sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cinema: Up - Altas Aventuras

Há pelo menos dez anos, uma guerra surda se desenrola entre os dois maiores estúdios de animação de Hollywood — e, até agora, pode-se dizer que um saudável empate técnico se mantém entre eles. De um lado do ringue, a DreamWorks, fundada em 1994 por Steven Spielberg, ganha no quesito sucesso de público: US$ 2,2 bilhões faturados em todo o mundo com a trilogia de Shrek. Do outro, a Pixar, que começou em 1984 como um braço de animação da produtora de George Lucas e comprada pela Disney em 2006, também vai bem na bilheteria e ainda leva vantagem com a crítica.

O sucesso entre os especialistas, que apontam em filmes como Wall-E uma lista de referências a clássicos como E.T. e 2001, tem sua razão de ser: a Pixar costuma investir mais tempo no roteiro (cerca de três anos) do que na produção e execução de seus filmes (dois anos). Up - Altas Aventuras conseguiu elogios fazendo sua première em um espaço arriscado - a sessão de abertura do Festival de Cannes, à qual críticos do mundo inteiro chegam sedentos para derrubar filmes com seus comentários.

No filme, um rabugento senhor aposentado (voz de Chico Anysio, na versão dublada) está prestes a ser mandado a um asilo. Decide, então, fugir amarrando centenas de balões no telhado. Sua casa sai voando em direção às montanhas da América do Sul, destino que sempre sonhou conhecer com sua mulher, já falecida. Só não contava que um menino teimoso, aprendiz de escoteiro, estivesse na entrada da casa e seguisse viagem com ele.

Se as animações são feitas para agradar a pais e filhos, Up deve agradar mais aos avós. Sem perder o sentido da ação e das imagens - a casa voando com balões coloridos fica na memória -, a Pixar rende uma homenagem nostálgica aos filmes de aventura dos anos 50, como A Volta ao Mundo em 80 Dias. O velhinho herói lembra Spencer Tracy, o vilão lembra Kirk Douglas, e a amizade entre velho e menino remete aos filmes edificantes de Frank Capra nos anos 30. Up - Altas Aventuras não deverá ter sequência.

Outra diferença entre a DreamWorks e a Pixar é que o estúdio fundado por George Lucas não costuma criar continuações para seus filmes. Belas animações como Procurando Nemo (US$ 860 milhões de bilheteria internacional), Ratatouille (US$ 620 milhões) e Wall-E (US$ 520 milhões) são tiros únicos, apesar do grande sucesso de público. Shrek e outros clássicos da DreamWorks podem faturar mais num mercado que só tem olhos para a bilheteria do primeiro fim de semana, mas certamente são filmes como esses da Pixar que irão sobreviver nas prateleiras dos cinéfilos daqui a 50 anos. Up - Altas Aventuras parece destinado a se tornar um clássico no futuro.

Em cartaz: dia 04, sexta, nos cinemas nacionais

* texto de thiago stivaletti, publicado originalmente na revista bravo

Um comentário:

Luzinha disse...

vou assistir neste findi, só por causa do que comentate. valeu pela dica, Shirley! ótimo feriadão prá ti!

bjus!