sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cinema: Star Trek

J.J. Abrams tinha uma tarefa bastante complicada: renovar a saga Jornada nas Estrelas, que, depois de 11 filmes e algumas séries para a TV, achava-se esgotada, embora ainda merecedora de uma leva de fidelíssimos fãs. Respeitando todo o universo do seriado original - criado por Gene Roddenberry em 1966 - e incluindo elementos que dão uma narrativa mais moderna, Abrams cumpriu o desafio e renova com louvor a saga intergaláctica em Star Trek.

Em um futuro idealizado e indefinido, as viagens espaciais são comuns. George Kirk (Chris Hemsworth) é feito capitão de uma das naves da Frota Estelar da Federação e, nos 12 minutos nos quais assume o controle da nave, salva milhares de tripulantes das investidas do vilão Nero (Eric Bana). Mas é com sua vida que paga a ousada defesa. Por isso, seu filho James, que acaba de nascer, cresce sem um pai.

Mais tarde, acompanhamos James T. Kirk (vivido nesta fase por Jimmy Bennett), aos 8 anos, correndo a toda velocidade com um carro em uma estrada poeirenta em Ohio, EUA. No som, Sabotage, do Beastie Boys, já indicando, em uma cena de ação muito bem filmada, o que podemos esperar desse novo Star Trek: uma nova roupagem à clássica saga.

Paralelamente, Spock (Jacob Kogan) cresce marcado por ser filho de uma humana (Winona Ryder em rápida e quase irreconhecível aparição) e um volcano; ele tenta superar o preconceito por meio de sua inteligência incomparável. Desta forma, é traçada a base dos perfis dos dois personagens principais do filme, que, mais tarde, encontram-se trabalhando para a Federação na tentativa nobre de, mais uma vez, salvar o dia das malvadas investidas de Nero.

Agora interpretados por Chris Pine (de A Última Cartada) e Zachary Quinto (conhecido pelo vilão Sylar, da série Heroes, mas estreante em um longa-metragem) - Kirk e Spock, respectivamente -, os personagens começam como antagonistas, mas acabam tendo seus interesses cada vez alinhados ao longo do filme. Mostrando a juventude dos tripulantes da famigerada nave, o filme tem a chance de criar novas aventuras relacionadas aos personagens, desassociando-se da imagem que os dez longas anteriores desenhou para o capitão Kirk e sua tripulação.

Ao mesmo tempo, referências e a busca pelo tom narrativo que marcou a série estão presentes em Star Trek, embora ganhe por meio da direção de Abrams tons modernos das câmeras nas mãos, que acentual o tom de ação das cenas. Aliás, para os saudosos de Leonard Nimoy, o ator - que ficou marcado por interpretar Spock e não atuava num longa-metragem desde 1991, em Jornada Nas Estrelas VI - A Terra Desconhecida - está neste novo filme da série.

Com orçamento de US$ 150 milhões, Star Trek é o mais caro dos dez outros filmes produzidos com base na série original. Além da roupagem moderna, com direito a cenas de ação de tirar o fôlego e efeitos especiais de deixar qualquer Trekkie (como são conhecidos os fãs da série) emocionado, a produção ainda traz um roteiro permeado pelo humor inteligente. A personalidade impetuosa e aventureira de Kirk - antes de ser o capitão, no caso - dão o tom ao longa-metragem.

Mas não são somente os admiradores antigos que se sentirão satisfeitos com o longa de Abrams (ele mesmo admite que nunca foi fã da saga), mas também os novos. Afinal, é essa a ideia de Star Trek: respeitando o universo de Roddenberry, o filme marca o início de uma nova fase da série, com o objetivo também de conquistar alguns milhões de espectadores que nunca tiveram contato com as primeiras histórias da Enterprise. Objetivo definitivamente alcançado.

Em cartaz: a partir do dia 08, sexta, nos cinemas nacionais

Classificação: 12 anos

(angélica bito*)

* a amiga jornalista angélica bito - de quem aprecio muito o trabalho - escreve para o site cineclick (um endereço bacana que traz críticas e informações sobre o universo cinematográfico)

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