O que você faria com US$ 150 milhões? É tanto dinheiro que nem dá pra imaginar. Em Hollywood, um montante como esse nas mãos corretas sempre pode render um bom filme. Infelizmente, não é o caso de A Bússola de Ouro. Arrastado, sem ritmo algum, o filme serve somente como um megalomaníaco desfile de caprichados efeitos especiais que não serve para manter o espectador totalmente desperto durante os 113 minutos de projeção.A história gira em torno da órfã Lyra (Dakota Blue Richards), que mora com seu tio, Lorde Asriel (Daniel Craig), numa universidade em Oxford (Inglaterra). Detalhe é que essa Oxford na qual os personagens vivem fica num mundo paralelo, onde as almas das pessoas são personificadas nos dimons - animais que andam ao lado de seus "donos" -, a população vive oprimida e suprimida da verdade e a existência de uma bússola capaz de apontá-la aos capazes de lê-la não é um absurdo, mas sim parte de uma profecia.
Quando seu amigo Roger (Ben Walker) desaparece, Lyra toma contato com esse mundo mágico e perigoso que a cerca, embarcando numa aventura nos confins do norte do planeta.A Bússola de Ouro é baseado no primeiro livro da trilogia fantástica Fronteiras do Universo, escrita por Philip Pullman, completada por A Faca Sutil e A Luneta Âmbar.
O mundo mágico criado pelo autor é reproduzido na tela por meio de efeitos especiais avançados, que tornam quase que palpável o imaginado na literatura. A direção de arte e o figurino são grandiosos e luxuosos. Ou seja, visualmente, A Bússola de Ouro é muito bem trabalhado.
Nesse sentido, o filme funciona. No entanto, falta ritmo. Como qualquer obra fantástica do naipe da escrita por Pullman, há muitas referências e personagens a serem apresentados. Ao mesmo tempo em que esses elementos são detalhados quase que didaticamente, são introduzidos de forma confusa. Ou seja, as explicações ficam perdidas na narrativa. Ao mesmo tempo, o diretor Chris Weitz não é capaz de dar o ritmo necessário para envolver o espectador plenamente na aventura.
A história também não traz muito de novo, com toques de Star Wars (saga iniciada em 1977) a História sem Fim (1984). O roteiro, fraco, não chega a conclusões. O filme simplesmente não tem final; o que daria margem às continuações - afinal, é baseado numa trilogia - só faz com que o espectador saia com a sensação de ter visto um longa cuja trama simplesmente não foi finalizada.
A estreante Dakota Blue Richards, que conseguiu o papel ao disputá-lo com dez mil garotas, segura bem a responsabilidade de conduzir o espectador pela trama. Ela tem carisma o suficiente para dar vida à personagem principal do longa, contracenando bem com os colegas de set mais experientes, como Daniel Craig - totalmente apagado ao ter papel secundário na história - e a sedutora vilã Nicole Kidman.
Apesar de acertar em dois importantes elementos, efeitos especiais e uma protagonista carismática, é fato que esse tipo de produção precisa de um fôlego novo ao sair das páginas dos livros. É uma tendência atual entre superproduções hollywoodianas levar às telas sagas épicas da literatura, mas a mesmice com a qual elas são tratadas ao virarem filmes cansa.
A Bússola de Ouro é mais um exemplo de que nem sempre os épicos fantasiosos são capazes de seduzir os espectadores em peso. Diferentemente do que ocorreu com o fenômeno O Senhor dos Anéis, que faturou bilhões de dólares, A Bússola de Ouro estreou nos EUA arrecadando pouco mais de US$ 25 milhões, sinalizando que este investimento pode não trazer lucro à New Line, produtora deste longa e de O Senhor dos Anéis.
Exibição: dia 18, sábado, 21h, HBO
Classificação: 10 anos
(angélica bito)
* texto da amiga jornalista angélica bito - de quem aprecio muito o trabalho, publicado originalmente no site cineclick (um endereço bacana que traz críticas, novidades e informações sobre o universo cinematográfico)



2 comentários:
Um livro tão bom , virou uma adaptação mediocre em relação ao livro.Não souberam utilizar o universo de Philip Pullman. Uma grande pena ,talves pra quem não leu o livro ou não seja tão exigente , mas vale pelos os efeito especias e 3D.
Gravação, com toda certeza, medíocre em relação ao livro que possui detalhes fantásticos que não foram bem aproveitados pelo diretor cinematográfico. pena...
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