sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Entrevista: Matt Groening

O que as pessoas podem esperar do filme?
Nossos advogados acharam uma brecha legal e vamos usar apenas pedaços de episódios antigos... Estou brincando. Temos um programa de TV que ainda está no ar e, para convencer as pessoas a pagarem um ingresso, a história é maior e a animação, mais ambiciosa.

É difícil fazer um programa como esse, com 20 anos?
Temos um time fantástico. Começa com James L. Brooks, ganhador de Oscars e criador de programas de TV. Ele sempre disse que a missão dos Simpsons seria buscar emoção e fazer as pessoas esquecerem que estão vendo um desenho animado.

Ter liberdade de criação foi determinante para o sucesso?

Ajuda muito termos uma audiência enorme. Ninguém se mete a mexer no show. Mas, se a gente perdesse o pique, haveria alguma preocupação. Até aqui, nos deixaram em paz, o que deixa todo mundo mais feliz.

A série tem um fundo político?
Sim. E o filme também será. Há política em tudo que fazemos. Não acho que exista um ponto de vista monolítico. Tenho minhas posições, que são liberais, mas trabalho com republicanos e as vozes deles são ouvidas.

Os Simpsons não envelhecem nas histórias?
Você não quer ver o Bart tendo filhos. Uma das melhores coisas dos desenhos animados é que eles não envelhecem. Esses especiais que reúnem elencos de séries antigas são assustadores. A gente vê como todo mundo está diferente. Fizemos uns episódios em que saltamos para o futuro. De vez em quando, trapaceamos fazendo os personagens agirem como se fossem mais velhos. Lisa tem 8 anos e já teve vários romances. Algo que a maioria das crianças dessa idade não costuma ter.

Os personagens tiveram impacto na sociedade?
Me perguntaram se eu acho que Os Simpsons são contracultura. Espero que sejam. Quero que sejamos uma alternativa para o padrão. James Brooks escreveu que nós tentamos dizer às pessoas que elas não estão sozinhas. Me identifico com isso. Como sou do contra, anti-autoridade, costumo mostrar que as pessoas no poder não têm sempre as melhores intenções. Algumas vezes, essa mensagem passa fácil. Noutras, é desencorajada. Tivemos vários presidentes durante a vida dos Simpsons. Parece que as pessoas estão abrindo suas bocas de novo e falando o que pensam e isso é muito bom. Mas nós sempre fizemos isso.

(alexandre maron)

* Entrevista realizada por Alexandre Maron para e publicada na revista Monet, de agosto de 2007 (edição 53)

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