Apesar da distância e das peculiaridades de cada um, Mary e Max tornam-se amigos por correspondência. A troca de cartas começa meio a contragosto por parte do americano, que não quer de forma alguma relacionar-se com outras pessoas. Mas a menina é insistente e surpreendente. Em uma de suas primeiras cartas, pergunta de onde vêm os bebês.
Aos poucos a amizade floresce, nos moldes de Nunca te Vi, Sempre te Amei (1987), apenas pela troca de cartas. O filme acompanha alguns anos das idas e vindas das correspondências e na vida dos dois personagens. Ambos são marginais, no sentido de nunca se encaixarem em um padrão e por isso viverem solitários e, até certo ponto, infelizes. A Austrália de Mary é sempre acinzentada, enquanto a Nova York de Max, em tons de marrom.
Mary vai à escola, onde é esnobada, mas ainda assim, enquanto cresce, encontra o seu lugar no mundo. Namora e casa com o garoto por quem é apaixonada, tem um filho e também se forma em medicina. Quando a personagem entra na adolescência, passa a ser dublada por Toni Collette. O futuro não é tão promissor para Max. Ele fica cada vez mais isolado e tem sérias variações de humor – o que, às vezes, é prejudicial à correspondência -, sintomas que ele detecta mais tarde serem parte de uma Síndrome de Asperge.
Escrito e dirigido por Adam Eliott, Mary e Max começa como uma comédia bizarra e caminha, até sua conclusão, rumo a um drama melancólico. Seus temas e a forma como são abordados deixam claro que não se trata de um filme para o público infantil. Mas também parece não encontrar totalmente seu tom para dirigir-se ao público adulto. Afinal, fica num meio-termo que, embora bonitinho, às vezes parece uma piada esticada demais. Quando as situações começam a repetir-se, Eliott parece perder um pouco a mão e nunca reencontra o que havia de bom da primeira parte do filme - meio obcecado, agora, mais com o que há de excêntrico em relação a Mary e a Max do que com seus aspectos humanos.
Eliott, que ganhou um Oscar e um prêmio no Anima Mundi por seu curta Harvie Krumpet, também assina o desenho de produção de Mary e Max. Ele fez seu filme inteiro na técnica stop-motion, em que cada cena é fotografada quadro a quadro, como, por exemplo, os filmes dos personagens Wallace e Gromit. Em seu primeiro longa, embora bonito e bastante melancólico, o animador parece não saber ao certo a que público o filme se destina.
alysson oliveira*
* texto do amigo alysson oliveira, publicado originalmento no site cineweb, um endereço bem bacana para os amantes da sétima arte
poxa, ouvi muitos elogios sobre essa animação vou procurar...
ResponderExcluirgosto muito dos filmes em stop motion.
PARABÉNS pelo blog