Bom, criadores do personagem no universo HQ, que fique bem claro, pois a figura de Thor é milenar dentro da mitologia. Tanto que, no idioma inglês, que batiza cada dia da semana em homenagem a um deus ou a um astro, a quinta-feira recebeu o nome de “Thursday”, corruptela de “Thor´s Day”, ou o dia de Thor.
Mas vamos ao filme. Thor começa mostrando a luta pelo poder no reino planetário de Asgard, onde o soberano Odin (Anthony Hopkins) prepara a sucessão entre seus dois filhos: Thor (o australiano Chris Hemsworth) e Loki (o inglês Tom Hiddleston). Não confundir com Lóki, o belo documentário sobre Arnaldo Baptista.
Thor é mais destrambelhado e impulsivo, enquanto Loki parece mais equilibrado. Anthony Hopkins, que já foi pai do Zorro e também do Lobisomem, agora na pele de pai de Thor, dá a ele a preferência do trono. Mas como um bom drama shakespereano, uma briga de vida e morte pelo poder real culminará com o banimento de Thor, que cai na Terra sem os poderes do martelo.
O filme se desenvolverá em dois planos: o de Asgard, permeado por uma direção de arte de gosto duvidoso, misto de art-déco com National Kid; e o da Terra, mais divertido, onde um Thor malhado e sem poderes provoca suspiro nas meninas. Principalmente da jovem cientista Jane (Nathalie Portman, de Cine Negro).
Essa divisão da ação em dois universos distintos e complementares mostra-se uma boa solução de roteiro. As cenas em Asgard caem como uma luva na preferência dos fãs de grandes batalhas, momentos épicos, ação e aventura mítica. Enquanto a Terra serve de cenário para pitadas de romance e bom humor, fechando assim uma estratégia que claramente visa agradar a todos os públicos e – claro – todos os bolsos. Afinal, não dá para brincar muito quando se tem nas mãos um orçamento estimado em US$ 150 milhões.
Sobra ainda um verniz, como dissemos, shakespereano, que fornece uma espécie de aval para quem não quiser ver o filme com olhos única e exclusivamente de entretenimento. Talvez por isso tenham convidado Keneth Brannagh, de longa experiência no quesito Shakespeare, para a direção.
Falta, certamente, o charme que um Robert Downey Jr. conferiu aos dois divertidos episódios de Homem de Ferro, já que Chris Hemsworth não proporciona exatamente um show de carisma. Mas mesmo assim tem bom ritmo e funciona. Não é o filme inesquecível de HQ do ano, mas também não faz feio. Ah, como quase sempre, o 3D é bastante dispensável.
celso sabadin*
* O multimídia - e querido amigo - Celso Sabadin é autor do livro autor do livro Vocês Ainda Não Ouviram Nada – A Barulhenta História do Cinema Mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. Atualmente, dirige o Planeta Tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV Gazeta e da rádio Bandeirantes.
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