Assim é A Lenda dos Guardiões (em cartaz nos cinemas nacionais), uma apologia da guerra para crianças. Não por acaso, o filme é do mesmo diretor de 300, aquele em que a guerra é vista como uma alegoria de escola de samba. Verborrágico, cansativo e todo "interpretado" por corujas (o trabalho de computação gráfica é magnífico!), A Lenda dos Guardiões fala de dois jovens irmãos que são raptados para servir como lutadores escravos em uma guerra que está por vir. Um deles se rebela contra a situação, enquanto o outro se percebe fascinado pelo repentino poder que esse tal "serviço militar obrigatório" parece lhe proporcionar.
Tudo serve, obviamente, como ponto de partida para mais um pouco criativo embate entre o Bem e o Mal. Um dos principais problemas do filme reside no fato dele apresentar um roteiro nada condizente com o visual infantil ou infanto-juvenil que as corujas sugerem. Com direito a combates sangrentos, traições entre irmãos, crianças escravizadas e batalhas violentas. Junte-se a isso uma confusa sucessão de nomes, lugares e um excesso de personagens nem sempre identificáveis facilmente sob as penas muitas vezes parecidas das corujas.
Totalizam o desastre as situações que surgem sem pé nem cabeça durante a ação, o fraquíssimo humor, e o cansativo excesso de efeitos de câmera lenta no estilo de Matrix. Para quem gosta de filmes em que a overdose visual tenta esconder a falta de ideias, é um prato cheio.
celso sabadin*
O querido amigo Celso Sabadin vai me dar uma força nas críticas dos longas animados que estréiam nos cinemas. Ele é autor do livro autor do livro Vocês Ainda Não Ouviram Nada – A Barulhenta História do Cinema Mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. Atualmente, dirige o Planeta Tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV Gazeta e da rádio Bandeirantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário