode Sendo o Bicho que Se É! é a primeira do ano, então temos mais 12 pela frente! Vai ser uma maratona e tanto, mas farei com prazer.
Por que reaproveitar os atores da peça do teatro em vez dos da TV?
Isso vem do projeto. Eles já estão ensaiados, com o texto na ponta da língua e isso agiliza as gravações. Além disso, não achamos justo procurar outros atores. Nesse caso, a negociação seria outra. E é legal, pois mostramos gente nova televisão, sempre um rosto diferente, descobrimos pessoas e também preservamos o teatro. Afinal, essa é a intenção, é teatro televisivo. Se colocarmos atores conhecidos, vira uma novelinha e não um teatro infantil.
Os figurinos e o cenário também são os mesmos usados na peça?
Não usamos quase nada. Os figurinos aproveitamos muito pouco, mas procuramos criar novos sempre respeitando a idéia original. Na TV, tudo precisa ser mais pomposo e com mais brilho para chamar a atenção das crianças. A personagem enguia, por exemplo, originalmente usava uma tailer rosa e branco, bem simples. Na TV, colocamos lente de contato branca, roupa mais brilhante, para dar a magia que um programa como esse exige. Já os cenários, é tudo novo. O que funciona no teatro, não funciona para a gente.
Como os atores não são profissionais da TV, é preciso algum trabalho especial?
Eles não têm a linguagem da TV, como não fixar os olhos na câmera, fazer cena a cena e não como no teatro, que é tudo seqüencial. A maioria deles nunca fez TV e, quando vê o estúdio e os equipamentos, ficam meio assustados. Mas sempre tiram tudo de letra.
(shirley paradizo)
podiam colocar link pra baixar desses episodios. valeu
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