Esta pesquisa é a primeira pista sobre o assunto. Nela foram analisadas 329 crianças entre 2 meses e 4 anos de idade. Elas usaram, durante dois anos por até 16 horas diárias, um colete especial com gravadores digitais que captavam sua fala, a dos adultos ao seu redor e o som da TV. E o resultado foi espantoso: a cada hora de televisão assistida, 770 palavras a menos a criança ouvia.
Como, segundo o coordenador da pesquisa, Dimitri A Christakis, um adulto fala em média 941 palavras por hora, isso significa que eles quase não falam quando a televisão está ligada. Para Christakis, esse resultado pode explicar a associação entre exposição televisiva infantil e retardo no desenvolvimento da linguagem, atrasos cognitivos e até deficit de atenção, já que a fala é essencial para o desenvolvimento cerebral.
Para a equipe de Neurologia Infantil da Unesp-Botucatu, em São Paulo, o resultado da pesquisa não pode ser visto como conclusivo. "Pela técnica usada, não dá para ter certeza se a criança estava assistindo à televisão ou apenas no mesmo ambiente. Também não dá para saber que tipo de programa passava. Mas um dado interessante é que com a TV ligada, assistindo ou não, os adultos falam menos e isso realmente pode interferir no desenvolvimento dela. Já está provado pela ciência que quanto mais estímulos, conversas e brincadeira um bebê tem, melhor será o seu crescimento", diz a neuropediatra Lara Cristina Antunes dos Santos. "Para o estudo ser mais completo, os especialistas deveriam realizar uma avaliação posterior do desenvolvimento de cada criança".
Dicas para lidar com a televisão:
- até os 2 anos de idade, evite que seu filho veja TV. É melhor escolher atividades que estimulam a linguagem e o desenvolvimento cerebral, como falar, jogar, ler, cantar e ouvir música
- até os 2 anos de idade, evite que seu filho veja TV. É melhor escolher atividades que estimulam a linguagem e o desenvolvimento cerebral, como falar, jogar, ler, cantar e ouvir música
- depois dos 2 anos, a criança deve assistir a programas voltados para o universo infantil. Investigue os programas antes, na imprensa ou nos guias especializados, pois até desenhos animados podem ter uma certa violência
- coloque um limite de duas horas por dia. Se der para ser menos, melhor. E assista junto com seu filho, conversem sobre o programa que está sendo visto
- não ligue a televisão na hora das refeições
- não use a TV como recompensa ou como babá
- dê alternativas interessantes para a criança fazer, assim ela "esquece" a televisão
- não coloque um aparelho no quarto da criança
- lembre-se de que a televisão é um instrumento. Pode ser ruim ou bom, depende da forma que você usa
* texto de monica brandão, publicado originalmente no site da revista crescer
Um comentário:
Olá Shirley. Tudo bom?
Ótimo texto e uma pesquisa surpreendente. Discordo um pouquinho de algumas das recomendações da neurologista, mesmo sendo bem menos gabaritado que ela, já que trabalho com Tv educativa e acredito que a TV, mesmo antes dos dois anos, pode ser um ótimo estímulo, não só para o desenvolvimento cognitivo, mas principalmente para o desenvolvimento sensorial, desde que bem usada. Por meio dela, podemos ter acesso a uma infinidade de elementos que não temos de outra forma. É que os cientistas ainda acreditam que aprendemos mais pela palavra e menos pela imagem, o que não é bem verdade na minha opinião...
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