quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Criança & TV: Relação complicada?

Recentemente, a Unicamp com o apóio do Fórum Gestão Participativa na Educação em Amparo reuniu uma equipe de pesquisadores e desenvolveu Laboratório de Psicologia Genética da Faculdade de Educação da Unicamp, um projeto que abre espaço para a discussão de conteúdos que envolvem o conhecimento e a formação educacional dos alunos. Nesse sentido, a relação entre a televisão/criança vem recebendo atenção especial por parte desses educadores, uma vez que a TV é considerada o veículo de comunicação que exerce maior influência sobre nossos filhos. Como encarar este fato ? Como impedir que palavrões, cenas de sexo e violência cheguem até nossas crianças? Simplesmente desligando o aparelho e praticando uma espécie de censura dentro de casa?

A professora Ester Cecília Fernandes Baptistella, psicologa e mestre em Psicologia Educacional pela Faculdade de Educação da Unicamp e uma das integrantes do Fórum, acha que essa medida, a de desligar o aparelho, não vai resolver o problema. Em entrevista que concedeu ao Jornal da Rádio Cultura, no ano passado, ela afirmou que a TV não é uma "atividade cognitiva de baixo nível, porque, para se entender a programação, é necessário refletir sobre a mesma e essa reflexão requer uma inteligência".

Segundo a psicóloga, quando se fala de televisão é preciso antes esclarecer alguns mitos que envolvem a relação criança/TV, como a "idéia equivocada de que a criança na frente do aparelho é um ser totalmente passivo, pronta para receber influência direta da TV, com conseqüências em nível psicológico e comportamental. E as pesquisas mostram que a coisa não é bem assim, porque de tudo o que acontece na vida, a criança tem uma idéia. Uma idéia que reflete a inteligência dela, que reflete o nível cognitivo que ela tem".

De acordo com as pesquisas européias e norte-americanas, o impacto da TV depende de: quem assiste à TV, como se assiste e o que se assiste. A psicóloga traçou um roteiro de orientação aos pais com o objetivo de estimular o diálogo com seus filhos durante a permanência dos mesmos diante da telinha, para que eles possam refletir sobre a programação que assistem. Confira abaixo:

1. Limite o tempo de uso - Quando as crianças ficam muito tempo assistindo à televisão, deixam de realizar outras atividades importantes ao seu desenvolvimento, como brincar, conversar com outras crianças, exercitar-se etc. Incentive-as a participar dessas atividades, se possível, acompanhe-as. O ideal é que as crianças assistam no máximo de 2 a 3 horas diárias de programação, dando preferência a programas específicos de sua faixa etária.

2. Conheça o programa - Pesquisas indicam que a maioria das crianças assistem programação imprópria para a sua idade, com inúmeras cenas de sexo e violência. É importante planejar com as crianças o que assistir na TV e esclarecer o motivo da proibição. Lembre-se, a TV não é troféu, recompensa nem babá eletrônica.

3. Ajude a criança a expressar opinião - Essa é uma tarefa difícil que deve ser trabalhada tanto na família quanto na escola. O diálogo constitui-se no fator crucial para o exercício de relações pautadas no respeito mútuo e na cooperação. É importante que as crianças aprendam cedo a exercer o direito de falar sobre o que pensam, sem que suas reclamações sejam ouvidas e entendidas como queixas ou lamento. Além do mais, a criança deve lidar com as situações da TV e da mídia em geral, para poder refletir sobre ela.

* Texto originalmente publicado no site do governo de Amparo. De acordo com a página, as dicas de cuidados básicos para os pais foram publicadas no jornal O Estado de S.Paulo, em intitulada Horário Nobre, na qual a psicóloga Ester Cecília Fernandes Baptistella foi uma das especialistas ouvidas.

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