O diretor Stephern Sommers utiliza mais uma vez o estilo que o tornou famoso em A Múmia: deixar o filme correr feito uma montanha-russa e fazer com que o espectador se sinta dentro de um videogame, evitando, assim, qualquer tipo de reflexão e relevando qualquer eventual buraco de roteiro. Afinal, ninguém entra no cinema para ver G.I. Joe e pensar ao mesmo tempo.
Quem acompanhou a gênese do personagem, desde a criação dos bonecos de ação, nos anos 80, passando por desenhos animados e outros sub produtos (não é o meu caso), tem restrições quanto à fidelidade das histórias e subtramas. Mas, para quem não conhecia nada disso (meu caso), o roteiro é envolvente e até bastante elaborado para este tipo de filme, trazendo várias reviravoltas e uma trama que realmente prende a atenção.
A ação se passa em um futuro próximo, onde um gênio da tecnologia de armamentos acaba de desenvolver uma arma poderosíssima, à base de nanotecnologia biológica, capaz de corroer um tanque de guerra em segundos, e uma cidade inteira em poucas horas. Tipo cupins altamente desenvolvidos. Obviamente a tal tecnologia cai em “mãos erradas”, o que obriga os altos escalões do Exército Americano a lançar mão de sua sofisticada “tropa de elite” chamada G.I. Joe.
A partir daí, vamos conhecendo aos poucos as histórias que colocaram em rotas de colisão personagens tão diferentes entre si, como o soldado americano Duke (Channing Tatum), sua namorada Ana (Sienna Miller), que mais tarde se transformaria em rica baronesa, o amigão Ripcord (Marlon Wayans, fazendo o sempre necessário contraponto cômico), o ninja Storm Shadow (Buyng Hun Lee), o ex-menino de rua Snake Eyes (Ray Park) e assim por diante, em uma galeria de tipos ideal para vender muito licenciamento.
A trama, envolvente, é entremeada por várias cenas de muita ação (ou seria o contrário, as cenas de ação são entremeadas por uma trama?), na qual se destaca uma sensacional perseguição pelas ruas de Paris, que – viva a tecnologia digital! – foi totalmente rodada em uma cidade do interior da República Checa.
Só esta cena levou 14 dias de filmagens. E para quem curte uma subtramazinha política, o filme ainda acena com uma crítica à indústria armamentista, que vende indiscriminadamente, para quem puder pagar, tanto a espada como o escudo. Lógica? Realismo: Racionalidade? Nem pensar. Afinal, estamos falando de um filme onde o presidente dos Estados Unidos é um britânico, o galês Jonathan Pryce. A idéia é uma só: pura diversão. E, neste sentido, G.I. Joe entrega competentemente o que promete.
Em cartaz: dia 07, sexta, nos cinemas nacionais
Classificação: 12 anos
(celso sabadin*)
* o multimídia e querido amigo celso sabadin é autor do livro autor do livro vocês ainda não ouviram nada – a barulhenta história do cinema mudo e jornalista especializado em crítica cinematográfica desde 1980. atualmente, dirige o planeta tela (um espaço cultural que promove cursos, palestras e mostras de cinema) e é crítico de cinema da TV gazeta e da rádio bandeirantes.
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