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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Estreia: Phineas e Ferb - Através da Segunda Dimensão

Em seu primeiro longa-metragem, os irmãos mais queridos da telinha vivem grandes aventuras e fazem muitas descobertas. Em Phineas e Ferb: Através da Segunda Dimensão, os garotos finalmente descobrem que Perry, seu bicho de estimação, é na verdade um grande agente secreto. Juntos, eles caem em um universo paralelo e encontram uma versão ainda mais malvada do Dr. Doofenshmirtz. Enquanto isso, Candace tenta equilibrar sua vida com seus amigos e namorado.

Phineas e Ferb: Através da Segunda Dimensão
estreia em versão legendada na segunda-feira, 09 de janeiro, às 13h55, no Telecine Premium. A versão dublada você confere na sexta, dia 20, às 18h15, noTelecine Pipoca. Confira abaixo uma entrevista com os criadores da série (Jeff “Swampy” Marsh e Dan Povenmire), publicada originalmente no site da revista Recreio.

Por que o segredo de Perry tinha de ser revelado em Phineas e Ferb Através da 2ª Dimensão?

Jeff:
Tínhamos a sensação de que devíamos contar uma grande história e que esta era a maior história para Phineas e Ferb.


Dan: Sim, íamos realizar um filme, queríamos contar com uma trama que realmente fosse importante e causasse impacto em nossos personagens.


Foi difícil criar uma história bem mais longa, para um filme? Normalmente, os episódios da série são curtos.
Jeff: Bom, realmente sim. Tínhamos um grupo de pessoas destinadas a criar histórias pequenas. Precisamos coordenar um monte de artistas, porque fizemos este filme da mesma maneira que fazemos a série: sem um roteiro completo, mais com uma ideia ou um resumo. Um resumo bem detalhado, mas não passava de um resumo. E devemos ter um grupo de diferentes equipes trabalhando e fazendo a sua parte. Mas, no final, juntar todas essas equipes foi um processo difícil, especialmente pensando no fato de que realizamos esse filme em um ano e meio. Geralmente, os longas levam de quatro a cinco anos para serem realizados.

Do que vocês mais gostavam de fazer quando eram crianças? Como curtiam o verão? Dan: Eu cresci em Mobile, Alabama, e atrás da nossa casa tinha uma floresta enorme. Do outro lado também tinha uma floresta e um enorme buraco no chão, de barro vermelho, do tamanho de um centro comercial e de uns 6 metros de profundidade. Era como ter um pequeno ‘Grand Canyon’, onde todas as crianças do pedaço brincavam, andávamos de bicicleta e curtíamos nossas aventuras. Também construíamos casas nas árvores e fortalezas. Gostávamos de saltar com as bicicletas e fazer piruetas porque naquela época Evel Knievel (um popular motociclista e acrobata) era bastante famoso. Brincávamos ao ar livre todos os dias. Íamos para casa almoçar e saíamos novamente. Era uma área tão segura a ponto dos nossos pais permitirem que adentrássemos na floresta. Realmente víamos coisas incríveis por lá.

Jeff: Meus pais me apoiavam em todas as loucuras que desejava fazer, por exemplo, grandes musicais. Lembro que morávamos em um apartamento e eu tinha convencido todas as crianças do prédio a fazer uma apresentação de Jesus Cristo Superstar. Fazíamos filmes e, como eu sempre tinha acesso às ferramentas da garagem, também criávamos pequenos carros de corrida e modificávamos nossas bicicletas. Eu me divertia bastante fazendo tudo isso e tinha total apoio da minha família. Lembro que uma vez falei para minha mãe: “Quando crescer quero ser um super-herói”. E ela me respondeu: “Posso fazer seu traje? Vai precisar de uma capa? No que posso te ajudar?” Esse tipo de apoio é incrível.

De que tipo de quadrinhos e filmes vocês gostam? Acham que eles influenciaram no filme?


Jeff:
Ah, com certeza somos frutos de Guerra nas Estrelas. E do humor, comédias e aventuras de ação com as quais crescemos. Quando começamos, Dan e eu tínhamos influências dos desenhos animados do Pernalonga e de Alceu e Dentinho. E da saga de Guerra nas Estrelas. Em termos de comédia, Woody Allen, além de algumas cenas de comédias musicais que nós dois adoramos.


Dan: Eu mencionaria também: Monty Python, Guerra nas Estrelas, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, Tubarão.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Gato de Botas em terras brasileiras

Você já deve ter ouvido e lido por aí que os atores Antonio Banderas e Salma Hayek fizeram uma passagem pelo Brasil para lançar o filme O Gato de Botas (que estreia no dia 09 de dezembro).

Ao lado do diretor Chris Miller e o produtor Jeffrey Katzenberg, a dupla recebeu a imprensa no dia 18 de novembro, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, para coletiva e também entrevistas em mesas rodondas. E "euzinha" estava presente nos dois eventos! Abaixo os melhores momentos das entrevistas.
Enjoy!

Antonio Banderas sobre o Gato de Botas - Ele era um personagem que era pequeno quando apareceu no segundo filme do Shrek, e acabou se destacando. É uma figura da qual gosto muito. Ele é multicolorido, com várias facetas, meio canalha e sem vergonha. Também foi uma escolha interessante dar ao Gato uma voz que não se encaixa em sua imagem frágil.

Antonio Banderas sobre sua maior aventura - Sair de meu país, a Espanha, e, aos 30 anos, tentar carreira de ator nos Estados Unidos. Eu não falava bem inglês e entendia muito pouco sobre a cultura daquele país. Naquela época, eram poucos os atores que conseguiam se dar bem por lá. Mas eu encarei este sonho e hoje aqui estou fazendo este fantástico personagem que é o Gato de Botas.

Antonio Banderas sobre sua relação com gatos
- Tenho quatro gatos em casa. E eles são muito bonitos, gostamos bastante deles!

Salma Hayek sobre seus personagens favoritos quando criança
- Em cada momento, foi diferente. O que mais me pegou foi o Bambi, por causa da morte de sua mãe. Pinoquio me assustava muito por causa daquela história da mentira. E por muito tempo fiquei esperando pelo meu príncipe encantado!

Chris Miller sobre a produção do filme - Optamos por deixar de lado a origem verdadeira do protagonista e criar uma história completamente diferente. Quando vimos que tínhamos uma versão contemporânea do personagem, percebemos que poderíamos nos liberar. Ele (o Gato) é perfeito para o formato 3D, pois é pequeno e tem essa personalidade imponente. Conseguimos ver o mundo pelos seus olhos. Criamos uma trama que funciona também em 2D, mas fica muito melhor no novo formato.

Antonio Banderas sobre a voz do Gato
- O normal seria ter uma voz condizente com o tamanho do personagem, mas nós fomos na direção oposta, criando uma voz profunda, grandiosa. Depois fomos atrás da criação do personagem. O personagem foi crescendo, participou dos filmes 2, 3 e 4 da série Shrek e agora estamos aqui, com o filme solo. E já penso numa continuação.

Jeffrey Katzemberg sobre o cinema 3D - O mercado de 3D cresceu muito nos últimos 3 anos e teve saltos com Avatar e Como Treinar seu Dragão e também sofreu quando viu filmes não tão bons, que afugentaram o público, que não gostou da ideia de pagar a mais por eles. Parece que Hollywood aprendeu a lição e está fazendo filmes que realmente valham a pena. Recebemos muitos elogios com o Gato de Botas e hoje em dia você vê ainda cineastas como Spielberg e Scorsese fazendo trabalhos usando o 3D. O mercado brasileiro tem muito espaço para crescer. Temos aqui 450 salas contra 4 mil salas nos Estados Unidos. O futuro para o público que gosta de cinema no Brasil é espetacular. Sabemos da importância do Brasil, por isso estamos aqui.

Banderas sobre a dublagem em outros idiomas
- Além da versão original em inglês, também gravei uma versão em espanhol e uma em italiano. Mas não me atrevi a fazer a versão em português. Adoro a língua, mas não tenho ainda como me aventurar por aí.

Salma Hayek sobre a dublagem -Também dublei para o espanhol e o italiano. A próxima vez faremos a dublagem em português e os gatos vão sambar. O filme é parecido com a vida real, porque nele a gata sai para salvar o macho, tal qual acontece normalmente na vida real.

Antonio Banderas sobre seus novos trabalhos - O cinema proporciona estilos e formas diferentes. Gato de Botas é divertido e tem muito brilho. Depois, vamos para A Pele que Habito [parceria com Pedro Almodóvar], que é escuro, denso. Como ator, o que mais gosto é achar esses personagens. Filmes são arte. São criação de algo. É a possibilidade de ser deus, como disse Almodóvar uma vez.

Salma Hayek sobre dublagem
- Prefiro ver os filmes no seu som original, com legendas. É difícil superar a interpretação original. Mesmo com as animações. Quando gravamos a voz original, estamos criando os personagens. Tudo é gravado com câmeras, onde são captados os maneirismos e tudo mais. Já quando dublamos, temos que nos preocupar em fazer as falas caberem nos movimentos dos lábios e ali alguma coisa sempre se perde.

