A ilustração e a vinheta animada que você fez para o Anima Mundi desse ano é como um "Sgt. Peppers do mundo da animação” – uma galeria de ícones feitos no seu estilo inconfundível. Você poderia comentar sobre a escolha de alguns deles? O que vemos lá são seus personagens favoritos?
Eu quis usar um pouco dos personagens clássicos de animação para que todo mundo reconhecesse, como a Betty Boop, o Droopy e o Bob Esponja. Em seguida escolhi alguns ícones da cena da animação para adultos, como Michelle Cournoyer, Phil Mulloy e o Poderoso Bill Plympton. Por último, eu escolhi alguns personagens que não são necessariamente relacionados ao mundo da animação, como Karl Marx, Adolf Hitler e Deus, porque imagino que eles dariam ótimos personagens clássicos de animação. Eu não pensei em Sgt. Peppers conscientemente, mas faz sentido.
Seu trabalho abrange tanto animação feita para crianças, como a série de TV Tom, e material direcionado para um público mais velho (como é o caso do premiado Ring of Fire). Mesmo assim, você acha que os adultos ainda têm restrições ao gênero?
Sim, grandes restrições. E algumas coisas precisam acontecer para que isso mude: 1. Os criadores precisam abrir suas cabeças e produzir animação para adultos, que seja interessante para um público mais amplo; 2. Os canais de TV, produtoras e distribuidores precisam investir mais dinheiro em filmes para adultos, e desenvolver estratégias de marketing para oferecê-los a um público mais amplo; 3. Canais de TV, portais na internet e distribuidoras de filmes precisam desenvolver formatos e programas para apresentar e publicar animação para um público mais amplo e adulto; 4. Jornalistas mais sérios precisam descobrir a animação para adultos, escrever sobre ela e trazer o assunto a um público mais amplo; 5. O público precisa abrir mais a cabeça e descobrir que a animação para adultos é uma forma de arte altamente inspiradora.
Tem se falado que você está preparando seu primeiro longa-metragem, que se chama Jesus. Em que fase está a produção? Dá pra revelar alguns detalhes?
Ainda não comecei a produzir Jesus ainda, porque ainda não consegui financiar. Primeiro pretendo finalizar um curta chamado Love & Theft (que é baseado na vinheta do Anima Mundi deste ano e já está financiado), e espero conseguir o distribuidor certo nesse ínterim. Mas não posso revelar nada de Jesus, tirando o fato dele ter um final surpreendente.
Da seleção de filmes do Anima Mundi desse ano, quais que você já assistiu e recomendaria para o público? Tem algum da Alemanha que você gostaria de comentar?
Não conheço muitos dos filmes que serão exibidos este ano, mas da Alemanha eu gostaria de recomendar alguns filmes de estudantes: Never Drive a Car When You're Dead [Se Morrer Não Dirija], de Gregor Dashuber, que nos lembra que o punk não morreu; You Are my Hero [Você É Meu Herói], de Tobias Bilgeri, que apesar de ser feito por um homem, é contado do ponto de vista de uma mulher e parece ter sido feito há 600 anos, o que o faz parecer novo em folha; e A6/A9, um curta bem curto mesmo, mas que mostra o potencial desse austríaco talentoso chamado Johannes Schiehsl.
* texto publicado originalmente no blog anima mundi festival
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