O Lobo e a Vovozinha trabalham para ele. E Chapeuzinho virou uma espécie de superagente secreta ninja que vai tentar desvendar o mistério de uma irmandade que controla o poder de uma super-receita, igualmente secreta. Não é mole não.
Na medida em que todos os personagens do primeiro filme foram descaracterizados, a graça original, que era exatamente a desconstrução do padrão clássico, vai por água abaixo. O que vemos é apenas uma aventura cômica de espionagem, que poderia ser vivida por qualquer personagem – clássico ou moderno – e que se dilui totalmente no momento em que os padrões do estereótipo original são, de uma forma sem sentido, desmontados.
Shrek já havia caído exatamente no mesmo erro: criado para ser o anti-herói com a missão de desconstruir o molde padrão, ele é eficiente e divertido em sua primeira aventura, para logo na sequência, ao se transformar ele próprio em padrão, deixar esmaecer toda a ironia e o poder de crítica que o construíram. O chamado tiro no pé.
Com um agravante: Deu a Louca na Chapeuzinho 2 apresenta um traço menos elaborado e uma animação mais dura que o primeiro filme, apesar dos anos de evolução tecnológica que os separam.
Sobram apenas uma diversão de bom ritmo, muita agitação para as crianças e brincadeiras referenciais a vários filmes – de Psicose a Kill Bill – para entreter os adultos. Longe do brilho do primeiro episódio.
celso sabadin*
* O multimídia - e querido amigo - Celso Sabadin é autor do livro autor do livro Vocês Ainda Não Ouviram Nada – A Barulhenta História do Cinema Mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. Atualmente, dirige o Planeta Tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV Gazeta e da rádio Bandeirantes.
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