Lies tem 20 livros em seu currículo e conta que decidiu tornar-se ilustrador e escritor quando ainda era criança. “Um ilustrador visitou minha escola quando eu estava na quinta série e pensei: esse pode ser o meu trabalho! Fiquei maravilhado em saber que alguém poderia trabalhar apenas escrevendo e desenhando”, conta em seu site.
O próximo livro de Lies a ser publicado no Brasil é Morcegos na Praia, ainda sem previsão de lançamento. “Esse livro é sobre uma família se divertindo na praia - e, neste caso, acontece de todos serem morcegos... Se você reparar no pequeno com bóias amarelas, vai reconhecer nas imagens como é uma primeira visita à praia”, diz.
Confira abaixo a entrevista que Brian Lies concedeu à revista Crescer, na qual fala sobre incetivo à leitura, a importância das bibliotecas e também por que escolher morcegos como seus personagens principais.
Morcegos na Biblioteca é sobre o prazer de ler. Como você teve a ideia de abordar esse tema justamente por meio de um livro?
Quando eu terminei Morcegos na Praia, eu estava triste por deixar o mundo dos morcegos. Então, eu fui à biblioteca pública e um dos funcionários me disse: “Eu provavelmente não deveria lhe dizer isso, mas nós já tivemos um morcego aqui, certa vez”. Isso me pareceu uma história. Eu tive certeza de que eles adorariam ler e ficariam muito felizes em encontrar uma janela aberta na biblioteca. Escrevi a história para descobrir o que gostariam de fazer na biblioteca.
Os morcegos já atraiam você antes?
Eu sempre senti que não escolhi os morcegos – eles é que me escolheram. Em uma manhã de inverno, quando minha filha tinha 7 anos, ela observava uma geada através de nossa janela e achou que o formato do gelo era semelhante a um “morcego com espuma do mar”. O contorno realmente parecia um morcego pousando na água, com as asas separadas. Eu pensei que seria interessante pensar sobre o que eles fariam se fossem a uma praia. Seria o mesmo tipo de coisa que os humanos? Eu comecei escrevendo uma lista das minhas atividades na praia quando era criança e pensei como seria no caso dos morcegos. E assim a história começou.
Quantos anos sua filha tem agora? Como você fez para incentivá-la a ler desde cedo?
Ela tem 14 anos e é uma leitora voraz. Quando era bebê, minha mulher e eu líamos para ela, tanto durante o dia quanto na hora de dormir. Então, a leitura tem sido sempre uma parte da sua vida. Ela também nos vê lendo em casa e, assim, percebe que ler não é uma atividade restrita à escola, mas um meio de relaxar e aprender ao mesmo tempo! Em casa sempre tentamos reservar um tempo específico para a leitura, sem televisão ou computador.
Em vez de optar por tons mais vivos e coloridos, você optou por ilustrações mais escuras, em azul-escuro e marrom. Como é a recepção das crianças a esse tipo de imagens?
Mesmo que Morcegos na Biblioteca e Morcegos na Praia sejam livros mais “escuros”, minha intenção não foi deixá-los assustadores. Eu fico muito feliz pelo fato de as crianças gostarem dessas cores escuras. Nós todos somos curiosos sobre a noite e sobre o que acontece quando dormimos. Eu acho que as crianças se deliciam com a ideia de que meus morcegos (que mais parecem ratos com asas) se divertem muito depois que escurece.
Para você, qual a importância das bibliotecas para as crianças? No Brasil, não é tão comum frequentar bibliotecas públicas, mas há bons espaços nas escolas...
Eu acho que as bibliotecas são importantes para todo mundo, e especialmente para as crianças. Elas são muito curiosas, e esse é um lugar maravilhoso para aprender sobre o mundo e sobre si mesmo, aprender como é viver em outros países e encontrar pessoas incríveis por meio das histórias. Outra coisa maravilhosa sobre bibliotecas: você pode levar os livros para casa e tudo o que precisa fazer é prometer devolvê-los depois! Para incentivar as crianças a frequentar bibliotecas, os adultos precisam ir também. A leitura não deve ser encarada como uma atividade “necessária”, uma obrigação, mas sim como uma grande alegria, um jeito de relaxar e de perceber que a humanidade tem mais coisas em comum do que diferenças. Quando eu era criança, minha família costumava ir a uma biblioteca todo sábado de manhã. Na volta, levávamos quantos livros conseguíamos carregar. Ao adquirir o hábito de ler, ir a uma livraria se torna uma maravilhosa aventura.
Vai ter mais dessa “série de morcegos”?
Eu estou trabalhando em um outro livro, chamado Bats at the Ballgame (Morcegos no jogo de baseball, em tradução livre). Acontece que meus morcegos adoram baseball, o maior passatempo americano! Na história eles estão no caminho de um jogo à noite e, no caminho, eles jogam uma partida.
* texto de simone tinti, publicado originalmente no site da revista crescer
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