Antonio Banderas sobre a importância do Gato - Talvez as pessoas possam pensar que o filme é uma espécie de continuação de Shrek, mas não é. Tem mais de Sam Peckinpah e Sergio Leone do que uma continuaçao de Shrek. E eu considero o Gato de Botas um personagem importante na minha carreira, pois foi justamente o sucesso dele na franquia Shrek que fez com que o felino ganhasse um filme próprio. Talvez as pessoas possam pensar que o filme é uma espécie de continuação de Shrek, mas não é. O Gato tem sua própria personalidade e potencial e o filme é novo, diferente e tem segue seu próprio caminho.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Julie e os Fantasmas na televisão

Como muitas meninas de sua idade, Julie (Mariana Lessa) adoraria ser cantora. E ela até tem talento. O problema é que sua timidez e sua insegurança a impedem de realizar seu grande sonho. Um pouco de magia e uma colaboração extra direto do além vão ajudar a garota a encarar seus medos na nova série brasileira Julie e os Fantasmas (exibida nos canais Nickelodeon, todas as quintas, 19h30; e na Band, todas as segundas, às 20h25).

Tudo começa quando Julie tem uma crise de pânico em sua primeira apresentação. Ela perdeu a voz no palco na frente de todos os alunos de seu colégio.


Cheia de vergonha, ela se tranca e em seu quarto e encontra um antigo disco de uma banda que nunca ouviu falar. Ao tocar o tal disco, ela liberta os fantasmas desse grupo que foram presos lá por meio de um feitiço. A partir daí, sua vida muda totalmente.


Confira abaixo uma entrevista que fiz com a atriz Mariana Lessa para a Revista Recreio. Mari, como gosta de ser chamada, teve de passar por nada mais que seis testes para conseguir o papel. E deu certo!

A Julie é seu primeiro papel principal?

Sim e estou adorando interpretá-la.


Você já trabalhava como atriz antes de fazer o seriado?

Eu atuo desde que nasci! Meus pais são atores e sempre me incentivaram bastante. Ainda bebê eu participava em novelas no colo dos meus pais e depois comecei a fazer comerciais para a televisão.


Então, ser atriz sempre foi um sonho?
Sim. Nunca me imaginei fazendo qualquer outra coisa...


Sua personagem canta numa banda. Você também é cantora?

Não. Antes da série, eu só no chuveiro!


Você fez aulas de música e canto?

Eu já tocava violão antes da série. Quando soube que passei nos testes, comecei a fazer aulas de canto para poder interpretar melhor a personagem.


Você se acha parecida com a sua personagem?
Como a Julie, eu gosto muito de música e não ligo para o que os outros falam. Também sou bem moleca e nunca fui aquele tipo de menina que usa salto e essas coisas. Gosto mesmo de usar tênis, de subir em árvores... Enfim, me divertir!


E qual o gênero de música que você mais gosta?
Gosto de todo tipo de música, desde sertanejo até rock e pop.


Na série, canta com uma banda de fantasmas... Você tem medo de fantasmas?

Definitivamente, não! Imagina ter medo dos meus próprios amigos.

* texto publicado originalmente na revista recreio, edição 606

terça-feira, 19 de julho de 2011

Mais uma animação nacional a caminho

Cuca é um menino que vive num mundo distante, numa pequena aldeia no interior de seu mítico país. Certo dia, ele vê seu pai partir em busca de trabalho, embarcando num trem rumo à desconhecida capital.

As semanas que se seguem são de angústia e lembranças confusas. Até que, numa determinada noite, uma lufada de vento arromba a janela do quarto e carrega o menino para um lugar distante e mágico.


Essa é a premissa de
Cuca no Jardim, novo longa de animação do diretor e animador Alê Abreu (o mesmo de Garoto Cósmico). Produzido por Filme de Papel, o animado ainda está em fase de produção, mas promete bastante!

Cuca no Jardim tem previsão de estreia nos cinemas nacionais em 2013. Confira abaixo uma entrevista com o diretor cedida pelo pessoal do Planeta Tela e mais informações no site oficial do filme.


Como será seu novo longa de animação, Cuca no Jardim?

Cuca no Jardim
conta a história de um menino de 5 anos que vive com seus pais num pequeno vilarejo. Certo dia, ele vê seu pai embarcar num trem rumo à cidade, mas o tempo passa sem que ele volte para casa. Angustiado pela espera, Cuca parte em busca de seu pai numa jornada de surpreendentes revelações sobre o mundo à sua volta. De certa forma, o desenho será um mergulho no território das percepções de mundo de um menino especial, durante sua jornada em busca do pai e da união de sua família, no descuidado jardim de sua casa. O espaço percorrido pelo personagem é um campo de lembranças e de sensações da infância que influenciaram diretamente o estilo gráfico da animação. Cuca movimenta-se numa geografia etérea e fragmentada, sem tempo nem espaço precisos. Uma espécie de Eldorado de Terra em Transe.

Como surgiu a idéia?

Cuca
surgiu em 2006, durante o período de finalização de Garoto Cósmico e, simultaneamente, ao desenvolvimento de projeto do anima-doc Canto Latino. Em 2006, um edital do PAC nos direcionou a trabalhar no desenvolvimento do projeto de Canto Latino, um anima-doc (mistura de animação com documentário) abordando diversos períodos da conturbada história do continente sob a ótica das músicas de protesto dos anos 70. O projeto, iniciado no período final da produção de Garoto Cósmico, me levou a uma apaixonada pesquisa sobre o tema. Além dos livros e das músicas, mochila nas costas e muitos cadernos de anotações. Entre anotações e pensamentos de Canto Latino, surgiu a figura de um menino, que na mesma hora chamei de Cuca. O desenho se destacava dos demais pela simplificação extrema dos traços e parecia acenar para mim. Mais do que o próprio personagem, o desejo daquela idéia de desenho, algo entre o rigor da geometria e a liberdade do gesto, foi crescendo e sobrepondo-se ao projeto de “Canto Latino”. Dessa forma, Cuca ganhava um contexto, uma situação já bem construída como pano de fundo, seu Jardim. Restava encontrar naquele universo a sua história.

E como nasceu esta história, o roteiro?

Escrevi um primeiro argumento muito livremente, costurando idéias soltas: Cuca levado pelo vento, o encontro do menino com um velho, a partida do pai, mistério numa fábrica abandonada etc. Mas sempre incorporadas ao pano de fundo, que era a situação apresentada em
Canto Latino, e buscando encontrar ali uma linha que os unisse numa história. Quanto ao roteiro, não houve bem essa etapa, pelo menos da forma que estamos acostumados a entendê-la. Com o argumento em mãos, fui construindo o filme diretamente na ilha de edição, já em forma de audiovisual, criando um novo animatic. Esse processo levou pouco mais de um ano de trabalho. Fazia anotações, esboços num caderno de rascunho e, depois, transformava essas idéias em pequenos trechos de história, que eram incorporados ao bloco do filme. Ao mesmo tempo, experimentava sons e trechos de músicas como referência e já brincava com a própria montagem. Penso que talvez por isso o filme tenha se resolvido praticamente sem diálogos.

Podemos esperar algo bem diferente de
Garoto Cósmico?
Veja, todo o processo do filme se iniciou com as primeiras sugestões do argumento, mas principalmente com os primeiros esboços do personagem Cuca, já direcionando meu desenho pós
-Garoto Cósmico para um outro tipo de estilização mais lírica, e caminhando em direção a abstração geométrica. Os personagens em Cuca no Jardim são seres inventados, geométricos, de um mundo paralelo e imaginário. Busquei um desenho solto e espontâneo, como o gesto de uma criança, procurando recuperar aquele prazer despretensioso, quase primitivo, que se tem ao desenhar na infância, onde mora o puro amor ao desenho, livre de cânones, dogmas, ou mesmo do auto-julgamento.

Esta alma infantil está bastante presente nas primeiras imagens do filme que estão sendo divulgadas.

Com certeza é bem visível. Mas não é uma questão de estilo e, sim, da maneira de se entregar ao trabalho. Não tentei imitar os desenhos das crianças mas sim o jeito despretensioso e livre de faze-los. Em Cuca no Jardim, os desenhos da animação são feitos diretamente com lápis coloridos, giz de cera, pastel e canetinhas, não havendo dessa forma separação entre desenho e pintura na hora da produção. Na parte inicial do filme, usaremos unicamente esse tratamento de lápis e papel. Já na segunda parte um novo componente será agregado à sua linguagem. A partir do momento em que Cuca se aproxima da cidade e da “civilização”, usaremos colagens de recortes de jornais e revistas formando objetos, roupas, construções ou até mesmo detalhes engraçados dos personagens (um nariz, seios ou coxas de recorte fotográfico) etc. Os barracos da favela, por exemplo, são construídos com recortes de anúncios publicitários e revistas de fofoca.


Como você vê, atualmente, os longas de animação que chegam ao nosso mercado?
Nos últimos anos, temos visto uma padronização de estilo e técnica dos longas de animações, principalmente dramatúrgica. Por uma tentativa de adequação ao que se imagina ser a expectativa do público, os animados parecem todos iguais, com raras exceções. Com o desenvolvimento da computação gráfica e a nova linguagem do 3D, a animação chegou num tal grau de excelência técnica e apuro visual que mesmo caricatural, praticamente não a distinguimos mais de um filme de atores. Os personagens obedecem realisticamente às forças da natureza, em enquadramentos e ângulos de câmera que procuram imitar os filmes ao vivo e circulam num universo realista com pouquíssimo espaço para o novo. Nesse caminho, em alguns anos, não será mais possível distinguir um filme de animação do mais tradicional filme live-action. Já não há mais espaço para o pensamento artístico, para a pesquisa estética, e elementos importantes que a animação alcançava a partir de suas linguagens que são portas para um mundo lírico e abstrato. O fato de produzirmos Cuca de maneira muito independente, nos possibilita uma importante liberdade neste sentido.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Estreia: Cocoricó

Não há quem resista à simpatia do menino Júlio e de sua turma: o cavalo Alípio, a vaca Mimosa, os papagaios Caco e Kiko, as galinhas Lola, Zazá e Lilica, porquinho Astolfo, o pato Torquato, o papagaio Caco e o primo João. Eles são as estrelas de Cocoricó, um dos programas infantis mais cultuados pela criançada e exibido na TV Cultura desde 1996. Ele acompanha as aventuras e as descobertas dessa turminha tanto na Fazenda Cocoricó como na cidade grande. Juntos eles aprendem sobre natureza, higiene, amizade e até matemática.

