terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Estreia: Tá Dando Onda

Enquanto os estúdios esgotam a lista de heróis de quadrinhos em suas adaptações cinematográficas, os das animações levam aos cinemas todo o tipo de animais, insetos e contos de fadas. Depois de cães, gatos, formigas, dinossauros e até ogros, os pinguins também ganharam sua chance de brilhar nas salas escuras. Começando como mero coadjuvantes em produções como Mary Poppins, Madagascar e Batman, as aves marinhas alcançaram o posto de protagonistas em fitas como o oscarizado Happy Feet e o documentário A Marcha dos Pinguins. Das geleiras para o mundo, eles conquistaram o público ora com seu jeito desengonçado e carismático e ora com ares de psicopatas.

Já os pinguins de Tá Dando Onda são exímios esportistas e deixaram sua marca ao inventar o surfe. Isso mesmo. O famoso esporte aquático que lembra portes atléticos, cabelos parafinados, praia, sol e lindas mulheres foi criado por essas exóticas aves e imortalizado pelo lendário Big Z, o maior surfista que já deslizou nas ondas dos sete mares.

Ele é o ídolo do pequeno Cadú Maverick (Shia LaBeouf), o único praticante da modalidade na Antártica e que sonha em se tornar um surfista de renome. Para isso, o jovem deixa sua família em Frio de Janeiro e viaja para a ensolarada ilha Pingú a fim de participar de seu primeiro campeonato profissional.

No caminho, ele faz novos amigos, como o surfista do meio-oeste João Frango (Jon Heder), o empresário Régis Belafonte (James Wood), o caçador de talentos Mikey Abromowitz (Mario Cantone) e a bela salva-vidas Lani Aliikai (Zooey Deschanel) – por quem ele se apaixona. Tudo seguido de perto por uma “equipe de filmagem”, que registra as experiências de seu astro para um “longa”. Não faltam entrevistas com familiares, amigos, a recordação da primeira onda...

Vida real
A intenção dos diretores Ash Brannon (de Toy Story 2) e Chris Buck (de Tarzan) era criar uma animação diferente de tudo o que já foi feito no gênero até hoje. “A originalidade de Tá Dando Onda consiste em contar a história de Cadú como um documentário dentro do filme. Achei irresistível a idéia de mostrar um personagem animado com câmeras e microfones à sua frente’, conta Brannon, em uma entrevista por telefone ao Estado de S.Paulo.


A exemplo dos programas de entrevistas, reality shows e afins, a animação que concorreu ao Oscar este ano conta com “figurantes” em diversas cenas, como se fossem aquelas pessoas ávidas para aparecer na TV, que ficam acenando ou mandando beijos no fundo da câmera, atrás do entrevistado.

Mas não é só coadjuvantes anônimos que dão as caras. Os campeões Rob Machado e Kelly e o famoso locutor esportivo Sac Masekela fazem uma ponta no desenho, “interpretando” eles mesmos. Só que, claro, na forma de pinguins. Os desenhistas captaram suas personalidades e trejeitos e os próprios surfistas dublaram suas vozes.

E como em qualquer bom filme de surfe, na trilha sonora não faltam bandas que fazem alusão ao espírito da rebeldia e da liberdade dos “pegadores” de onda. O animado resgata a cantora de r&b Lauryn Hill, coloca ao fundo de uma cena a canção Holiday, do Green Day, e traz várias músicas do Incubus e do Pearl Jam, além de uma original do grupo Sugar Ray. Já as imagens de época – inspiradas em fatos reais – são embaladas a ritmos que lembram os cantados por Elvis Presley, na década de 1960.

(shirley paradizo)

Exibição: dia 25, quinta, 19h30, HBO

* Texto de Shirley Paradizo, publicado originalmente na revista On TVA, edição de dezembro

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