Um truculento boa gente, que namora Carly (Ashley Judd) e tenta estabelecer laços de amizade com os dois filhos dela. Porém, machucado por alguns revéses na vida, Derek tornou-se um sujeito pragmático, sem sonhos nem fantasias. Um problema que balança seu relacionamento com Carly, na noite em que ele quase conta para a filhinha dela que a Fada do Dente não existe. “Eu decido até que idade meus filhos devem sonhar”, desafia a cuidadosa mamãe. Não bastasse a ira da namorada, Derek ainda receberá uma punição exemplar: uma intimação para se transformar ele próprio em Fada do Dente oficial e, dessa forma, deixar de destruir os sonhos e as fantasias das crianças.
Estamos novamente diante da fórmula clássica das comédias familiares, com todos os clichês que o gênero pede. O bom e velho roteiro estruturado pelos conceitos de erro/ arrependimento/ segunda chance/ superação e redenção, tudo em nome da fantasia, aflora aqui de maneira total, sem medo de ser Disney. Só tem um detalhe: o filme é da Fox. Percebe-se que a empresa tem aproveitado o nicho de filmes-família que a Disney vem negligenciando nos últimos anos (ao apostar suas fichas no mercado adolescente, vide Hannah Montana: O Filme, High School Musical etc.), encaixando sucessos como a franquia Alvin e os Esquilos, por exemplo.
Considerações mercadológicas à parte, O Fada do Dente é um entretenimento com sabor Disney, com tramas e subtramas idealizadas para agradar a todos os públicos: pais, mães, adolescentes, crianças e casais. E isso é um elogio. Utilizar ou não uma fórmula pronta de entretenimento não é exatamente a questão que torna um filme melhor ou pior. A questão é como utilizá-la. E o diretor Michael Lembeck - especialista em seriados de TV - tem a mão certa para o gênero, equilibrando com talento o humor, o imponderável da fantasia e o sentimentalismo na medida certa.
Diretor de vários episódios de Everybody Loves Raymond, Mad About You e Friends, entre outros, Lembeck sustenta O Fada do Dente com ritmo e leveza, tornando o filme um saudável entretenimento para toda a família. No papel título, Dwayne Johnson surpreende, demonstrando carisma e bom timming cômico. O que não é nada mal para quem até há pouco tempo assinava apenas "The Rock” e cujas maiores habilidades consistiam em derrubar oponentes de WWF (World Wrestling Federation, um tipo de liga mundial de Luta Livre).
Sua presença relativamente novata é balanceada por dois bem-vindos veteranos: Julie Andrews, a eterna Noviça Rebelde, como a Rainha das Fadas do Dente, e Billy Crystal, num papel similar ao famoso “Q” de James Bond. Ou seja, o responsável por fornecer às Fadas o necessário arsernal de bugigangas mágicas. E um detalhe final para quem costuma criticar a falta de sutileza das ações de merchandising dos filmes brasileiros: O Fada do Dente abre com duas logomarcas da Coca-Cola tomando o espaço da tela inteira. E não fica nisso…
Em cartaz: dia 22, sexta, nos cinemas nacionais
Classificação: livre
(celso sabadin*)
* o multimídia - e querido amigo - celso sabadin é autor do livro autor do livro vocês ainda não ouviram nada – a barulhenta história do cinema mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. Atualmente, dirige o
planeta tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV gazeta e da rádio bandeirantes
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