Em homenagem aos 15 anos do programa, Cocoricó ganhou 26 episódios inéditos, com direito a clipes musicais e muitas aventuras. A partir de 02 de maio, segunda, às 20h15, na TV Rá Tim Bum, Júlio e sua turma decidem curtir um pouquinho mais os amigos e as brincadeiras da cidade grande.

A turminha continua hospedada no apartamento do primo João, que mora com seus pais, Dora e Noel, e seu irmão Rodolfinho. Ao redor do edifício, que tem como porteiro Dorivaldo, há um beco, onde acontecem muitas brincadeiras. Inúmeras figuras integram esta nova safra, que, apesar de se passar na metrópole, também conta com cenas do campo. Afinal, Júlio não esquece um instante dos amigos que ficaram na Fazenda, além de sua Avó e seu Avô. A galinha Lola, o porquinho Astolfo, a indiazinha Oriba, o papagaio Caco, o morceguinho Toquinho, o Pato Torquato, a Pata Viva, o Sapo Martelo, o Rato Roto, o cãozinho Esfarrapado, Dito e Feito são apenas algumas dos personagens que participam das histórias.

Inclusão social é um dos temas em pauta do Cocoricó na cidade. Para abordar o assunto, a série conta com a participação especial do personagem Mauro, que é deficiente visual. Amigo de Júlio, o menino mora na fazenda vizinha ao Paiol e visita seus amigos na metrópole. Mauro aproveita para brincar e jogar bola com a turma.

Na época em que os novos episódios estavam sendo filmados, em nome da Revista Recreio, invadi o estúdio de gravação e conversei com o diretor e bonequeiro Fernando Gomes. Aqui vai um resuminho do nosso bate-papo (que foi publicado na edição 576).

Qual será a história da nova temporada do programa?
Ela será uma continuidade da temporada anterior e terá 26 episódios. O Júlio ainda está na cidade, passando o final das férias. Ele agora vai descobrir novos elementos por lá, coisas que nunca viu por morar no campo. Por exemplo, se tudo der certo, a Lilica vai participar de uma olimpíada do bairro e vai pular em uma piscina de mergulho, daquelas com 7 metros de altura!

O Cocoricó existe há 15 anos. O que mudo de lá para cá?
Principalmente os personagens. Ao longo desses anos, o Júlio ganhou muitos amigos. No começo, o núcleo do Cocoricó era formado somente por Julio, as três galinhas (Zazá, Lola e Lilica), o Alípio, dois papagaios (Kiko e Caco) e a vaca Mimosa. Depois, novos personagens começaram a entrar na história, como o morcego Toquinho e a indiazinha Oliba. Outros também foram sumindo dos roteiros, como o Galo Galileu e o tio do Caco. Eles ainda são citados no programa, mas não aparecem mais. Costumamos brincar que viajaram pelo mundo.

Quantas pessoas fazem parte da equipe?
Envolvendo equipe, iluminador, pessoal de áudio, contra-regra, cenógrafos, bonequeiros... é muita gente. A equipe interna varia de 20 a 25 pessoas por dia de gravação, no mínimo. Isso para uma gravação simples. Quando uma gravação é mais complexa, precisamos de mais gente. Por exemplo, quando filmamos com fogo – todo fogo e água que aparece no Cocoricó é de verdade -, chamamos uma equipe de bombeiros para acompanhar as gravações. Então, a equipe varia de acordo com a necessidade. Há ainda 11 bonequeiros, que se revezam para manipular e fazer as vozes dos personagens.

Então, são os próprios manipuladores que dão voz e vida aos bonecos?
Tanto o Cocoricó quanto todos os outros programas de bonecos da TV Cultura sempre tiveram a mesma filosofia: o manipulador que dá vida ao boneco, dá a voz e faz o som ao vivo dentro do estúdio. Em todas as cenas, é o próprio manipulador que está falando texto naquele exato momento, não é dublagem. Só os clipes musicais são gravados sem voz. Primeiro, gravamos as canções em estúdio com os próprios manipuladores e na hora da filmagem, eles mesmos “dublam”.

Quais foram as coisas mais malucas que vocês fizeram para dar vida a uma cena?
Tem muitas! Gravamos uma vez um clipe na temporada da Fazenda chamado Iara, em que as crianças querem pescar no rio para encontrar uma Iara, a sereia do rio. E a Zazá fica preocupada com a frustração que pode acontecer se elas não encontrarem a Iara. Ela se veste de sereia e, quando eles voltam do rio, encontram no paiol a Zazá disfarçada de sereia. Enquanto ela canta, eles imaginam ela no rio. Filmamos a cena do rio em uma piscina de uma escola de mergulho. Enfeitamos a piscina com vegetação de fundo de rio, o manipulador tinha que ter curso de mergulho, ele entrou com cilindro e o cinegrafista também, com muito peso para ficarem submersos. E ficou muito legal!

Vocês usam muita computação gráfica?
O Cocoricó quase não tem efeito nenhum. Quando existem, são sempre muito simples e caseiros. Preferimos as coisas mais reais. Usamos água de verdade, fogo de verdade!

E os bonecos, não estragam com tanta realidade?
Sim. Aquela cena da Iara, quando a colocamos a Zazá na água, no começo estava tudo bem. Mas, como os bonecos são feitos de espuma, eles vão inchando, ficando moles, caídos... Quando acabou a gravação, tiramos ela de dentro da água. Dei uma apertadinha e colocamos para secar. No terceiro dia, a cabeça estava seca, mais embaixo ficou bem molhado. E ficou secando mais de uma semana... Aí, começa a ficar sem cor, desfigurado... e não teve jeito! Tive de fazer outra porque aquela nunca mais voltou!

Como você começou a criar bonecos?
Aconteceu na época do Bambalalão, quando tinha feito meu primeiro boneco só de curiosidade. Aí, uma atriz e manipuladora do programa viu e me pediu para colocá-lo no ar. E assim foi feito. Os outros maninpuladores adoraram o meu boneco e começaram a me ligar, pedindo bonecos. E fui fazendo, demorava bastante... Hoje faço um boneco em menos de uma semana.


E como nasceu o Julio e o Cocoricó?
O Julio apareceu pela primeira vez em um especial de Natal, em 1989, chamado Um Banho de Aventura. Depois disso, ele ficou desempregado até que chamaram ele para estrelar o novo programa, o Cocoricó. Como o Julio foi escalado, o Fernando veio junto! E deu tudo que deu até hoje! Hoje, além de manipular os bonecos, também dirijo o programa.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Entrevista: Mariana Caltabiano

Mesclando personagens animados com cenas reais, Brasil Animado chegou às telas de cinema com pioneirismo: inaugurar no Brasil a tecnologia 3D. O longa-metragem acompanha a dupla Stress e Relax em busca do "grande jequitibá rosa", a árvore mais antiga e rara do Brasil. A diretora Mariana Caltabiano, responsável pelo site IGuinho e criadora dos personagens e da série animada Gui & Estopa, nem sempre se dedicou ao cinema. Antes, ela trabalhava como publicitária desenvolvendo comerciais para a televisão. Também escreveu muitos livros infantis como A Arca de Ninguém, Tampinha Tira os Óculos e O Mistério da Casa Hope até virar diretora de desenhos. Nesta entrevista que Mariana condeceu "à minha pessoa" para o site da revista Recreio, ela conta um pouco sobre o 3D, o filme em si e sua carreira.

Como surgiu a idéia de Brasil Animado?
Eu sempre tive vontade de conhecer o Brasil e imaginei que seria muito divertido fazer isso na companhia de dois personagens hilários como o Stress e o Relax.

O animado se passa em diversas cidades do país. Vocês foram visitar todos esses locais para filmar?
Sim. Foi uma verdadeira loucura. Imagina viajar por todo o Brasil em apenas 40 dias. Foi um pouco cansativo, mas a gente faria tudo de novo!

Você inaugurou a tecnologia 3D no Brasil.Como foi e está sendo essa experiência?
Fantástica! Eu aprendi muito e me surpreendi quando descobri que eu poderia ver as imagens em 3D no próprio set, usando um monitor e um óculos especial.

Brasil Animado mescla técnicas 3D, animação tradicional e live action. O que a levou misturar cenas reais com o imaginário?
Eu já tinha usado essa linguagem na série Gui, Estopa & a Natureza, exibida pelo Cartoon Network. O público gostou muito da mistura, muitas pessoas pediram mais desenhos com essa mescla.

De onde surgiram os personagens Stress e Relax?
Stress e Relax surgiram no longa As Aventuras de Gui & Estopa. Neste filme, eles mostravam como é feito um desenho animado, desde a ideia até o lançamento nas salas de cinema. A parte mais divertida é que eles não tinham noção de como fazer uma animação e acabaram descobrindo no desenrolar da história.

