terça-feira, 4 de agosto de 2009

Estante: Asterix nos Jogos Olímpicos

De fato, um é pouco, dois é bom, três é demais. Até no cinema. A primeira versão cinematográfica do herói gaulês Asterix, Asterix e Obelix contra César, lançada no século passado (1999, para ser mais exato), foi muito bem-vinda e bastante divertida. Em 2002, Asterix e Obelix: Missão Cleópatra também rendeu boas risadas. Agora, neste oportunista Asterix nos Jogos Olímpicos (R$ 39,90, Playarte), quase nada se salva.

Pegando carona nos jogos de Pequim (não me acostumo com a nova nomenclatura de Beijing), a nova trama agora começa com o jovem gaulês Apaixonadix, disposto a tudo para se casar com sua amada, a princesa grega Irina. Porém, o pai de Irina prefere que ela se case com Brutus, filho de Júlio César, o que seria muito mais proveitoso para a Grécia. A moça, então, decide dar seu coração para quem vencer os jogos olímpicos.

É claro que Asterix e Obelix, representando a Gália, vão ajudar Apaixonadix, porém, com um detalhe: o “comitê olímpico” da época proibiu a famosa poção mágica nos jogos. Quem a utilizar, será desclassificado no anti-doping. A idéia não é ruim, mas é muito mal realizada. Apensar de uma belíssima produção de encher os olhos, com ótimas reconstituições do que seria a Grécia daquela época, o filme tem um roteiro fraquíssimo, com piadas que não funcionam e situações cômicas de pouca ou nenhuma inspiração.

Há, sim, alguns pontos positivos. Como, por exemplo, a participação do veterano (e ainda em forma, aos 72 anos) Alain Delon, no papel de Júlio César. Ele chega a dizer que, do alto de seu posto de Imperador, ele não deve nada a ninguém. Nem a Rocco, nem a seus irmãos, numa referência a um dos grandes filmes do ator. Também é simpática a figura de Gérard Depardieu reproduzindo a cena que fez em “Cyrano”, ao soprar para Apaixonadix as palavras românticas que serão repetidas à amada.

E, sem dúvida, o melhor momento do filme é o campeão de Fórmula 1 Michael Schumacher correndo com uma brilhante biga vermelha, representando a Germânia nos jogos olímpicos. Mas é muito pouco. O restante do filme não dá liga, não faz rir, e por vezes traz um humor raso, circense e pastelão. O personagem Cobertudiopus, por exemplo, está mais para Sérgio Mallandro que para a fina ironia dos personagens originais criados por Uderzo e Goscinny. Desta vez, o céu caiu sobre a cabeça dos produtores.

(celso sabadin*)

* o multimídia e querido amigo celso sabadin é autor do livro autor do livro vocês ainda não ouviram nada – a barulhenta história do cinema mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. atualmente, dirige o planeta tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV gazeta e da rádio bandeirantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário