Wolverine sempre foi um dos personagens mais adorados da saga X-Men, seja nos quadrinhos - onde ela nasceu -, nos desenhos animados ou nos três longas-metragens já produzidos a partir das tramas dos personagens, a partir de 2001. Portanto, nada mais natural que ele fosse o foco de um longa e é isso que ocorre em X-Men Origens: Wolverine, a primeira de uma série de filmes que mostram as origens dos mutantes do grupo X-Men. A ideia do filme, portanto, é mostrar o que levou Logan a ser Wolverine da forma como se apresenta nos filmes anteriores. É o também conhecido como prequel, ou a sequencia com uma trama baseada em acontecimentos prévios.
Tudo começa no Canadá, em 1845, quando o personagem, ainda conhecido como James (Troye Sivan), passa por um trauma familiar, o primeiro dos muitos que darão molde à sua personalidade ambígua. Victor Creed (Michael-James Olsen) já era seu amigo desde a infância e, juntos, descobrem seus poderes mutantes e tentam sobreviver em meio à Primeira Guerra Mundial, onde lutaram juntos, e outros conflitos bélicos igualmente importantes para a construção de suas personalidades, que, em dado momento - como todos sabemos -, acabam chocando-se e criando uma das rivalidades mais conhecidas do mundo das HQs.
Desiludido com os rumos tomados por um grupo paramilitar de mutantes integrado por Creed, John Wraith (Will i Am, do grupo pop Black Eyed Peas), Frederick J. Dukes (Kevin Durand), Chris Bradley (Dominic Monaghan) e David North (Daniel Henney), Logan abandona suas atividades sob o comando do coronel William Stryker (Danny Huston). Assim, ele prefere viver isolado nas Montanhas Rochosas do Canadá, longe de usar seus poderes de regeneração e as garras no trabalho como lenhador, acompanhado de Kayla (Lynn Collins).
Mas Victor volta a interferir no caminho do herói, sempre pontuado pela relação de afeição e ódio entre os dois personagens, colocando Logan nos testes secretos que, com "míseros" US$ 500 milhões, o transformaram num ser quase indestrutível, agora com ossos de adamantium e definitivamente respondendo por Wolverine.Mais sombrio do que os outros longas da saga X-Men, X-Men Origens: Wolverine mostra de forma clara o nascimento de um herói cheio de traumas, complexo e fascinante exatamente por ser apoiado em tantas falhas.
Wolverine é bravo, o mais animalesco e selvagem dos X-Men, e, por isso, um dos mais fascinantes personagens da saga criada por Stan Lee e Jack Kirby nos anos 60.A escolha do sul-africano Gavin Hood como diretor, mais conhecido por longas que fogem do padrão "filmes de super-heróis" - como o drama Infância Roubada e o thriller O Suspeito -, leva o longa a explorar com mais cuidado os dramas humanos do personagem do que as cenas de ação, embora guarde alguns momentos emocionantes neste sentido, além de caprichados efeitos especiais e, infelizmente, uma trilha sonora irritantemente onipresente.
Mesmo assim, nota-se que a construção psicológica do personagem fica em primeiro plano no desenvolvimento do roteiro, de David Benioff (de O Caçador de Pipas) e Skip Woods (de Hitman - Assassino 47).
Em cartaz: a partir do dia 30, quinta, nos cinemas nacionais
Classificação: 12 anos
(angélica bito*)
* a amiga jornalista angélica bito - de quem aprecio muito o trabalho - escreve para o site cineclick (um endereço bacana que traz críticas e informações sobre o universo cinematográfico)