Você acredita que o Brasil tem potencial para desenvolver mais filmes de animação? Qual seria o principal desafio?
Acredito. O principal desafio ainda é conseguir dinheiro para produzir os filmes.

Você começou carreira em publicidade, migrou para livros infantis e agora para animações. Como foi essa transição?
Eu trabalhava em publicidade, mas vivia assistindo a desenhos animados, lendo quadrinhos e visitando lojas de brinquedos. Comecei a imaginar como devia ser bom trabalhar nessa área. Tive a ideia de escrever um livro, baseado em um reino todo feito de comida, que eu costumava desenhar quando era criança. O livro Jujubalândia virou série de TV, site e peça de teatro. Depois disso, criei a Turma da Garrafinha para a TV Globo e não parei mais. A animação começou quando criei o portal IGuinho. Começamos com jogos, depois fizemos quadrinhos animados e mais tarde produzimos As Aventuras de Gui & Estopa.

No campo da animação, como você vê o cenário hoje? Há espaço e possibilidades para quem quer atuar nesse ramo?
O cenário hoje é muito melhor do que quando não existiam os computadores e a internet. Hoje já é possível começar fazendo animação em casa e exibindo na internet. Se os personagens forem bons, eles podem ganhar uma série para a TV, como foi o caso de Gui & Estopa.

Como é fazer desenho para crianças?
É muito bom. Principalmente porque tenho a ajuda da minha filha Isabela, de 11 anos, e do meu filho Felipe, de 8 anos. A gente dá muita risada pensando nas aventuras da turma do Gui.

Por falar em Gui e Estopa, você também faz a voz do personagem Gui...
Eu estava tentando mostrar para o dublador como eu imaginava a voz do Gui. Ele achou o resultado muito legal e sugeriu que eu mesma dublasse.

Qual é a sua inspiração na hora de criar personagens? E a história?
Minha inspiração são minhas memórias de infância, meus filhos e as crianças de modo geral. Sou muito observadora. Para mim, os personagens sempre nascem antes das histórias, depois eles vão me contando como a história é.

Quais seus longas de animação preferidos?
Ratatouille, A Era do Gelo 3, Up! Altas Aventuras e Toy Story 3.

E na televisão, que desenho você curte?
Pica-Pau, Pernalonga, Os Simpsons e Bob Esponja.

Algum novo projeto em vista, tanto na área de animação como na de literatura?
Estamos produzindo o Zuzubalândia 3D, que fica pronto em 2012.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Criança & TV: Preconceito contra a TV

Professor da UNA, vice-presidente da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), mestre em educação e doutor em educação, o jornalista Cláudio Márcio Magalhães, 42, realizou em sua dissertação de mestrado curiosa pesquisa partindo da premissa de que os programas voltados para criança no Brasil, seja nas emissoras educativas ou nas comerciais, não se baseiam em teorias pedagógicas, mas em paradigmas que, por sua vez, são fruto de preconceitos.

“Minha primeira idéia foi de desconstruir três desses preconceitos sobre programas para crianças. O primeiro é o de que TV comercial é do mau e a TV educativa é do bem. O segundo, que a emissora educativa não pode ter qualquer interferência comercial, ou vão se macular a filosofia e a missão da instituição. E o terceiro vem da constatação que, como os programas educativos se auto-intitulam como tal, a exemplo do Telecurso e Globo Ciência, supõe-se que os demais programas não o são. Com tantas limitações, restringe-se a discussão sobre a programação infantil a uma polaridade, a um maniqueísmo do que é ou não educativo”, diz o autor, que reuniu suas anotações no livro Os Programas Infantis na TV – Teoria e Prática para Entender a Televisão Feita para Crianças, lançado pela editora Autêntica.

Mantenedor do Instituto Acompanhar, de apoio a crianças em idade escolar, e ex-dirigente da TV Uni-BH Inconfidentes, em Ouro Preto, e da TV Cultura de Itabira, Magalhães conversou com a reportagem sobre sua pesquisa.

Gostaria que o senhor definisse o termo “programa educativo”.
Um programa é educativo por sua capacidade complexa de interagir com seu público, despertando-lhe a reflexão e o sentido, trazendo novos conhecimentos acionados ao seu cotidiano, produzindo experiências interdisciplinares e extemporâneas. Reforça a aprendizagem formal e contribui para uma formação pessoal sintonizada com o contexto social em que programas e público estão inseridos. Ou seja, programa educativo é aquele que faz com que o telespectador se aprimore, independente de estar na emissora privada ou educativa, de ter ou não comerciais. Daí a quebra de paradigmas do livro. O programa educativo deve ser pensado não a partir de suas intenções, mas a partir da interação com as pessoas que o assistem. Pode que um Castelo Rá-Tim-Bum, produzido por pessoas que entendem de educação, tenha potencialidade de ser mais educativo do que outro que visa exclusivamente o entretenimento, mas é prepotência de quem faz pensar que vai ter com certeza o resultado almejado.

Como foi a evolução histórica dessa programação educativa?
Esses programas no Brasil começaram do mesmo estilo dos que havia no rádio, como o Circo do Carequinha. E, na realidade, os infantis surgiram assim, baseados no circo, em que há um apresentador que agrega atenção, seja ele um palhaço ou uma loura, e chama várias outras atrações. Essa ideia de oferecer à criança alguém que apresente as atrações não vem da invenção da Xuxa, mas do circo. A TV só reproduziu isso. Com o tempo, as outras atividades pedagógicas também foram se aprimorando e surgiram os programas com núcleo dramático, como Vila Sésamo, com uma proposta construtivista e o uso de bonecos e da repetição. Nesse momento, os programas ainda não tinham uma 'consciência educativa’. Então, temos duas categorias evoluindo: de um lado, há os programas de auditório, que vêm do circo e são mais fáceis de produzir e lucrativos para a emissora; de outro lado, os de núcleo dramático, mas com vários quadros e a idéia de que deve haver variedade, ser uma revista colorida. Se olharmos o que se fazia há 50 anos e agora, só melhorou a tecnologia, mas a TV continua oferecendo o tripé novela, jornal e seriado/auditório. Os programas infantis seguem essa tendência.

Qual o papel da TV na educação da criança?
A TV, para as crianças, assim como para a sociedade, tem papel preponderante como teria qualquer instrumento tecnológico. Mas o mais importante é a escola e a família, e temos tanta responsabilidade sobre a TV quanto na escolha da escola ou da convivência familiar das crianças. Daí o problema de se colocar a TV de lado como se tivesse de se auto-regular. As crianças hoje se apropriam do mundo através da mídia e da TV, e não há um professor que a ajude a decifrar esse mundo.

Em que teorias pedagógicas se apóiam os programas infantis das emissoras comerciais e educativas?
Não há teorias, só paradigmas. O processo desde o início se dividiu em dois. Temos o educador, que tem grande resistência à TV e a vê como vilã da educação. Por outro lado, temos os comunicadores, que olham os profissionais da educação de nariz torcido, porque acham que vão exigir muito conteúdo. Aí de alguns anos para cá houve a união entre educador e comunicador, e as pessoas repensaram essa TV. Foi quando surgiram programas como Castelo Rá-Tim-Bum, na TV Cultura. O Vila Sésamo já fazia isso, mas era uma exceção. Hoje não se imagina fazer um infantil sem chamar um educador. Mas são dois campos isolados e há falta de conhecimento dos educadores sobre o que é TV. As escolas de formação de professores não têm disciplina como mídia e educação.

No prefácio de seu livro, Gabriel Priolli escreve que ao “desmistificar” conceitos como TV e criança, o senhor enriquece um debate que peca pelo maniqueísmo. Como seria isso?
Principalmente no Brasil, quando houve desenvolvimento da TV, o modelo adotado foi o norte-americano, em que há hegemonia da TV comercial e marginalmente ficava a TV educativa. O recado é que o que assisto na TV é comercial, frugal, superficial, mandado porque os anunciantes estão pagando. Não é o lugar em que vou me educar, isso é na escola e na TV educativa ou em algum programa auto-intitulado educativo, como os Telecursos. Para fortalecer esse modelo “marginal” educativo, ele não pode ser comercializado. Educação é algo intocável, que não pode ser vendido. E comunicação é entretenimento. A contradição está no fato de ser este um modelo positivista, baseado na diferença de classes, no qual o que é pago é bom, o que não é pago é público. São paradigmas difíceis de quebrar.

Quais as incoerências entre discurso e prática, ou, melhor dizendo, por que os produtores dos títulos “educativos” negam as interferências do mercado e, ao mesmo tempo, têm de se curvar à publicidade comercial?
Devemos parar de pensar que dinheiro é algo sujo, que corrompe. Devemos pensar que o dinheiro é parceiro e aí fazermos as coisas em conjunto. As boas ONGs trabalham sob essa perspectiva, de desenvolver projetos importantes que usam tempo e profissionais de quem tem recursos. Isso é processo de negociação em que alguém tem de abrir mão. Abrir mão não significa se curvar ao capital. É claro que se o patrocinador for um pecuarista e vetar um programa que fale contra o leite, por exemplo, o produtor vai ter de procurar outro parceiro. É tudo negociação.

