sexta-feira, 20 de março de 2009

Cinema: The Spirit - O Filme

Will Eisner é considerado o pai das graphic novels, como são conhecidas as obras que reúnem em um único volume uma história em quadrinhos. Sua importância no gênero é tão grande que o principal prêmio da categoria nos EUA leva seu nome. Criado em 1940 por Eisner, o detetive Spirit - cujas aventuras eram publicadas nos EUA semanalmente - ainda é um de seus mais adorados personagens, conquistando os espectadores não somente pelas histórias, o desenho e as narrativas quase que cinematográficas que as histórias ganhavam, mas também pela composição humana dos personagens e o humor injetado nas tramas.

A adaptação cinematográfica, no entanto, se distancia completamente da obra original não somente pelo estilo que o quadrinista e cineasta Frank Miller - em seu primeiro desafio ocupando sozinho a cadeira de diretor - imprime em The Spirit - O Filme, mas principalmente pela falta de aproximação com o público que os quadrinhos de Eisner conseguiam ter.

O Spirit que dá nome ao filme, interpretado pelo pouco conhecido Gabriel Macht (de Minha Mãe Quer Que Eu Case), é um justiceiro mascarado que age nas ruas da cidade fictícia de Central City livrando os cidadãos dos bandidos que agem nas sombras. O principal deles é Octopus (Samuel L. Jackson), uma espécie de cientista maluco que tem como capatazes clones patéticos e a fatal Silken Floss (Scarlett Johansson). Além de corajoso e quase indestrutível, assim como seu principal oponente, Spirit tem uma tremenda lábia com as mulheres. Em suas aventuras, reencontra um antigo amor do passado, a fatal Sand Saref (Eva Mendes).

The Spirit - O Filme é redundante por conta da incapacidade do roteiro de se resolver cinematograficamente. Prolixo no texto, a trama é incapaz de envolver o espectador, já que tudo soa falso demais. Os personagens são rasos e caricaturais, dotados de um humor completamente sem graça. Filmado completamente em fundo verde, o longa traz uma fotografia cinzenta, densa, pontuada por desenhos feitos sobre a tela, bem parecido com o que Miller fez em seu longa de 2005 e em suas obras em quadrinhos. Aliás, a aproximação dos temas de Sin City e The Spirit fez com que Miller aproximasse também o estilo visual das duas obras nesta adaptação cinematográfica, o que não caiu muito bem, muito pelo contrário.

Embora The Spirit - O Filme junte dois grandes nomes dos quadrinhos norte-americanos, sobrou pretensão a Frank Miller, que se mostra totalmente despreparado para assumir o controle total de uma obra cinematográfica. Ao tentar imprimir seu estilo gráfico numa obra baseada em outro autor, Miller não produz mais do que uma aventura fraca e gelada, que dialoga muito mais com seu Sin City - A Cidade do Pecado do que com a obra de Eisner.

Em cartaz: dia 20, sexta, nos cinemas nacionais

Classificação: 14 anos

(angélica bito*)

* a amiga jornalista angélica bito - de quem aprecio muito o trabalho - escreve para o site cineclick (um endereço bacana que traz críticas e informações sobre o universo cinematográfico)

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