Era Charlie e Lola, inspirada nos premiados livros da inglesa Lauren Child e produzida pela BBC. Ainda por cima, a história tinha o apelo de ser exibida no Brasil pelo Discovery Kids. "Fiquei encantado com aquela experiência teatral tão lúdica. Então, comprei os direitos para trazer para o Brasil", conta Huck, diretamente de um zoológico em Buenos Aires, onde novamente distraía seus pequenos. "Também acho legal ter uma referência do dia-a-dia deles por poderem ver personagens que conhecem da TV."
Como não tinha experiência em teatro, Huck se associou à produtora Aventura, que criou um braço para produções infantis. Para a direção, convidou o responsável pela montagem original: Roman Stefanski. O inglês, então, desembarcou em São Paulo para selecionar o elenco e familiarizá-lo com os bonecos.
Um aspecto importante é que os bonecos foram criados como são no desenho: em 2D, daí as preocupações com a posição de cada uma das mãos e o movimento dos olhos dos fantoches. "É isso que dá vida à encenação. Não adianta chacoalhar os bonecos. Você tem de passar alma para eles", comenta Stefanski.
Na história, a pequena Lola, de 5 anos, tem de arrumar seu quarto, mas se distrai com monstros, confusões e um amigo que só existe na sua cabeça, chamado Soren Lorenson, que aparece em versão cinzenta para separá-lo do "mundo real". O paciente Charlie, o irmão de 7 anos, é escalado para garantir o cumprimento da tarefa. Como no desenho, nenhum adulto aparece em cena.
Há ainda um apuro no texto e na linguagem, mantendo inclusive os erros infantis. "Nem sempre a gente consegue manter a graça do jeito de Lola falar. Algumas coisas se perdem na tradução. Em compensação, a manipulação é universal", compara o diretor Stefanski. "A criança sempre te coloca com os pés de volta no chão. Mesmo no momento mais mágico da peça, ela pode se divertir enquanto disseca tudo o que está vendo no palco. É um público muito crítico", conta ele.
Charlie e Lola, a Peça custou R$ 1,5 milhão e vai cumprir temporada até novembro em São Paulo. Depois segue para o Rio. A experiência foi tão boa que Huck pensa em adquirir um teatro para abrigar os futuros espetáculos. No radar, está o desenho brasileiro Peixonauta, também do Discovery Kids, que estreou liderando o Ibope entre crianças de 4 a 11 anos.
As negociações ainda estão no começo. "Eu me animo por ser uma coisa 100% brasileira. Mas ainda estamos no zero, desenvolvendo o roteiro. Só depois vamos definir o formato." Vai ser mais uma franquia da telinha para os palcos.
Serviço
Charlie e Lola, Peça
Quando: até 1º de novembro; sábados e domingos, 11h e 16h
Quando: até 1º de novembro; sábados e domingos, 11h e 16h
Onde: Teatro das Artes - Shopping Eldorado (Av. Rebouças, 3.970, Cerqueira César)
Tel. (11) 3034-0075
Quanto: R$ 50 (R$ 25 na meia-entrada)
Classificação: livre (recomendado para crianças de 3 a 9 anos)
* texto de lúcia valentim rodrigues, publicado originalmente no site da folha de s.paulo
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