Você estudou dois casos “exemplares”, Castelo Rá- Tim-Bum, da TV Cultura, e TV Xuxa, da Globo. Quais as semelhanças e diferenças entre eles?
São dois modelos distintos, o de série dramática e o da apresentadora. Castelo é uma finalização, o ápice do modelo dramático dentro de uma emissora educativa, que fez a TV Cultura sair do traço de audiência e ganhar projeção nacional. Traz uma série de experimentações do núcleo dramático e provocou essa quebra de paradigmas entre educadores e comunicadores. Vem de uma sequência de bons programas que a Cultura fez, como Bambalalão e X-Tudo, que desenvolveram a capacidade de se comunicar com público de maneira lúdica e educativa. Um ápice que não se repetiu mais. O TV Xuxa da Globo também é o ápice de um modelo, que vem lá do palhaço Carequinha até o ápice das louras apresentando infantis.

A que conclusão chegou?
Chegamos à definição do que é um programa infantil. O Castelo, feito e pensado por educadores, realmente tem o potencial de ser muito mais educativo do que o TV Xuxa, mas nem sempre o será. É feito para quem já é iniciado na educação, porque nem abre nem fecha uma questão. Por exemplo, ao tratar de higiene, não há um personagem falando com o telespectador sobre a importância de tomar banho. O telespectador deve conquistar o conhecimento, chegar a essa conclusão sozinho, e isso só funciona para a criança que tem algum nível de educação e consegue fazer abstrações. Talvez a criança de algum lugar mais pobre cante a musiquinha do banho, mas não vai fazer com que isso tenha valor na vida dela, será apenas entretenimento desassociado. Nesse sentido, em alguns casos, a Xuxa olhando nos olhos e dizendo que o baixinho tem de tomar banho, a mensagem direta de uma figura carismática, será mais efetiva para esse telespectador específico.

No cerne da discussão está a relação entre educação e diversão. Qual é o ponto de equilíbrio?
Entretenimento não é pecado. A criança aprende muito mais quando está se divertindo, isso é fato e mostra o quanto uma coisa está ligada a outra. Não há esse ponto de equilíbrio, vai depender de onde a criança está inserida. Um garoto com TV paga e vários canais pode ter acesso ao conhecimento e fazer ligações com o que aprendeu na escola. Mas mesmo essa criança rica, com toda disponibilidade, pode não ter educação na TV se o pai não convive com ela na frente do aparelho, ou se eles não vão brincar juntos. Se a criança for pobre, a inversão é a mesma. A conclusão do livro é que não dá para ficar nessa dicotomia, depende de quem assiste e da interação entre o telespectador e o mundo. Infelizmente ficamos discutindo os ícones, TV e criança, enquanto o mais importante é tudo que está em volta, qual o contexto, a intenção da produção, o que a criança está fazendo na frente da TV e qual o controle da sociedade sobre a programação. É mais fácil xingar a emissora ou botar a criança como coitadinha. A solução é discutir muito o assunto e levar as conclusões para as escolas e formadores de professores, deixar de ter medo de debater a TV tanto com os profissionais quanto com as crianças.

* texto de marcelo fiuza, do jornal o tempo, publicado originalmente no site da editora autêntica

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Criança & TV: Desmistificar para educar

Em minhas andanças pela rede, encontrei esta interessante entrevista com Pedrinho Guareschi, autor do livro Sociologia Crítica, feita por Márcia Santos. O tema em pauta é a importância da TV na vida das pessoas, de seus filhos e da sociedade em geral. Além disso, discute como educadores (e acho que esse papel também cabe aos pais) devem agir para ajudar seus pimpolhos a desmistificarem a TV e a se tornarem mais críticos em relação ao que assistem. Bem, interessante. Aqui vai...

Intervalo: Em que contexto a televisão chegou ao Brasil?
Pedrinho Guareschi: Ela chegou ao Brasil em 1950 e seguiu mais ou menos o passo da nossa tradição que foi sempre ter alguém que é dono e os outros que são trabalhadores. Então, as capitanias hereditárias tinham alguns donos, depois veio a indústria com os capitães da indústria e, na década de 30, os donos de indústria passaram a ter rádio. Em 1950, os que tinham rádio passaram a ter televisão. E a TV que deveria ser um serviço público, que não tem dono, passou a ter. A TV chega em um contexto de propriedade, como continuação dos grandes latifundiários. Na atualidade, temos os latifundiários da mídia. Em cada estado e região, existe uma concentração da comunicação. Aqueles que concentram os meios de produção, das terras, das indústrias, vão ser também donos da mídia. Em 1974, os interesses estrangeiros na televisão brasileira começaram a se mostrar, principalmente na TV Globo. O dinheiro para implantar a emissora veio dos Estados Unidos, foram U$ 5 milhões, e aí esta TV despontou, enquanto as outras emissoras de TV brasileiras tinham um faturamento correspondente a cerca de R$ 300 mil. Como havia uma legislação dizendo que estrangeiros não podiam ser donos dos meios de comunicação no Brasil, a entrada de dinheiro americano não foi evidente. O nome do grupo Time Life não apareceu e, sim, o da família Marinho.

Por que a TV é considerada um meio de comunicação de massa?
Podemos dizer que o sentido mais leve disso é que a televisão está aberta a todos, é um canal aberto a todo mundo. Esse sentido é até positivo. Não se pode entender essa massa como uma população sem voz e sem vez, massificada. É preciso ter cuidado, porque não queremos transformar o povo em uma massa, mas, senão houver uma leitura crítica dos meios de comunicação, o povo será transformado em massa mesmo, afinal o formato da televisão tem esse objetivo.

Por que esse meio de comunicação exerce tanto fascínio sobre as pessoas?
Porque a televisão exibe três formas de comunicação ao mesmo tempo: som, texto e imagem, com todo o seu poder. Ela reúne essas três dimensões. E quanto mais sentidos são investidos em um meio de comunicação, ele se torna mais globalizado e totalizante.

Quais os prejuízos que a televisão pode trazer à educação?
A TV se tornou poderosa e estabelece uma relação vertical sobre as pessoas. Quando estamos conversando, você pode parar e me fazer uma pergunta. Na televisão, não, ela é a única que fala e fala sozinha. Fala com um poder fantástico de imagem, som, texto. Tudo isso exerce uma espécie de domínio, de fascínio. Mas há um aspecto mais sério, que é discutido no meu livro Mídia, Educação e Cidadania, da editora Vozes. A Inglaterra, a Suécia e a Dinamarca estão fazendo pesquisas sobre televisão e criança, relacionadas à escola, desde 1959. A conclusão a que chegaram na terceira fase, em 2002, é a de que, quanto menos televisão uma criança assiste, melhor. Isso porque, quando a criança lê histórias infantis, cria os personagens a seu modo. A cor, as formas, os movimentos, ela fantasia. Já a criança que assiste à TV, fica parada, inerte, recebe tudo ‘de mão beijada’, é só apertar o botão. Os pesquisadores concluírma que essa criança se torna apática, sem reação e esse é o grande mal da TV. Não quero generalizar, mas basta analisar o comportamento dos nossos jovens. Não existe iniciativa pra nada, vão na onda, no grito, no estímulo, não têm mais a consciência crítica para questionar. Então, o que a educação poderia fazer agora? Essa é a grande questão. A educação deve dar novamente a palavra aos educandos. Eles têm que falar, devem ser provocados. Tudo bem que se use os meios de comunicação para provocá-los, mas eles precisam refletir, não se pode permitir que a televisão faça tudo sozinha. Todas as mensagens não podem ser dadas exclusivamente pela televisão.

De que forma o professor pode usar a TV e outros meios de comunicação para educar, formar cidadãos bem-informados?
É necessário fazer uma leitura crítica da mídia. A sugestão é que o professor pegue os temas que a mídia apresenta e faça a crítica deles em sala de aula. E dou um exemplo: pegue um trecho de programas ou novelas, assista-os com os alunos, depois pergunte se gostou ou não, se concorda ou discorda, se discorda, de que outra forma faria. Assim, a turma fala, quando responde se gostou ou não; pensa, quando concorda ou discorda; e cria, quando se pergunta qual outra forma de fazer; e depois representa. Então, a partir dessa atividade se constrói outro trecho de programa ou capítulo de novela, com a turma estimulada. É possível ainda filmar e apresentar aos alunos sua própria produção. O interessante é que esse aluno, ao ver televisão em casa, nunca mais terá o mesmo comportamento. Depois de duas ou três vezes fazendo uma atividade como essa, ele vai ver os programas dizendo que faria de outra forma, que não concorda com determinada opinião ou atitude transmitida. Enfim, desmistifica o conteúdo. Esse é o trabalho que só a escola pode fazer, enquanto temos escola, porque daqui a pouco a mídia toma conta também da escola e dispensa o professor.

* entrevista com o professor e autor de vários livros sobre televisão e educação, pedrinho guareschi, feita por márcia santos, assessora de imprensa do sintese (sindicato dos profissionais da educação do sergipe) e publicada originalmente no site npc (núcleo piratininga de comunicação)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Anima Mundi 2009: Andreas Hykade

Detalhe do cartaz do Anima Mundi. Procure um desses pela cidade e faça como o Mr. Magoo: veja bem de perto cada um dos personagens! A vinheta e o cartaz da edição 2009 do festival foi feito por Andreas Hykade, animador alemão que esteve no Papo Animado da edição de 2008. Seu trabalho autoral e irreverente inclui filmes como We Lived in Grass (Vivíamos no Campo, 1995), o western Ring of Fire (Círculo de Fogo, 2000), The Runt (O Nanico, 2006), além de videoclipes e a série de TV para crianças Tom & the Slice of Bread with Strawberry, Jam & Honey. Para saber um pouco mais sobre o Andreas e o visual do Anima Mundi deste ano, o pessoal do blog oficial do evente realizou uma pequena entrevista. Confira abaixo.

