A animação foi um tremendo sucesso e Donald apareceu em outro desenho ao lado do carro-chefe da Disney, Mickey Mouse, em The Orphan's Benefit, em que se irritava ao extremo ao tentar declamar um poema e era atrapalhado pelas crianças. Seus três sobrinhos, Huguinho, Zezinho e Luisinho, apareceram pela primeira vez nas tirinhas em 1937. Primeiramente, eles eram endiabrados, depois se transformaram em comportados escoteiro-mirins. A eterna namorada de Donald, Margarida, surgiu em 1940, no animado Mr. Duck Steps Out.
O ano de 1942 foi particularmente especial para o pato. O desenho The Füerer's Face, em que ele sonhava viver em uma opressiva Alemanha nazista, ganhou um Oscar, e no mundo dos quadrinhos, um homem chamado Carl Barks assumiu as histórias do famoso personagem e desenvolveu toda uma mitologia em torno dele, criando e adicionando personagens, como Tio Patinhas, Pardal, Maga Patológica, o vizinho Silva e seu maior nêmeses, o primo sortudo Gastão.
Foi com Barks que Donald cristalizou suas maiores características, como se dar mal em qualquer atividade que pudesse assumir (ele sempre começa como um especialista para depois destruir tudo) e ainda viajar pelo mundo em aventuras fantásticas ao lado do milionário tio. Barks desenhou a família do pato até 1965 e teve toda sua obra relançada recentemente pela Editora Abril na extensa coleção O Melhor da Disney.
Em 1943, Donald visitou o Brasil no longa-metragem Alô Amigos. Em terra tupiniquim, ele conhece Zé Carioca. O pato volta ao país alguns anos depois em Você Já Foi à Bahia?, de 1944, e se apaixona por Aurora Miranda, irmã de Carmen Miranda. Ainda em tempos de guerra, o sucesso do Pato Donald foi tão grande que, mesmo com a proibição da publicação de personagens americanos nos países do Eixo, ele continuou a ter uma revista na Itália - Benito Mussolini era um fã confesso.
Os italianos são, até hoje, um dos grandes produtores de aventuras do pato (junto aos holandeses e dinamarqueses) e foram eles que, em 1969, o transformaram em um super-herói com a criação do Superpato, uma paródia de Diabolik, personagem de sucesso no país da bota.
Em 12 de julho de 1950, a revista O Pato Donald foi lançada no Brasil e se tornou um sucesso instantâneo: a primeira edição teve uma tiragem inicial de 82 mil exemplares, que foram vendidos rapidamente. Aliás, a revista é o título mais longevo do mercado brasileiro, são 59 anos de publicação ininterrupta. Recentemente, o desenhista americano Don Rosa estudou todo o trabalho de Carl Barks e conseguiu criar uma consistência histórica na cronologia dos patos ao contar toda a vida e glória do Tio Patinhas.
Nela, vemos que Donald é filho de uma das irmãs do multimilionário, Hortência, com Patoso, filho da Vovó Donalda, e tem uma irmã gêmea, Dumbella, que é a mãe de Huguinho, Zezinho e Luisinho. Aliás, é engraçadíssimo quando os pais de Donald se encontram, pois ambos são extremamente estressados e só se acalmam quando estão juntos, o que explica o comportamento explosivo do pato.
Mais de 200 filmes e milhares de tirinhas e histórias depois de sua estréia, Donald é um dos grandes ícones modernos. Já foi identificado com os brasileiros da década de 80 (por ser explorado pela família, se esforçar muito e nunca sair do lugar ou conseguir ser bem-sucedido) e também ferozmente atacado pelo escritor chileno socialista Ariel Dorfman em Para Ler o Pato Donald. Mas o pato nunca perdeu sua majestade. E hoje, mais do nunca, merece um grande e sonoro QUACK!
* texto de claudio r.s. pucci, publicado originalmente no portal terra
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