Firebelly: Uma Viagem ao Coração do Pensamento (J.C. Michaels, Editora Mercuryo) - Entre os tantos livros na estante da livraria, este me chamou a atenção pela sinopse. Em resumo, é sobre um sapo que sonha em viver grandes aventuras e duas jovens de famílias distintas que revelam seus dramas e angústias. É em torno desses três personagens que o autor tece, com maestria e humor, seu romance e questiona nossas escolhas, o peso da responsabilidade e o nosso lugar no mundo. Ganhador do prêmio Nautilus Book Awards 2007, o livro no ano passado ganhou um game online homônimo.
Na Garupa do Meu Tio (David Merveille, Editora Cosac Naify) - um livro-imagem infantil encantador, criativo e cheio de humor, que recomendo para todas as idades. É uma adaptação literária desse exímio ilustrador para o personagem de Meu Tio, filme do diretor Jacques Tati (1907-1982) lançado em 1958. Sem uma linha de texto sequer, Merveille transporta o leitor para o mundo criado pelo cineasta, em Paris. Todo o "percurso" é feito a bordo da bicileta do tio Hulot. O ilustrador húngaro Istvan Banyai, colaborador da revista The New Yorker e autor do também livro-imagem O Outro Lado, assina um simpático poema na quarta capa.
Cabelo Doido (Neil Gaiman, Editora Rocco) - outro livro infantil indispensável na estante de casa, principalmente para quem é fã das histórias pouco convencionais do escritor e quadrinista inglês. Novamente, Gaiman, com a ajuda do parceiro ilustrador de longa data Dave McKean, leva as crianças para um mundo surreal sem subestimar sua inteligência. Na história, uma garota encontra um homem com um cabelo enorme que esconde um universo mágico entre os fios embaraçados. Mais uma vez, tiro o chapéu para o mestre Gaiman, autor de obras imperdíveis como a série em quadrinhos Sandman, O Livro do Cemitério, Coraline, Lugar Nenhum e Stardust...
Monteiro Lobato Livro a Livro (Marisa Lajolo e João Luis Ceccantini, Editora Unesp) - Como criador do mundo mágico Sítio do Picapau Amarelo, Lobato se revela inovador e arrojado, empenhado em conferir à infância um lugar no qual, antecipando tendências, a mesma tinha papel de destaque. Essa obra vencedora do prêmio Jabuti 2009 revisita essas histórias de Lobato para discussões breves sobre linguagem, imagens, ilustrações e práticas editoriais do escritor. Apesar da linguagem mais acadêmica, vale a leitura para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o autor e seus livros infantis.
Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Stieg Larsson, Editora Companhia das Letras) - se você gosta de uma boa trama repleta de suspense, intriga, conspiração, mistério e investigação, não pode deixar de ler esse que é o primeiro livro de uma trilogia batizada de Millennium. O escritor sueco é dono de uma narrativa poderosa, de tirar o fôlego e instigante. Daquelas que você não sossega até ler a última página. Como curiosidade, o sucesso das obras - venderam mais de 40 milhões no mundo todo - levou à produção de um longa-metragem em 2009, dirigido por Niels Arden Opley. O jornalista e ativista político, porém, não desfrutou dos merecidos créditos. Em 9 de novembro de 2004, sofreu um infarto enquanto subia as escadas de um prédio de Estocolmo onde funcionava a redação da Expo, revista que fundou e que mal conseguia sustentar. Morreu aos 50 anos, morando de aluguel e quase sem dinheiro. Havia acabado de entregar as provas do terceiro volume à editora e ia pela metade do quarto episódio. O primeiro seria publicado somente em 2007.
Uma Crença Silenciosa em Anjos (R.j. Ellory, Editora Nacional) - Comprei este por indicação da minha sobrinha de 16 anos. Tem uma trama de mistério e reviravoltas muito bem elaboradas, da qual se sabe o final logo no começo, mas não o motivo. Não concordo muito com o final/começo dado ao atormentado protagonista que vive lutando contra o pesadelo que abalou toda a sua existência. Mas é justo. Ah, e não há anjos de verdade na história...
O Nome do Vento: A Crônica do Matador do Rei (Patrick Rothfuss, Editora Sextante) - Iniciei a história sem a mínima idéia do que se tratava. Foi uma indicação do atendente da livraria Nobel, que, ao contrário de muitos pelos quais já passei, pareceu conhecedor das obras que indicava. É uma romance fantástico sobre o estalajadeiro de uma pequena cidade que relata suas aventuras e desventuras. O livro é parte de uma trilogia e só soube que seu escritor era um confesso jogador de RPG depois de terminada a leitura, quando fui atrás das datas de lançamento das continuações. Isso explica a facilidade com que ele se movimenta nesse mundo de fantasia, como se vivesse nele há séculos. Um épico que valeu cada página lida.
O Jogo do Anjo (Carlos Ruiz Zafón, Editora Suma das Letras) - segundo livro publicado no Brasil do venerado escritor catalão de A Sombra do Vento. Nesta obra, ele nos transporta novamente para a Barcelona do Cemitério dos Livros Esquecidos, mas apresentando novas intrigas e personagens. Mais uma vez sua narrativa é impecável e de ritmo eletrizante. E mais uma vez, ele faz uma grandiosa homenagem ao poder místico dos livros. Zafón é um verdadeiro domador da arte de contar histórias.
Pânico na Estrada (Eoin Colfer, Editora Galera Record) - se o nome de Colfer aparece estampado na capa de um livro, eu compro e leio. Não importa se é bom ou ruim, se falaram bem ou mal - para mim, são sempre ótimas leituras e são mesmo. Sou uma grande fã de Colfer. Um dos motivos é o fato de ele ter sido o primeiro a bater de frente com Harry Potter com seu Artemis Fowl. Na época, enquanto o mundo fazia filas na porta das livrarias para adquirir o livro mais recente de J.K. Rowling, eu me deliciava com a história de do moleque ricaço, esperto e gênio do crime! Se Rowling desapareceu depois de concluir sua saga, Colfer continuou brindando a garatoda com boas histórias, como este Pânico na Estrada e Aviador, que vai ganhar uma versão para os cinemas em breve. O outro motivo é que ele me conquistou pelo "ego".
Não Contem com o Fim do Livro (Umberto Eco e Jean-Claude Carrière, Editora Record) - Além de um fantástico e insupervel escritor, o autor de O Nome da Rosa é um colecionador de obras, com cerca de 50 mil volumes. Para falar sobre essa paixão, Eco se uniu ao bibliófilo, escritor e roteirista francês Carrière para discutir a importância dos livros. A obra, ao contrário do que parece, não dá uma visão apocalíptica para o livro em tempos de internet e ebooks. A dupla, na verdade, mostra como o livro atravessou a história da humanidade e como transformou culturas e civilizações, para o bem ou para o mal. E tudo por meio de um bate-papo descontraído entre a dupla, intermediado pelo jornalista Jean-Phillipe de Tonnac. Há muita história de vivência de ambas as partes, humor e "causos" de amigos idem famosos.
Outras dicas bacanas você pode encontrar no endereço de Roberto Denser. E aguarde em breve outras listas, como os dos 10 melhores longas de animação que assisti neste ano.
Um comentário:
Uma tragédia o caso do Stieg Larsson, né, Shirley? Uma amiga me emprestou os dois primeiros volumes e começarei a leitura ainda hoje. Tenho certeza que vou gostar. :)
Vou seguir algumas recomendações para a lista de leituras do próximo ano. Bj.
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