Até a alguns anos atrás, um dos maiores sonhos das crianças era terem à sua disposição um canal que exibisse, dia e noite, desenhos. A chegada da TV por assinatura realizou esse pedido, com uma grande oferta de canais que oferecem atrações para os pequenos. A diversificação da programação é enorme: animações contemporâneas e clássicas, séries em formato com atores, programas feitos e dedicados a crianças e adolescentes e os famosos animês – desenhos japoneses que viraram febre entre a garotada nos últimos anos.
Segundo pesquisa realizada recentemente pela NET, na maioria dos lares de hoje, o aparelho de televisão com TV a cabo faz parte da decoração do quarto dos pequenos, que assistem, livremente, aos canis infantis, sem muita interferência dos adultos, ocupados com o trabalho e os afazeres de casa. "Para os pais, a televisão é um lazer tanto para eles como para seus filhos, mas eles se preocupam, e muito, se os programas e os desenhos aos quais as crianças assistem são adequados para sua idade", diz Fernando Magalhães, diretor de programação da NET Brasil.
Uma perturbação até relevante, já que, de acordo com o Ibope, os jovens espectadores passam cerca de 3 horas de seu dia na frente da telinha. Aos olhos dos adultos, a grande preocupação está nas séries animadas com maior incidência de lutas e violência, que, de acordo com os pais, podem tornar seus pimpolhos mais agressivos. "A crianças têm a necessidade de expressar uma série de sentimentos, inclusive a violência. E não existe pesquisa conclusiva e determinante que consiga afirmar, com todas as letras, a influência desses programas nas crianças", fala a psicanalista Ana Olmos.
Os desenhos com monstros e fantasmas também estão na mira dos adultos. "Crianças mais novas, entre 5 e 6 anos, têm dificuldades com o suspense, personagens que parecem realmente em perigo, rostos realistas com expressão de raiva, dor ou medo. Por isso, é preciso considerar esses elementos ao decidir o que disponibilizar para cada faixa etária", diz Gerard Jones, autor do livro Brincando de Matar Monstros, que fala da relação entre as diversões juvenis, como videogames e a TV, e o desenvolvimento emocional e intelectual das crianças.
Se elas insistirem em assistir a programas que os pais consideram impróprio para sua idade, a saída é a proibição ou mesmo o bloqueio do canal indesejado. "É importante, porém, explicar as razões da proibição e oferecer outras alternativas", fala Ana Olmos. E, aí, surge novo problema. Segundo pesquisa da NET, os pais não têm o costume nem paciência de conhecer os desenhos que acompanham o dia-a-dia de seus filhos para ajudá-los na escolha. "Se não conhecem, não faz sentido proibir. A regra de conhecer os amigos e o que estão acessando no computador, deve valer também ao que estão assistindo", diz Ana.
O primeiro passo para fazer essa é escolha é acompanhando, ao lado da criança, a atração e ficar de olho: "Os desenhos e os programas antes de mais nada devem divertir e não causar medo ou qualquer outro sentimento ruim. Não podem ser preconceituosos, ter personagens estereotipados, trazer conceitos errados, como, por exemplo, que tudo se resolve na força", diz Bia Rosemberg, diretora de programação da TV Cultura e autora do livro a TV que Seu Filho Vê (veja entrevista com Bia Rosemberg aqui).
* Texto de Shirley Paradizo, publicado originalmente na revista MONET, edição 40, jullho/2006
quarta-feira, 23 de julho de 2008
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Um comentário:
Shirley, o que vale mesmo é o equilíbrio. Precisamos educar as crianças a desenvolverem senso crítico. Elas precisam saber se defender, não?
E, acima de tudo, precisam de variedade: se adoram desenhos violentos, os pais podem - e devem - oferecer alternativas, não proibir, mas limitar, acompanhar, criar oportunidades, ou seja, SEREM PAIS.
beijos e parabéns pelo Blog,
Cristiane Rogerio
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