A ilustração e a vinheta animada que você fez para o Anima Mundi desse ano é como um "Sgt. Peppers do mundo da animação” – uma galeria de ícones feitos no seu estilo inconfundível. Você poderia comentar sobre a escolha de alguns deles? O que vemos lá são seus personagens favoritos?
Eu quis usar um pouco dos personagens clássicos de animação para que todo mundo reconhecesse, como a Betty Boop, o Droopy e o Bob Esponja. Em seguida escolhi alguns ícones da cena da animação para adultos, como Michelle Cournoyer, Phil Mulloy e o Poderoso Bill Plympton. Por último, eu escolhi alguns personagens que não são necessariamente relacionados ao mundo da animação, como Karl Marx, Adolf Hitler e Deus, porque imagino que eles dariam ótimos personagens clássicos de animação. Eu não pensei em Sgt. Peppers conscientemente, mas faz sentido.

Seu trabalho abrange tanto animação feita para crianças, como a série de TV Tom, e material direcionado para um público mais velho (como é o caso do premiado Ring of Fire). Mesmo assim, você acha que os adultos ainda têm restrições ao gênero?
Sim, grandes restrições. E algumas coisas precisam acontecer para que isso mude: 1. Os criadores precisam abrir suas cabeças e produzir animação para adultos, que seja interessante para um público mais amplo; 2. Os canais de TV, produtoras e distribuidores precisam investir mais dinheiro em filmes para adultos, e desenvolver estratégias de marketing para oferecê-los a um público mais amplo; 3. Canais de TV, portais na internet e distribuidoras de filmes precisam desenvolver formatos e programas para apresentar e publicar animação para um público mais amplo e adulto; 4. Jornalistas mais sérios precisam descobrir a animação para adultos, escrever sobre ela e trazer o assunto a um público mais amplo; 5. O público precisa abrir mais a cabeça e descobrir que a animação para adultos é uma forma de arte altamente inspiradora.

Tem se falado que você está preparando seu primeiro longa-metragem, que se chama Jesus. Em que fase está a produção? Dá pra revelar alguns detalhes?
Ainda não comecei a produzir Jesus ainda, porque ainda não consegui financiar. Primeiro pretendo finalizar um curta chamado Love & Theft (que é baseado na vinheta do Anima Mundi deste ano e já está financiado), e espero conseguir o distribuidor certo nesse ínterim. Mas não posso revelar nada de Jesus, tirando o fato dele ter um final surpreendente.

Da seleção de filmes do Anima Mundi desse ano, quais que você já assistiu e recomendaria para o público? Tem algum da Alemanha que você gostaria de comentar?
Não conheço muitos dos filmes que serão exibidos este ano, mas da Alemanha eu gostaria de recomendar alguns filmes de estudantes: Never Drive a Car When You're Dead [Se Morrer Não Dirija], de Gregor Dashuber, que nos lembra que o punk não morreu; You Are my Hero [Você É Meu Herói], de Tobias Bilgeri, que apesar de ser feito por um homem, é contado do ponto de vista de uma mulher e parece ter sido feito há 600 anos, o que o faz parecer novo em folha; e A6/A9, um curta bem curto mesmo, mas que mostra o potencial desse austríaco talentoso chamado Johannes Schiehsl.

* texto publicado originalmente no blog anima mundi festival

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Literatura: O Cachorro do Coelho

“O coelho Marcelo tem um cachorro amarelo. O cachorro, que se chama Zorro, tem um elefante imenso chamado Lourenço”. É assim, com uma sucessão de animais e um texto quase “cantado”, que se desenrola o livro O Cachorro do Coelho, ilustrado e escrito pela francesa Dorothée de Monfreid. Aqui no Brasil, a obra é lançada pela Martins Fontes com tradução de Mônica Stahel (R$ 19,80).

Nascida em uma família de artistas, Dorothée diz que desenha desde que aprendeu a segurar um lápis. Profissionalmente, a literatura passou a fazer parte de sua vida há 10 anos. “Meu avô (Henry de Monfreid) foi escritor, minha avó é pintora, meu pai arquiteto... Eu sempre vivi imersa em um ambiente de muita observação das coisas, onde se desenhava e se lia bastante”, diz.

Em comemoração ao Ano da França no Brasil, Dorothée esteve no país, semana passada, para lançar o livro durante o 11º Salão da FNLIJ. Nesta entrevista, ela fala um pouco mais sobre o seu processo de criação e por que os animais estão sempre tão presentes em suas histórias.

Como surgiu a ideia para O Cachorro do Coelho?
Eu me inspirei em um conto russo chamado A Casa da Mosca. Nessa história, há uma sucessão de animais que preenche uma casa até que um urso, grande demais para entrar, chega esmagando tudo. Eu parti desse princípio de acumulação e reiventei a história.

Geralmente, você pensa primeiro na história ou na ilustração?
Depende. Um pouco dos dois a cada vez. Frequentemente eu começo imaginando um personagem e um tema. Então, eu desenho alguns croquis que definem o visual. Em seguida, escrevo a história e faço as ilustrações a partir dos croquis iniciais.

Por que você escolheu a literatura infantil? O que mais gosta em escrever para as crianças?
A literatura infantil é um dos raros segmentos em que podemos escrever e desenhar livremente. Não há a mesma pressão pela qual passam os escritores de literatura “adulta”. E, principalmente, por que temos o direito de ser engraçados!

Em seus livros, há um personagem ou tema que prefere?
Eu adoro desenhar animais. O personagem que eu mais desenhei até agora é o elefante Coco. Outra coisa que eu gosto é contar histórias que abordam as relações humanas, seja entre os amigos ou a família.

E por que essa escolha pelos animais? Você acredita que eles têm uma forte ligação com as crianças?
Muitas vezes, as crianças acabam se parecendo com os pequenos animais; elas têm a mesma espontaneidade e instinto deles. Do ponto de vista do desenho, os animais são menos intimidantes do que os humanos. Eles são mais facilmente transformados e interpretados.

Você tem duas filhas: uma de 4 anos e meio e outra de 1 ano e meio...como elas veem seu trabalho?
Elas adoram as histórias. E como meu marido também é autor e ilustrador, elas pensam que todos os pais sabem desenhar e fazer livros!

Elas já a inspiraram a escrever alguma história?
Provavelmente, mas no geral são as pequenas coisas que me inspiram, como uma roupa - o pijama do personagem Fantin em Noite Escura (livro também lançado pela Martins Fontes) é o mesmo de minha filha mais velha -, um ambiente, atitudes, expressões e comportamentos. Eu nunca sei dizer exatamente de onde vêm as idéias, elas são compostas sempre por uma mistura de coisas.

* texto de simone tinti, publicado originalmente no site da revista crescer

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Literatura: O Livro Horripilante de Zé do Caixão

O ato e cineasta José Mojica Marins - responsável por filmes como À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1962) e Encarnação do Demônio (2008) e apresentador do programa O Estranho Mundo do Zé do Caixão – recentemente decidiu investir, acredite, na literatura na infantil. O Livro Horripilante de Zé do Caixão (R$ 27,90, Panda Books) traz uma reunião de contos de terror feito especialmente para a molecada. Com ilustrações do francês Laurent Cardon o livro apresenta crianças reais, que não são nem heróis nem vilões. Apenas crianças, que brigam com os amigos, têm preconceitos e até planejam vinganças.

Jotinha, por exemplo, se esconde em um ferro-velho mal-assombrado e apronta todas, enquanto Rafaela transforma o aniversário de Laura em uma festa de horror. Já Aninha é perseguida pelo fantasma do preconceito em uma rua deserta. Mas nem só de terror se faz um conto, como diz o próprio autor das histórias. Atrás de cada susto, vem sempre uma boa lição a ser aprendida sobre amizade, preconceito, solidariedade e até sobre a origem do próprio medo. Nesta entrevista com Mojica, conheça um pouco sobre sua obra infantil e outras coisinhas a mais...

Como o senhor foi parar na literatura infantil?
Eu recebi uma homenagem na qual fui convidado para declamar contos de terror, mas infantis. Eu me preparei com umas duas histórias e comecei a contá-las. Mas, quando comecei, a criançada adorou e pedia mais. E passei a improvisar, pegando minhas histórias de adultos e transformando-as, na hora, em contos para a garotada. Uma pessoa da editora ouviu e me procurou com a ideia de lançarmos um livro de contos de terror para as crianças. E assim fiz.

Que mensagens positivas um livro de terror infantil pode trazer para as crianças?
Muita coisa. Nas historinhas, o Bem sempre vence o Mal. Além disso, mostro que a criança tem de respeitar os professores, os pais, os mais velhos e os amigos. Não partir para a briga nunca e estudar, que isso faz bem para o futuro, para que ela possa crescer. Isso tudo é apresentado de maneira bem fácil para a criança entender e aprender e tem dado muito efeito.

O livro é recheado de histórias de assombrações. O senhor acredita em fantasmas?
Não. Eu acredito em fenômenos que fazem parte da nossa vida, mas em espíritos que ficam atormentando as pessoas não acredito. Isso tudo é o imaginário, são lendas, que se coloca na cabeça. O que existe de verdade é a nossa essência, a nossa energia. Da forma que a nossa voz fica presa no planeta, a nossa imagem também fica para sempre.

