Sinfonia Amazônica, de 1953, primeiro longa-metragem em animação feito no Brasil, e o documentário Ypê Nakashima, sobre o criador do primeiro longa animado colorido nacional, Piconzé, de 1973, são destaques do evento, que segue até domingo com uma programação de mais de 400 filmes - entre curtas e longas - vindos de diversos países.
Resultado de cinco anos de trabalho autodidata e intenso de Anélio Latini Filho (1926-86), Sinfonia Amazônica lembra uma mistura de Fantasia, clássico de Walt Disney de 1940, com cenários e lendas do folclore brasileiro. O filme em preto-e-branco, com 63 minutos de duração e trilha de Altamiro Carrilho, acompanha os encontros do indiozinho Curumí com figuras do imaginário da floresta como Curupira, Caapora, Mapinguarí e a Cobra Grande.
Exibido em sessão única no sábado, dia 25, o longa é alvo de um projeto de restauração sob responsabilidade de Marcia Latini, sobrinha de Anélio e filha de Mario Latini, que assinou a produção e a direção de fotografia do longa. "É [um filme] muito importante, que está a perigo de se perder se esse negativo não for restaurado", aponta César Coelho, um dos quatro diretores do Anima Mundi. "São dois caras sozinhos fazendo um longa-metragem no Brasil nos anos 50! Aquilo é o início da maneira brasileira de fazer animação: 'a gente vai fazer não importa como!'", defende.
A saga do caipira
Não menos importante para entender as origens da animação nacional, o autor do longa-metragem Piconzé (1972), primeiro em cores a chegar aos cinemas do país, é o tema central do documentário Ypê Nakashima, que será exibido fora de competição, na quinta, dia 23, no festival.
Dirigido por Hélio Ishii e narrado por Itsuo Nakashima, único filho vivo de Ypê, o documentário narra a jornada épica do animador que deixou o Japão logo após a Segunda Guerra e veio trabalhar como ilustrador em São Paulo. Com um pequeno grupo de amigos japoneses e uma força de vontade descomunal, Nakashima levou seis anos para concluir os 80 minutos de Piconzé - e morreu aos 47 anos, apenas dez meses depois da estreia do filme nos cinemas.
Tanto o documentário quanto o filme - que conta a história do caipira Piconzé e sua namorada Maria em uma aventura com toques de cangaço, faroeste e novelas de cavalaria - podem ser vistos, de graça, no completo site dedicado à memória de Ypê Nakashima. Entre as curiosidades sobre a carreira do animador nipo-brasileiro, o site disponibiliza ainda os antigos comerciais que ele fez para a TV, incluindo as célebres animações dos cobertores Parahyba e do açúcar Tamoyo.
A nova indústria brasileira
Trinta ou cinquenta anos depois dos esforços de Nakashima e Latini, os animadores brasileiros comemoram agora os primeiros contratos de coprodução de seriados nacionais e a consolidação de uma indústria. O feito é celebrado no Anima com a mostra O que Vem pra TV, que está marcada para domingo, dia 26, e reúne novas séries infantis como Quarto do Jobi e Meu Amigãozão, de Andrés Lieban, Cordélicos, de Ale Machaddo, e Peixonauta, de Célia Katunda e Kiko Mistrorigo. Todas já têm contratos de exibição em TVs daqui ou do exterior. "A gente conquistou isso. Primeiro, porque não tínhamos como atender a produção em larga escala que os seriados demandam. E, segundo, que não temos tradição nesse mercado. Animação para a TV é um mercado muito difícil, fechado, e termos conseguido uma entrada assim, como autores, nos dá uma credibilidade enorme", comemora Coelho.
No sábado e no domingo, o Anima Mundi também apresenta a mais recente animação em longa metragem brasileira, As Aventuras de Gui & Estopa, de Mariana Caltabiano.
Coraline e Ocelot
Nesta quarta, dia de abertura do festival, os destaques ficam para o Papo Animado com o francês Michel Ocelot, autor do premiado longa-metragem Kirikou e a Feiticeira, de 1998, e de uma apresentação especial com profissionais do estúdio Laika, que irão mostrar os bastidores da produção com bonecos em 3D Coraline, dirigida por Henry Selick (de O Estranho Mundo de Jack) e baseada no romance de Neil Gaiman. (Confira a programação completa aqui).
17º Anima Mundi - São Paulo
Coraline e Ocelot
Nesta quarta, dia de abertura do festival, os destaques ficam para o Papo Animado com o francês Michel Ocelot, autor do premiado longa-metragem Kirikou e a Feiticeira, de 1998, e de uma apresentação especial com profissionais do estúdio Laika, que irão mostrar os bastidores da produção com bonecos em 3D Coraline, dirigida por Henry Selick (de O Estranho Mundo de Jack) e baseada no romance de Neil Gaiman. (Confira a programação completa aqui).
17º Anima Mundi - São Paulo
Quando: de 22 a 26 de julho
Onde: Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda) e Centro Cultural Banco do Brasil (R. Álvares Penteado, 112, Centro)
Quanto: de R$ 3 (meia) a R$ 6 (sessões grátis no CCBB)
(shirley paradizo*)
* com fonte do portal g1
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