sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Cinema: O Gato de Botas

A lembrança mais forte que muita gente tem de Shrek 2 (2004), é a do felino de olhos grandes e melancólicos fazendo cara de coitado e segurando seu chapéu todo encolhido quando queria convencer alguém. Ele, claro, é o Gato de Botas que, finalmente, ganha um filme só seu, que chega aos cinemas brasileiros em cópias dubladas e legendadas – ambos nas versões convencional e 3D.

O personagem criado pelo francês Charles Perrault, no século 17, ganha uma nova roupagem nessa história que combina vários contos de fada com resultado um tanto desigual – favorecendo mais o protagonista, por razões óbvias, e transformando num chato quase insuportável o ovo Humpty Dumpty.


O roteirista Tom Wheeler mistura tudo – gato, ovo, feijões mágicos, gansa dos ovos de ouro – e cria uma história um tanto estranha. O Gato (voz de Antonio Banderas, na versão original) é um fora-da-lei mexicano, cheio de charme e mais cheio ainda de si, criado num orfanato. Seu plano no momento é roubar os feijões mágicos de Jack (Billy Bob Thornton) e Jill (Amy Sedaris), subir ao castelo do gigante nas nuvens e roubar alguns ovos de ouro.


No meio do caminho, conhece Kitty Pata-Mansa (Salma Hayek), outra gata fora-da-lei com o mesmo objetivo, que acaba levando-o ao seu chefe, o misterioso ovo Humpty Dumpty (Zach Galifianakis).

Entra um flashback – um tanto longo – sobre a infância do gato e do ovo que se conheceram no orfanato, onde se tornaram amigos e depois brigaram, tornando-se inimigos.
Humpty Dumpty é, a priori, um personagem dividido por conflitos internos, transitando entre o bem e o mal.

Ele é amigo do Gato, ama-o como irmão, mas, ao mesmo tempo, é seu rival e o odeia por ter sido abandonado no passado. Seria um personagem interessante, mas, por seu desenvolvimento no roteiro, torna-se o chato de plantão.

O Gato, Kitty e seus amigos bichanos garantem uma boa dose de charme para o filme, cujo colorido vibra no 3D eficiente. A história da dupla felina segue linhas convencionais – rivais que se unem para um bem comum e acabam se apaixonando.

O sotaque espanhol do personagem remete ao Zorro – mas isso é só um detalhe numa história em que um gato é irmão adotivo de um ovo e todos levam isso numa boa.
Dirigido por Chris Miller (Shrek Terceiro), Gato de Botas não tem nenhuma ligação direta com os filmes do ogro. O bichano ganha seu próprio filme, que se sustenta por si próprio. Não é tão bom quanto o primeiro Shrek, mas também é melhor do que suas sequências.

alysson oliveira*

* texto do amigo alysson oliveira, publicado originalmento no site cineweb, um endereço bem bacana para os amantes da sétima arte
.

** Mais sobre o Gato de Botas no site da revista recreio e aqui.

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