Além de escrever e fazer filmes, o senhor também apresenta o programa O Estranho Mundo do Zé do Caixão. Como está sendo essa experiência?
Fantástica e tem muito retorno. A audiência aumenta a cada semana e eu renovei o contrato para um terceiro ano. Eu acho que está dando muito certo e estou feliz com os resultados. No programa, a gente mexe com um dos maiores sentimentos do ser humano, o medo. Então, a idéia do programa é tornar fazer algo diferente de tudo o que já se viu na TV, que é mexer com o lado obscuro dos entrevistados, com o medo deles, o sobrenatural.

Como é fazer filme de terror no Brasil?
Eu sou o único no gênero no Brasil. Tem gente fazendo curtas de terror, mas longa-metragens, não. É bem complicado. Parece que a fita é barata, mas sai bem caro conseguir os efeitos que se deseja. Porém, é um gênero que eu adoro desde criança.

Como foi seu primeiro contato com o cinema?
Meu pai era operador e gerente de um cinema e nós morarmos no fundo do cinema em uma época em que não havia internet, televisão. Era só o cinemão. Eu tinha do meu lado aquele sonho que é o cinema.

Quais foram as dificuldades que enfrentou no início de carreira?
Recebi muitas críticas negativas, além disso na época estava nascendo a ditadura. E eu fui um dos perseguidos, passei maus bocados, ser preso. Eles diziam que o meu terror era político, que havia uma mensagem política por trás de meus filmes que até não descobrimos qual era. E essa pressão me fez sofrer demais, me atrapalhou muito a vida. Quando prenderam O Despertar da Besta por 20 anos, uma fita que eu procurei realmente demonstrar a falsidade do ser humano, eu acho que os sensores ficaram perturbado com isso e acharam que eu estava mexendo com eles. Mas o que estava fazendo era um filme de protesto ao ser humano e não político. Com isso, os produtores ficaram assustados e não queriam mais investir nos meus filmes.

Hoje seus filmes são cultuados no mundo todo e antes, no começo, eram considerados trash, sem pé nem cabeça, de baixo nível. Como vê esse reconhecimento tardio?
Encarnação do Demônio está ganhando diversos prêmios agora, um deles o de melhor filme de terror do mundo e agora estou concorrendo na Argentina. Eu estou mostrando o que sempre quis: a hipocresia humana. As mesmas pessoas que falavam mal dos meus filmes antes, dizendo que não prestavam e que eu devia ser preso por fazer isso, hoje falam que eu sou um gênio. Como sei disso? Eu guardo todos os jornais, desde os anos 40, que traziam matérias sobre os meus filmes. Acho que o Brasil não estava preparado para receber o gênero de terror, isso assustava, era novidade. O que não entendo, já que estamos no país mais mítico do mundo, cheio de superstições, lendas.

Já tem novos projetos à vista?
Eu estou preparando um piloto e todo um esquema para eu voltar à TV aberta. Minha idéia é fazer um show de horror, com candidatos, provas assustadoras... Aqueles que não passam na prova vão direto para o caixão!

Como nasceu o personagem Zé do Caixão?
Ele nasceu de um pesadelo, em uma época conturbada demais. Era início da ditadura, os cinemas estavam sendo fechados, os filmes estavam sendo censurados. O meu desespero fez com que me voltasse para algo diferente. Ninguém acreditava em terror na época e comecei a lançar meus filmes por meio de intermédio de cotas, para o açougueiro, o padeiro, bazares... E realizei os filmes, mostrando que era possível o cinema não morrer, fazendo nascer o cinema independente e junto com ele o Zé do Caixão. Criei para os filmes um personagem inédito, bem brasileiro, sem precisar imitar os personagens estrangeiros, como vampiros e múmias, Frankenstein, nem nada. Ele é nosso, é tupiniquim.

Qual é o seu grande sonho?
Bem, na área de comunicação eu já fiz nde tudo, até cantar, escrever música, lançar discos... Agora eu tenho um filme chamado Adolescência em Conflito, que eu gostaria muito de realizar um dia. Não é de terror sobrenatural, mas de terror da vida real, as drogas, o desrespeito. Sei que todo mundo já fez algo sobre isso, mas eu queria fazer diferente de tudo, mostrar o outro lado da violência. Mostrar para o assassino o sofrimento da sua mãe, de sua família, quem sabe a gente mudaria um pouco mais o mundo. Eu estou lutando para realizar isso. É o meu sonho conseguir verba para realizar esse sonho. Esse seria minha realização final. Mas pode ser que, antes disso, eu venha a fazer duas ou três fitas de terror.

(shirley paradizo)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Criança & TV: Por quem entende do assunto

Alguns dos maiores sucessos da TV Cultura voltados para o público infantil trazem nos créditos finais a assinatura de Bia Rosenberg. Pode-se ver seu nome em programas premiados como Castelo Rá-Tim-Bum, Cocoricó, e na atual versão de Vila Sésamo. Após 20 anos dirigindo e escrevendo atrações para o público infanto-juvenil, Bia reuniu suas idéias, pesquisas e dicas no livro A TV Que Seu Filho Vê – Como Usar a Televisão no Desenvolvimento da Criança (lançado no ano passado pela Panda Books). Nesta entrevista, ela fala um pouco sobre sua experiênica no assunto, mostrando, inclusive, que há maneiras saudáveis de se lidar com a televisão. Confira o baté-papo abaixo.

A pauta do dia é o tempo em que as crianças passam na frente do computador, jogando ou conversando com amigos. Ainda há espaço para discutir a TV?
Sim, as crianças continuam assistindo quatro horas de TV por dia. A televisão continua sendo fator de discussão, por ser muito presente na vida da criança, apesar do computador e de outras tecnologias que elas têm à mão atualmente.

O que a levou a escrever um livro sobre o tema?
Vez por outra recebia perguntas de pais e professores com muitas dúvidas sobre o relacionamento entre a criança e televisão, completamente desorientados. Além disso, o assunto me interessa bastante por eu trabalhar em televisão. Então, achei que, colocando em um livro minha experiência de 20 anos como coordenadora de programação infantil da TV Cultura, eu poderia de, alguma maneira, ampliar o horizonte do aproveitamento da televisão e mostrar que há programas bacanas para as crianças na telinha.

E como você avalia se um programa infantil é bom ou não?
Primeiro, temos de pensar que programa ideal não existe. Se for divertido e correto, já está bom demais. Se tiver qualidade, imaginação e informações interessantes, melhor ainda. Ele também precisa fazer com que essa criança se modifique ou cresça e nunca deve promover coisas negativas, como o preconceito social ou racial. Devem ter um conteúdo que faça com que elas entendam melhor a vida, o mundo, seu cotidiano e até se identifique.

E todos precisam ter, digamos, aquelas lições de vida para serem bons?
Não. Como disse, ter um bom conteúdo, não passar coisas negativas, como preconceito, ser divertido, já é o suficiente. O que vier depois é lucro.

Que mudanças positivas a lei de Classificação Indicativa trouxe para todos nós?
A princípio parece que não muito. Olhando a programação dos canais, muito pouco mudou. A Classificação Indicativa pode ajudar os pais saberem quais são os programas indicados para idade de seu filho. No mais, tudo fica como antes.

E como os pais devem agir quando está sendo exibido um programa que não é ideal para seu filho?
Depende muito da postura do pai. O melhor seria ele propor outro programa em que todos pudessem assistir juntos ou outra atividade do que mandar a criança para fora do local. Ao fazer isso, a criança vai ficar ainda mais curiosa em ver o que lhe foi proibido. Afinal, ela entraria no mundo dos adultos e isso desperta curiosidade. O ideal é os pais oferecerem uma alternativa, mesmo que não ele não fique ao lado.

O que os programas infantis de hoje precisam ter para chamar a atenção das crianças?
Bem, em primeiro lugar, não devemos descartar os desenhos clássicos, como os contos de fadas ou Tom & Jerry, por exemplo, que ainda fazem sucesso entre o público infantil até hoje. Não acho que as crianças de hoje sejam diferentes em relação a isso ou mais exigentes. Elas gostam dos clássicos e também do que está na moda. E as histórias dos programas infantis atuais realmente são mais complexas, não são lineares, tem tramas mais complicadas, sequências e elas adoram isso. Mas isso não impede que ela também não se interesse por coisas mais básicas e simples.

Tem como aproveitar algo de programas de baixa qualidade ou devemos descartá-los por completo?
Os programas ruins são parâmetros para sabermos o que é bom. Além disso, é legal assistir a um desenho de baixa qualidade com seu filho e discutir com ele.

Você é favor dos programas que se propõem a ensinar as crianças, como os educativos?
Se ele for bem-feito e divertido, são ótimos. Eles podem aumentar vocabulário, a criança treina, sente-se desafiada. Para os mais velhos, por exemplo, há programas que ensinam artesanato, pintura... e elas gostam de aprender. E essa relação delas com a TV pode ser produtiva. A grande questão que se discute atualmente é a TV para bebês. Especialistas são totalmente contra. Na França, por exemplo, a televisão para bebês foi proibida para menores de 2 anos. Uma pesquisa norte-americana realizada há pouco tempo afirma que deixar os bebês assistir à TV atrapalha no desenvolvimento. Ainda não tem nada provado em relação a isso, pois há uma série de outras coisas que podem interferir no desenvolvimento de um bebê ou de uma criança. E colocar toda a culpa na TV é meio complicado.

