quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Animação em pauta: A era do 3D

É lei em Burbank: Disney Animation vai focar sua produção em filmes em 3D de agora em diante. Quem manda o recado é John Lasseter, comandante supremo do estúdio. A Princesa e o Sapo, maior aposta do estúdio neste ano, é exceção e chega aos cinemas em 2D. Mas é um caso especial, pois é o nascimento de uma nova princesa, Tiana. Ela é negra, canta magistralmente bem e incorpora o mito do “beijo no sapo”. Enquanto a animação tradicional fica reservada à realeza, os novatos serão tridimensionais, porém, há muito mais por trás dessa tática.

Os filmes mais clássicos também vão ser transpostos para 3D. A Bela e a Fera é um dos lançamentos mais aguardados, mas a briga é boa com Toy Story I e 2 – a conversão desses dois faz parte da campanha de popularização da série antes da estréia de Toy Story 3, no ano que vem. O SOS Hollywood conferiu uma sessão dupla, dentro do multiplex que incorpora o Teatro Chinês. Casa cheia e primor visual.

A idéia das sessões duplas é pouco usada mesmo em cinemas norte-americanos, mas há coisas que só a Disney pode fazer por você. Curiosamente, o evento foi remanejado do tradicional El Captain [um dos melhores cinemas da cidade, aliás] para o Mann’s, do outro lado da Hollywood Blvd por conta de um gigantesco evento promovido pelo jogador de basquete LeBrown James.

Sozinho, ele conseguiu ocupar o mesmo espaço físico que o Oscar. Com lotação aproximada de 2.500 lugares, a maior sala do multiplex estava praticamente lotada. Muitas crianças, mas elas não eram a maioria numa platéia repleta de adolescentes, adultos e idosos. É a magia da Disney, fascina todas as idades até mesmo com uma reexibição.

Converter filmes animados, especialmente os feitos por computador, é simples. Basta criar a camada extra de cor fundamental para o 3D, refazer o acabamento do arquivo e pronto. É só distribuir. Afinal de contas, tudo está bem guardado nos arquivos do estúdio. O processo é diferente com animações tradicionais, pois é necessária digitalização, tratamento e adaptação da imagem antes de se inserir os elementos 3D.

Em A Bela e a Fera, por exemplo, o maior desafio da direção foi escolher quais itens – sejam eles personagens, peças da mobília ou cenários da casa – seriam “tridimesionalizados”. O 3D é uma ferramenta deslumbrante, mas seu excesso pode causar estranhamento. A natureza de Toy Story propõe um modo diferente de olhar seus personagens e cenários. É praticamente um 3D simulado.

Converter os filmes para o novo formato reforça o óbvio e acrescenta mais charme, mas perde cor. Os óculos 3D possibilitam a união dos três espectros visuais, mas tira o brilho, que não é compensado satisfatoriamente. E, seu maior problema, a compatibilidade com crianças mais novas, pois os óculos são grandes – com medida única e universal – e além de não se encaixarem com facilidade, bloqueiam parcialmente a visão. Resultado, especialmente por serem dois filmes em sequência: os pequenos encaravam a projeção no peito e na raça, vendo tudo embaçado ou triplicado. Se divertiam do mesmo jeito, claro.

Crianças são mais público no home entertainment, pois são elas que assistem filmes à exaustão em casa e motivam a maioria das compras (a Disney tem um sistema chamado Disney Movie Club, que oferece seus títulos a preços mais baratos, incentiva fidelização e alimenta essas mentes jovens e alucinadas pelos personagens do campanhia). E a solução para elas está quase disponível e, adivinhem, foi a Disney que inventou.

Em 2010, o sistema home 3D da Disney será lançado para replicar – em alguns casos melhorar – o efeito tridimensional em qualquer televisor moderno. Os óculos continuarão necessários [serão vendidos num kit inicial, com o primeiro disco 3D, e também poderão ser comprados separadamente], mas em versão mais confortável, adequados para crianças e leves. A divulgação do produto começou na D23, com uma sala especial exibindo trailers e trechos de filmes em 3D. Já testei e recomendo.

* texto do querido amigo - e agora americano! - fábio barreto, do sos hollywood, originalmente publicado no informativo colunas&notas, no qual ele agora escreve uma coluna semanal, às segundas-feiras, substituindo rubens ewald filho, que foi para o r7, da record.

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