sexta-feira, 10 de junho de 2011

Cinema: Kung Fu Panda 2

Faz tempo que o cinema americano tem flertado com o (gigantesco) potencial de consumo do público chinês. Já tem oito anos, por exemplo, que a Academia de Marketing... Ou melhor, de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood premiou O Tigre e o Dragão com quatro Oscars.

Já tem dez anos que Hollywood "importou" pela primeira vez o ídolo chinês Jackie Chan. Sem falar em Jet Li. Nada é por acaso. Afinal, os executivos do cinema americano estão cansados de saber que conquistar o bilionário público chinês é condição mais do que necessária para a saudável manutenção de seus negócios.


Visando este mercado, nada mais lógico então produzir um desenho animado todo ambientado na China, enfocando os hábitos e a cultura do enorme país. Nasce assim
Kung Fu Panda, muito mais uma necessidade mercadológica que propriamente criativa e/ou artística. Mesmo porque ele (re)conta a mesma historinha que já vimos inúmeras vezes: um protagonista atrapalhado, hostilizado pela sua falta de talento específico, mas que consegue quebrar os preconceitos e se superar perante o grupo que o rodeia através de muito esforço e força de vontade.

Existem milhares de filmes com o mesmo mote, o mesmo "roteirinho" estilo Syd Field.
O personagem-título, Po, é um péssimo garçom de um restaurante (claro) chinês, mas traz (bem) escondidos dentro de si talentos fortes o suficiente para salvar a sua vila do terrível vilão Tai Lung, um tigrão do mal que recebeu um poderoso treinamento kung fu, mas que passou para o lado escuro da força (oops, já vi este filme).

Porém, para que sua verdadeira força aflore, Po terá de submeter aos rígidos ensinamentos do mestre Shifu, uma espécie de Yoda local.
Qual seria, então, o segredo deste Kung Fu Panda 2? Principalmente o ótimo humor e o carisma dos personagens. Todos os clichês do roteiro são facilmente superados pelo excelente ritmo de comédia, pela total simpatia dos protagonistas e até pela "química do elenco", mesmo se tratando de um desenho animado.

Os diálogos são afiados e inteligentes, a trama flui de forma rápida e agradável, com
timming praticamente perfeito. Enfim, diversão garantida para toda a família, sem o perfeccionismo nem a técnica deslumbrante de uma Pixar Animation (este filme é da DreamWorks), mas mesmo assim livre, leve, solto e bastante engraçado. O que não é pouco.

celso sabadin*

* O multimídia - e querido amigo - Celso Sabadin é autor do livro autor do livro Vocês Ainda Não Ouviram Nada – A Barulhenta História do Cinema Mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. Atualmente, dirige o
Planeta Tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV Gazeta e da rádio Bandeirantes.

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