E você, o qual é a sua opinião?
Com uma certa idade, os bebês já começam a imitar o que vêem na TV, como cantar, bater palmas. Se eu tivesse um bebê agora, ele veria TV. A minha filha tem hoje 20 anos e foi criada praticamente sem televisão. Mas é que antes não havia programas feitos para bebês como temos agora. Então, possivelmente, eu deixaria ela assistir um pouquinho e não tornar a TV uma babá. Mas a recomendação é a de que as crianças não vejam nada de TV até os 2 anos.

O que mudou na vida das crianças com chegada na TV por assinatura?
Aumentou a quantidade de programas que a criança tem à sua disposição. Se ela faz um bom uso da televisão, claro que é ótimo ela ter mais opções. Por outro lado, a televisão aberta tem uma qualidade de programação que não é tão variada. Já a por assinatura pode ajudar a criança a fazer um planejamento de televisão, escolhendo o que deseja assistir de acordo com seus horários.

Há algum tempo, tivemos um boom de apresentadoras, que hoje estão em baixa. As crianças não se interessam mais pela Xuxa, Angélica...
Acho que agora há uma espécie de hiato, por que elas continuam no ar, mas não trazem nenhuma novidade na maneira de apresentar os desenhos ou de fazer a programação infantil em geral. Estamos em um momento em que há um suspense no ar em relação à programação infantil, inclusive se as emissoras vão investir em programas desse tipo ou se vão apenas continuar a comprar desenhos, o que é mais barato do que produzir. Não sei ao certo se as crianças realmente desistiram dessas atrações ou se foi algo imposto pela própria TV. Mas acho que elas não se interessam mais por isso, elas já entraram em outro tom e ainda não se descobriu o que, além dos desenhos, chama a sua atenção. Então, até que não se descubra um novo formato, adquirir desenhos sai muito mais em conta e tem audiência garantida.

Na sua opinião, qual é o pior programa adulto para uma criança assistir?
O pior de todos é o jornalismo. O que aparece neles é real e as crianças sabem disso. Acontece relativamente perto dela e o jornalismo só traz noticia fatos extraordinários, tragédias, como um bebê que caiu da janela. As crianças que têm irmãos menores, por exemplo, podem achar que seu irmãozinho pode cair também a qualquer momento e isso gera uma certa tensão. As crianças ainda não têm condições de avaliar que aquilo não é um cotidiano, não é comum.

Os pais reclamam de que os desenhos atuais são muito violentos. Mas as animações clássicas, como Pica-Pau, também não eram?
A violência não é nada boa. Mas, ao mesmo tempo, pode ser. Nós gostamos de coisas emocionantes e esses desenhos trazem isso. É muito legal ver um super-herói que luta contra um vilão para salvar a humanidade. O que acontece é que os pais podem contrapor um pouco essa visão da televisão, apontando defeitos e situações positivas. E depois de uma certa idade, elas sabem o que é real e o que é ficção. Os desenhos são violentos, sim, tem muita pancadaria e tudo é resolvido à base da força, mas se você for falar isso para uma criança, ela não vê o lado negativo dessa violência. Para ela, o super-herói precisa agir daquela forma para defender o mundo do vilão. E, aí, entra o trabalho dos pais, que precisam explicar que o que elas estão assistindo não é real e que, quando se bate em um coleguinha, dói, machuca. Eles precisam trazer para o universo da criança um pouco de realidade, não deixar para a televisão o papel de ensinar e dar exemplos de como resolver conflitos.

Como eu disse, os desenhos de antigamente também eram violentos e isso não gerava uma discussão tão acirrada como acontece hoje...
Eu até acho que gerava, só que não no mundo acadêmico. Talvez por que antes não se assistia tanto à TV e não havia tantos canais só com programas para crianças. Mas não há um estudo histórico sobre o tema.

Como o pai deve agir quando não está em casa?
Eu proponho conversar com as crianças para que elas assistam só o que realmente gostam e não ver por ver. Não fique parada na frente da TV só zapeando. Essa discussão do que assistir e do que não, pode ser trazida para ser discutida em família, ajudar as crianças a escolher sua programação. E, à noite, quando ele chegar em casa, conversar com elas sobre o que viram, o que acharam. E a TV pode se tornar um assunto. Para isso, é importante que os pais conheçam os programas que seus filhos assistem para poderem participar. Não se faz isso com livros, quando eles lêem para os filhos?

No ano passado, o Cartoon Network realizou uma pesquisa que “prova” que as crianças de hoje são multitarefas. Ao realizar várias atividades ao mesmo tempo, como ver TV, jogar videogame e estudar, elas conseguem se aprofundar ou fica tudo em um plano superficial?
A grande diferença das crianças de hoje é não terem uma linearidade do pensamento. Nós temos uma geração de crianças que têm o pensamento que é um pouco diferente, mas ainda não deu tempo de se fazer muitas pesquisas a respeito, de se discutir o assunto. Eu acho que a tendência é para um pensamento não-linear. Agora, quando uma criança consegue ter profundidade em uma tarefa, ela pode fazer o mesmo com várias. As atividades em que elas não se aprofundarem é por que não interessa para elas.

(shirley paradizo)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Seu filho vê: George, o Curioso

Na década de 1920, o casal alemão Hans Augusto e Margret Rey passou a fazer do Brasil sua moradia. Quanto mais conheciam o país, mais a dupla se encantava com a diversidade da nossa flora e fauna, sobretudo com os macacos. E foi aqui que nasceram os primeiros esboços do viria a ser a série literária George, o Curioso, protagonizada por macaquinho travesso e simpático que até hoje encanta adultos e crianças no mundo todo. Em 2006, Carol Greenwald e Ellen Cockrill transformaram as páginas dos livros em um longa-metragem e, em seguida, em uma divertida série animada.

Fiel aos propósitos dos criadores do personagem, o desenho mantém o traço, a caracterização e o clima das obras. A cada episódio, George explora tudo que há a seu redor e, graças ao seu desejo insaciável de entender como as coisas funcionam, ele vive aventuras incríveis – levando sempre consigo os pequenos telespectadores a embarcarem em uma verdadeira jornada lúdica de conhecimento e exploração do mundo. O desenho introduz, de maneira simples e divertida, conceitos básicos de matemática, ciência e engenharia.

Além de George, o desenho traz outros personagens, como o o Homem do Chapéu Amarelo (melhor amigo e mentor de George), os irmãos Betsy e Stev, o cozinheiro Chefe Pisghetti, a Professora Wiseman, entre outros. Conheça um pouco mais sobre a série nesta entrevista com Carol Greenwald, com quem conversei em outubro de 2008, época em que o desenho estreava no canal Discovery Kids.

Como George, o Curioso entrou na sua vida?
Eu cresci com meus pais lendo os livros da série para mim e hoje eu os leio para meus filhos, desde que eram muito pequenos. George, o Curioso é uma obra clássica, com histórias muito ricas. Além disso, moro em Boston, Massachusetts, que é onde Margret e Hans Rey se estabeleceram quando se vieram para os EUA. Não os conheci pessoalmente, mas tive contato com os editores originais dos livros e as pessoas que trabalharam para eles. Isso, de uma certa forma, me aproximou mais deles e me fez querer conhecer um pouco mais suas obras.

Então, transformar os livros em uma série de TV sempre foi um sonho?
Eu amo os livros do George e gerações de crianças também. Eles foram publicados por mais de 65 anos e achei que seria uma oportunidade maravilhosa apresentar às crianças essas histórias bem-humoradas no contexto da televisão. E, acima de tudo, eu adoro o personagem em si. Ele é muito curioso, divertido e tem muito a ensinar às crianças, fazendo com que despertem o interesse por ciência, matemática e engenharia.

A série tem já tem cerca de 60 episódios produzidos. Como tirar tudo isso de uma coleção de apenas oito livros?
Os livros ajudaram a definir o mundo de George, mas depois foi preciso expandir um pouco. Para isso, pesquisamos as ilustrações originais e tentamos ler a história escondida em cada linha, imaginando o que os Rey estariam pensando. Assim, encontramos personagens nos planos de fundo, um cocker spanniel em algum lugar; um gato, em outro; o porteiro do edifício... Pegamos todos eles e lhes demos personalidades e papéis mais importantes na série animada, de modo que pudéssemos ter mais personagens para mais histórias.

Em geral, nas animações infatis, os animais falam, andam e têm atitudes de gente. Por que George é diferente?
Margret Rey deixou claro em seu testamento que o personagem nunca deveria falar. Ela queria que ele permanecesse o mais parecido possível com um macaco e que não fosse se tornando cada vez mais humano. Nossa equipe acredita que essa decisão faz com que George seja único e permite que brinquemos com a comunicação não-verbal.

O desenho foi desenvolvido em animação tradicional. Em tempos de tecnologia 3D, você não acha que desenhos tradicionais chamam menos a atenção?
Bem, primeiro não temos planos de fazer a série em 3D, pelo menos neste momento, porque ela funciona perfeitamente em 2D. Nosso objetivo é manter a experiência proporcionada pelos livros. Acreditamos que a animação tradicional é a melhor forma de conexão com os livros, que continuam muito populares há mais de meio século e que resistiram ao tempo e a outros estilos e modismos passageiros. Além disso, nossa audiência vem respondendo muito bem a esse tipo de animação – por mais que eles gostem de novos visuais e técnicas, eles também gostam do jeito tradicional de narrativa. Acreditamos que há muito espaço para ambos.

Exibição: segunda a sexta, 7h e 13h30, Discovery Kids

Indicação: a partir de 2 anos

(shirley paradizo)