sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Estreia: Os Muppets

Seja lá quem for que teve a brilhante ideia de ressuscitar os Muppets, merece todos os aplausos do mundo – especialmente porque o novo filme da trupe de bonecos é diversão do começo ao fim. E, a melhor notícia, não apenas para adultos. Há um inegável senso de nostalgia no longa Os Muppets, dirigido por James Bobin – mas o resultado não é melancólico.

Olha para o passado, mas não se esquece do presente e do futuro. Ou seja, das crianças de hoje e da possibilidade de uma franquia que pode, novamente, durar anos. O filme circula em cópias dubladas e legendadas.
Quem via os Muppets décadas atrás na televisão e em alguns filmes vai reencontrar o humor ingênuo, que, por isso mesmo, é capaz de fazer rir.

Os personagens criados por Jim Henson, aliás, são como crianças, com suas tiradas despidas de ironia ou cinismo. Combinado a isso está o despojamento deste longa, em que os personagens não apenas riem de si mesmos, mas também do filme. O único senão da nova versão é que o sapo conhecido no Brasil como Caco agora atende aqui também pelo nome original, Kermit.

Pura bobagem globalizada e desnecessária.
O roteiro é assinado por Jason Segel (Professora sem Classe), que também atua no filme, como irmão de Walter, que seria um Muppet mas, como vive com seu irmão humano, é uma figurinha meio perdida no limbo do existencialismo. Mas isso pouco importa, porque ele é o fã número 1 dos Muppets e fica bastante deprimido quando viaja com o irmão e a noiva deste, Mary (Amy Adams, que há muito não se via tão meiga e engraçada), para a Califórnia, onde pretende visitar o teatro e os estúdios de seus ídolos.

Quando se descobre que a trupe não existe mais, resolvem procurar o sapo e sugerir uma reunião. Isso vem a calhar, porque um barão do petróleo (malevolamente interpretado por Chris Cooper) quer derrubar o teatro, pois há algo de muito precioso em seu subsolo. Para salvar o palco onde foram famosos, os Muppets devem se unir e fazer um Teleton, para arrecadar dinheiro.


A história, claro, é bem simples, mas dessa simplicidade Bobin e companhia conseguem tirar algumas lições de vida – nada didaticamente chato ou panfletário como Happy Feet 2 – e muitas risadas.
O reencontro de alguns personagens é memorável. O urso piadista Fozzie trabalha num show de segunda, que imita os verdadeiros Muppets.

Já Miss Piggy tem a posição que merece: é a editora da revista Vogue francesa. Isso, aliás, resulta num dos melhores momentos do filme: sua secretária é vivida por Emily Blunt, praticamente repetindo seu papel em O Diabo Veste Prada. O elenco também inclui Jack Black, Zach Galifianakis, Selena Gomez e Whoopi Goldberg.


Longe dos efeitos digitais que entulham o cinema infantil, Os Muppets é divertimento retrô que encontra diálogo com adultos e crianças – não necessariamente pelos mesmos motivos. A trilha sonora, diga-se de passagem, está longe do que se esperaria de um filme infantil, com versões para músicas de Paul Simon, Nirvana e Jefferson Starship – mas, e daí, os Muppets nunca foram convencionais mesmo.

alysson oliveira*

* texto do amigo alysson oliveira, publicado originalmento no site cineweb, um endereço bem bacana para os amantes da sétima arte
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