sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Cinema: Planeta 51

Se, antes de assistir Planeta 51, alguém te dissesse que o desenho é espanhol, provavelmente você nem o veria. E, se depois de assistir Planeta 51, alguém te dissesse que o desenho é espanhol, provavelmente você não acreditaria. Num mundo de globalização da tecnologia e de softwares cada vez mais acessíveis, vai ficando cada vez menor a diferença técnica que separa, digamos, uma DreamWorks de uma Ilion Animation. Quem? Ilion. Guarde este nome.

Trata-se de um estúdio espanhol de animação que estreia com o pé direito no delicioso Planeta 51, desenho animado de longa-metragem que não fica devendo nada aos maiores do gênero. Em parceria com a produtora britânica Hand Made, e capital da também espanhola Antena 3 (uma das co-produtoras de Vicky Cristina Barcelona), a Ilion acertou em cheio ao produzir o divertido roteiro de Jeo Stillman (também co-roteirista de Shrek 1 e 2) sobre uma invasão alienígena.

A diferença aqui é que os alienígenas somos nós. O Planeta 51 do título é muito parecido com a Terra dos anos 50, onde proliferavam as lanchonetes para a juventude, a pré-história do rock´n´roll e um grande desconhecimento do espaço sideral, o que acabava povoando o imaginário coletivo com assustadores filmes de ficção científica sobre ataques aliens.

A população do planetinha vive em paz, até que uma nave espacial pousa por ali. E de dentro dela sai um terrível, horripilante e assustador... humano! A partir daí, o filme se desenvolve num excelente ritmo de ação e comédia, com direito a um humor inteligente, sem apelações, repleto de referências hilariantes para o público adulto e situações encantadoras para as crianças.

O astronauta Chuck Baker, o sabichão de bom coração, já pode entrar para a galeria dos clássicos, como uma versão “carne-e-osso” de Buzz Lightyear. E Rover não deixa de ser uma versão robótico-canina de Wall-E. É notável também a maneira pela qual os diretores conseguem, rapidamente, criar uma forte empatia da plateia com a grande maioria dos personagens. Com destaque para um divertido ativista pacifista cantor/compositor no estilo Bob Dylan.

Espertamente de olho no mercado internacional, Planeta 51 é dublado por um ótimo elenco de atores de língua inglesa (incluindo Jessica Biel, Dwayne Johnson, Gary Oldman, John Cleese e vários outros), ainda que no Brasil os cinemas só exibirão cópias em português. Nada contra. Mesmo porque a distribuidora brasileira teve o bom senso de contratar ótimos dubladores profissionais, e não um punhado de famosos de plantão, como tem acontecido em outras animações. Vida longa e próspera para Chuck Baker e sua turma!

Em cartaz: dia 20, sexta, nos cinemas nacionais

Classificação: livre

(celso sabadin*)

* o multimídia e querido amigo celso sabadin é autor do livro autor do livro vocês ainda não ouviram nada – a barulhenta história do cinema mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. Atualmente, dirige o planeta tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV gazeta e da rádio bandeirantes.

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