sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cinema: Batalha por T.E.R.A.

O título original – Battle for Terra – poderia gerar uma confusão semântica, já que, no filme, o planeta “Terra” não é o nosso (que seria “Earth” no original). Pior: na trama, Terra é um planeta invadido por nós, humanos. Ou seja, terráqueos. Assim, a distribuidora brasileira deu um jeitinho e rebatizou “Terra” como “T.E.R.A.” A solução foi boa. Mesmo porque não é difícil de entender tudo isso depois que o filme começa. Os teranos – habitantes de T.E.R.A. - são pequenos seres pacíficos com olhos enormes e cauda de girino. Vivem em harmonia até que os terríveis humanos – sempre nós – invadem o planeta em busca de sobrevivência, já que fomos capazes de destruir não só a nossa Terra (“Earth”) como também os planetas vizinhos.

Cabe aos terráqueos invadir o planeta, assim como cabe ao teranos a defesa e o contra-ataque. Porém, antes que a guerra se estabeleça, uma jovem terana salva a vida de um piloto terráqueo, criando assim um elo de lealdade e amizade entre as duas espécies. Um elo que, de tão forte, assumirá importância vital na derradeira batalha pela vida. Vencedor de três festivais internacionais, o filme se reveste de uma pesada aura de extrema seriedade para passar sua mensagem de paz e tolerância entre os diferentes. Uma total falta de humor bastante incoerente tanto com o formato de desenho animado como com o gênero aventura/ficção. O resultado é enfadonho e pretensamente solene, não oferecendo à plateia o tipo de diversão e entretenimento que geralmente se espera deste tipo de proposta cinematográfica.

Ou, como se diz popularmente, Batalha por T.E.R.A. (que estreia nesta sexta, dia 24, nos cinemas nacionais) se leva muito a sério e se torna aborrecido. Mesmo porque o roteiro não consegue fugir dos clichês do gênero, com direito até ao líder autoritário militarista sem coração que se opõe cega e burramente às soluções que apontam para a paz. Produzido em 2007, o filme só chegou aos cinemas dos EUA em 2009, onde faturou menos de US$ 2 milhões. Pelas datas de produção e lançamento, fica difícil afirmar se Batalha por T.E.R.A. plagiou ou não Wall-E, já que é notória a semelhança entre o famoso robozinho da Pixar e o mascote do piloto terráqueo que invade T.E.R.A. Coisas do mundo da animação...

celso sabadin*

O querido amigo Celso Sabadin vai me dar uma força nas críticas dos longas animados que estréiam nos cinemas. Ele é autor do livro autor do livro Vocês Ainda Não Ouviram Nada – A Barulhenta História do Cinema Mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. Atualmente, dirige o Planeta Tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV Gazeta e da rádio Bandeirantes.

Um comentário:

  1. Uma frase sua me deixou muito preocupado: "Uma total falta de humor bastante incoerente tanto com o formato de desenho animado como com o gênero aventura/ficção.". Exigir que pelo falto de ser animaçao tenha que ser comédia ou PIOR: Aventura/Ficção tenha que ter humor, isso sim, ´e extremamente incoerente. Misturar meios com mensagens destruiu os quadrinhos e fecha as portas para a criatividade. Você já assistiu "Cemitério dos Vaga-Lumes"? Não lembro de ter visto humor em momento algum, e é uma das melhores animações que já vi.

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