Isso porque a organização da Mostra trouxe – pela primeira vez ao Brasil – a presença luminosa de Michel Ocelot. Falando assim pelo nome, talvez poucos recordem, mas citando sua obra logo os fãs de cinema (principalmente os de animação) vão lembrar. Ocelot é o criador de pelo menos três obras primas do cinema de animação: Kiriku e a Feiticeira, Príncipes e Princesas e Azur & Asmar (imagem acima).
Vencedor de mais de 20 prêmios internacionais de cinema, Ocelot recebeu o público catarinense com carinho e generosidade. E exibiu para uma platéia boquiaberta uma breve e encantadora coletânea de seus curtas metragens, todos inéditos no Brasil. O primeiro – Os Três Inventores - é uma preciosidade de 1980. Totalmente elaborada com dobraduras e filigranas realizadas em papel, a pequena obra-prima de 13 minutos mostra a intolerância de toda uma sociedade para com uma família de inventores que “ousa” ser diferente e criativa. Os traços lembram Georges Méliès.
Quando questionado pela platéia sobre a opção estética de fazer tudo em recortes de papel, o cineasta, do alto de sua genial simplicidade, respondeu: “Não foi uma opção. Eu não tinha nenhum dinheiro e essa foi a maneira que eu encontrei para fazê-lo”.
Na sequência, foram exibidos quatro episódios da série A Princesa Insensível, que Ocelot criou para a TV Francesa entre 1983 e 1984. A história fala de uma pequena princesa que não ria, nem se emocionava, nem vibrava com nada. Os mais talentosos Príncipes dos mais distantes reinos foram convocados para vencer a insensibilidade da garota, sem sucesso. Até que... bom, aí só vendo os filmes para saber do ótimo final.
Outro curta da noite foi La Belle Fille et le Sorcier, uma fábula de rápidos 5 minutos sobre uma garota feia que salva um poderoso mágico do afogamento.
Crianças libanesas criaram continuação para Azur & Azmar
E o melhor ficou para o final. Michel Ocelot fez questão de apresentar pessoalmente um de seus projetos mais emocionantes: L´Invité, espécie de “continuação” de seu longa Azur & Azmar. A ideia começou quando o cineasta recebeu um roteiro criado por crianças libanesas. Incentivadas pela professora, os alunos foram desafiados a imaginar uma sequência para o filme. Criariam o roteiro e o enviaram para Ocelot, que ficou profundamente tocado pela homenagem e pelo projeto. Ele decidiu, então, produzi-lo. “Porém, era um filme impossível de ser produzido, pois não havia dinheiro para o projeto, e impossível de ser distribuído, pois seriam 15 minutos que só teriam sentido pra quem já tivesse visto o longa.”
E o melhor ficou para o final. Michel Ocelot fez questão de apresentar pessoalmente um de seus projetos mais emocionantes: L´Invité, espécie de “continuação” de seu longa Azur & Azmar. A ideia começou quando o cineasta recebeu um roteiro criado por crianças libanesas. Incentivadas pela professora, os alunos foram desafiados a imaginar uma sequência para o filme. Criariam o roteiro e o enviaram para Ocelot, que ficou profundamente tocado pela homenagem e pelo projeto. Ele decidiu, então, produzi-lo. “Porém, era um filme impossível de ser produzido, pois não havia dinheiro para o projeto, e impossível de ser distribuído, pois seriam 15 minutos que só teriam sentido pra quem já tivesse visto o longa.”
Mesmo assim, o cineasta correu atrás. Chamou novamente os dubladores do filme e conseguiu que o músico Gabriel Yared desenvolvesse uma nova trilha sonora. Tudo absolutamente sem custos. Quase num estilo “story board”, Ocelot conseguiu então fazer o desenho, que foi exibido na noite de ontem, aqui em Florianópolis, e está saindo em DVD na França (juntamente com seus outros curtas). “E foi assim que produzi e distribuí um filme impossível de ser produzido e impossível de ser distribuído”, diverte-se o cineasta.
E mais: Ocelot teve a oportunidade de mostrar a obra para as crianças libanesas que a criaram. Não foi fácil, pois a escola estava fechada por causa dos bombardeios em Beirute. Mesmo assim foi criado um esquema especial que permitiu um emocionante encontro entre os pequenos criadores.
Dublagem ao vivo, um dos charmes da Mostra
Como se os desenhos em si já não fossem atração suficiente, a 8a. Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis ainda tem um charme a mais: a dublagem das obras internacionais é feita ao vivo, durante a própria projeção. Um grupo de atores se posiciona atrás da platéia e realiza a dublagem dos desenhos projetados na tela em tempo real, na raça, para o encantamento (mais um) tanto das crianças como dos pais que frequentam as sessões.
Como se os desenhos em si já não fossem atração suficiente, a 8a. Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis ainda tem um charme a mais: a dublagem das obras internacionais é feita ao vivo, durante a própria projeção. Um grupo de atores se posiciona atrás da platéia e realiza a dublagem dos desenhos projetados na tela em tempo real, na raça, para o encantamento (mais um) tanto das crianças como dos pais que frequentam as sessões.
O próprio Michel Ocelot se apressou em dizer que ficou especialmente impressionado pela ideia, não apenas pelo talento dos dubladores, como também pela iniciativa – que partiu deles próprios - de não apenas dublar as falas como também as canções dos desenhos. Um charme a mais para o evento.
Após a exibição dos curtas, Ocelot respondeu animadamente às perguntas de adultos e crianças da platéia. Mais tarde, durante o jantar, esbanjou simpatia, conversou tanto em francês, como em italiano e inglês, e ainda experimentou Guaraná. E pela programação que ainda tem a cumprir (estará em eventos em Montevidéu, Rio e São Paulo), Michel Ocelot vai realmente precisar de muito guaraná para manter o pique.
(por celso sabadin, de florianópolis)
* o repórter viajou a florianópolis a convite dos organizadores do evento (o mundo animado agradece ao querido amigo jornalista, escritor e crítico de cinema celso sabadin por compartilhar mais uma fantástica e mágica experiência conosco)
4 comentários:
Celso, obrigado pela tua passagem pela Mostra e pelo texto preciso e agradável em torno do Ocelot. Abraço.
Olá Shirlei
Que incrível deve ter sido esta Mostra. Ocelot é mesmo um gênio da animação.
Bjos e até mais.
Que legal.. .esse tipo de mostra deveria viajar mais, né... Quem sabe, interior do Brasil, interior de São Paulo... hehehehe
Falando nisso, Shirley, vc está preparando algo especial sobre o AnimaMundi? Tem até uns filmes de amigos meus lá concorrendo...
Há braços
Paulo
oi, paulo, tudo bem?
infelizmente, com a correria, não sei se vou conseguir fazer algo muito especial sobre o Anima Mundi... estou tentando conseguir alguns vídeos (curtas) dos competidores para colocar por aqui, mas nada certo ainda...
bjinhos
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