Há exatamente 80 anos, Elzie Crisler Segar desenhava pela primeira vez, em uma vinheta, um marinheiro que, apesar de baixo, careca e pouco inteligente, viria a tornar-se famoso sob o nome de Popeye. Na vinheta, o devorador de espinafres mais conhecido do mundo, em resposta à pergunta “é um marinheiro?”, disparava esta curiosa resposta “penso que sou um cowboy”, mais tarde substituída pela carismática “eu sou o que sou”.
Ao contrário de quase todos os outros heróis dos quadradinhos, a estreia do personagem foi em série de tirinhas diárias avulsas, The Thimble Theatre, que Segar assinava desde 19 de dezembro de 1919. Nela, de forma teatral, quase sempre em tiras autoconclusivas que se baseavam no quotidiano da família Oyl, em que predominavam o colérico Castor, a sua irmã Olive (Olívia Palito) e o seu noivo, Ham Gravy.
A partir de 1925, a série ganhou uma prancha dominical colorida, na qual Segar pode explanar o seu sentido de espectáculo e desenvolver narrativas longas, que combinavam cenários rurais e marítimos, a sede de aventura, a superstição, a magia e o medo do desconhecido. É na sequência de uma delas que Popeye surge, conquistando, de imediato, os leitores - chegou a ser mais popular do que Mickey Mouse na época.
A sua popularidade levou Segar a alterar o título da sua criação para The Thimble Theatre Starring Popeye, em 1931. O sonhador e devorador de hambúrgueres, Wimpy; o pai, Poopedeck Pappy; o estranho animal Eugene the Jeep, a malévola Sea Hag (Bruxa do Mar), o brutamontes Brutus e tantos outros foram sendo acrescentados em uma notável galeria, que Segar animou, em narrativas cada vez mais surreais, até à sua morte, vítima de leucemia, em 1938. A série prosseguiu com diversos autores, com destaque para Bud Sagendorf, que lhe conferiu um caráter mais humorístico e próximo da versão animada que conhecemos hoje e a assinou entre 1958 e 1994.
Desde então, Popeye já protagonizou mais de 750 animações, na qual foi cimentada a sua atual imagem de marca: a força dependente dos espinafres (que levou a Cristal City, no Texas, a maior produtora do vegetal, a erguer uma estátua em 1937 em homenagem ao personagem como agradecimento pelo aumento de 33% das vendas nos EUA), a paixão pela anoréxica Olive (cuja silhueta inspirou um perfume de Moschino), a sua rivalidade com Brutus e a sua afirmação como marinheiro.
Nos anos 60, foi a estrela de uma série televisiva e, em 1980, chegou ao grande ecrã, em um filme live action dirigido por Robert Altman, com Robin Williams encarnando Popeye e contracenando com Shelley “Olive” Duvall.
* fonte: desenho mania
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