quinta-feira, 12 de março de 2009

Seu filho vê: Animes

Alguma vez na vida você deve ter ouvido a palavra "anime". Com certeza, seus filhos já devem ter comentado com você... mas nem todos sabem o que, afinal, essa tal palavra quer dizer. Pensando nesses pais que ficam perdidos quando seus pimpolhos relatam que assistiram a um anime bacana na TV, regastei esse texto que escrevi na época em que trabalhava na revista Monet, publicado em dezembro de 2006. Nascidos dos famosos mangás (os quadrinhos japoneses), os animes estão entre nós desde a década de 1960, mas poucos conhecem a origem, as características e os grandes criadores dessa animação que se tornou febre dentro e fora da telinha.

O que é - No mundo ocidental, anime (ou animê) é sinônimo de desenhos originários do Japão com tramas recheadas de violência lutas e batalhas. Para os japoneses, no entanto, a palavra se refere a qualquer tipo de animação. E é exatamente isso o que ele é. Apesar de apresentarem características diferentes dos produtos americanos ou mesmo nacionais, os animes são como qualquer outra animação feita em qualquer parte do mundo, passeando por diversos gêneros – ação, aventura, romance, ficção, policial, erótica, terror – e dirigidos para diferentes idades, dependendo do tema abordado e do conteúdo.

Origem - Os animes nasceram dos mangás, os famosos quadrinhos japoneses que surgiram do Teatro de Sombras, no qual um grupo de artistas percorria vilarejos – na época feudal – contando lendas usando fantoches. Mais tarde, essas histórias passaram a ser escritas em rolos de papel e ilustradas, sendo batizadas de mangás. A partir de 1917, as primeiras versões dos HQs começaram a despontar no cinema e, em 1950, na TV. Não demorou para entrarem no Ocidente e se tornarem mania. No final dos anos 60, os brasileiros são apresentados a esse novo estilo, e Astro Boy, Speed Racer, Super Dínamo e Patrulha Estelar passaram a fazer parte do universo infantil. E continuam até hoje.

Características - Os animes estão além dos olhos grandes, das aventuras mágicas, dos animais estranhos e dos cabelos verdes, roxos ou azuis. A diferença dessa animação para as outras está nos detalhes. Os cenários, geralmente, são pintados à mão e apresentam cores fortes. Já o personagens se movimentam em cena de forma peculiar: eles parecem “voar” enquanto o cenário permanece estático. Com algumas exceções, os desenhos japoneses têm sempre um grupo de heróis e não apenas um protagonista principal. Além disso, a representação dos sentimentos é única: uma gota d’água que aparece ao lado do rosto mostrando constrangimento ou diminuição súbita do personagem para mostrar vergonha. Os episódios não costumam ter uma história fechada. Como em uma novela, a trama vai se desenrolando por vários capítulos e, para entender tudo, é preciso assistir sempre ao desenho para não perder o fio da meada.

A febre - Para se ter idéia da influência dos animes no planeta, a expressão Dragon Ball, em 2002, foi a mais procurada no site de busca Lycos e Naruto está entre as mais buscados no Google. Nos últimos anos, a mania por desenhos e HQs nipônicos no Brasil criou uma nova tribo, os otakus (termo usando no Japão para definir um fanático por qualquer assunto). Eles lotam convenções e eventos - onde costumam comparecer vestidos como seu personagem preferido - que se espalham pelo país e mantêm fóruns e blogs na internet com informações sobre tudo o que acontece nesse universo. Apesar de não serem tão obsessivos como os grupos japoneses, costumam ser tão radicais quanto a comunidade dos trekkers, os fãs de Star Trek – Jornada nas Estrelas. A maioria deles não admite críticas ao produto que reverenciam e tratam seus heróis de forma quase religiosa.

Na telinha - No Brasil, os animes fazem parte do cotidiano das crianças e são cultuadíssos, tanto que os canais infantis recheiam sua programação com esses desenhos. Quando um ou outro favorito sai da grade, o alarde é geral. É o caso de Ragnarök, o famoso anime baseado em jogo online com uma fama maior ainda, e Naruto, inspirado em mangá de Masashi Kimishimoto e que acompanha um jovem órfão em sua luta para se tornar um grande ninja. Outros nem aportaram por aqui e já são velhos conhecidos dos brasileiros. Para ter ideia, antes mesmo de estrear por aqui, Naruto já fazia parte do cotidiano dos fãs brasileiros via internet – seus episódios estavam disponíveis na rede em diversos endereços. Apesar de nunca ter sido exibido na TV brasileira, a animação contava com legiões de seguidores fiéis, que montaram sites e criaram uma comunidade com mais de 60 mil membros no Orkut.

Alguns dos mestres

Eles ganharam fama com suas criações e são tratados como “deuses”. Conheças alguns dos grandes nomes dos animes

Osamu Tezuka - O rei dos HQs japoneses (1928-1989) marcou época ao criar o estilo mais presente nos mangás e animes: cabeça e olhos grandes, nariz e boca pequenos. Além disso, foi ele quem abriu o caminho dos desenhos japoneses para mundo ocidental com os clássicos Astro Boy, Kimba, Patrulha Estelar, Don Drácula, A Princesa e Cavaleiro e muitos outros.

Hayao Miyazaki - Venerado por suas obras ecológicas e filosóficas, como Princesa Mononoke ou Meu Vizinho Totoro, Hayao é um dos mais famosos e respeitados criadores do cinema de animação japonês. Entre o público brasileiro, ele é famoso pela adaptação de Heidi para a televisão, pelos filmes A Viagem de Chihiro - vencedor do Oscar 2003 de animação (imagem acima) - e O Castelo Animado.

Satoshi Kon - Considerado um dos mais interessantes diretores de animes, o desenhista de mangás tem em seu currículo trabalhos como Perfect Blue, Millenium Actress, Tokyo Godfathers e o longa de animação Paprika, baseado em livro de ficção escrito por Tsutsui Yasutaka.

A invasão dos animes em terras brasileiras


Anos 60 - Os animes chegam ao Brasil e causam estranheza no público, já habituados com as animações da Walt Disney. Aos poucos, porém, conquistam a todos. Era a época de Homem de Aço, Oitavo Homem e Samurai Kid – apesar de ter sido criado por Sanpei Shirato, foi animado por Hayo Miyazaki. Astro Boy, o pioneiro do gênero na TV e criado por Osamu Tezuka, nunca foi exibido por aqui. Muitos o confundem com O Menino Biônico, também de Tezuka, e exibido na década de 1980.

Anos 70 - Os desenhos japoneses começam a ganhar força nas telinhas brasileiras. Speed Racer e A Princesa e o Cavaleiro praticamente imperam absolutos. Outros heróis nipônicos também estavam presentes, como o leãozinho branco Kimba, Fantomas e Super Dínamo.

Anos 80 - A atenção do público se volta para Patrulha Estelar, O Pirata do Espaço, Don Drácula e Zillion, desenhos que até hoje causam saudades nos fãs. Os dramas japoneses também entraram com tudo e arrancavam lágrimas dos espectadores com história de partir o coração da pequena Heidi.

Anos 90 - A vinda de Os Cavaleiros do Zodíaco (imagem acima) causou uma febre sem precedentes. Brinquedos, roupas e artigos escolares eram tão comuns nas lojas quanto os calorosos fóruns de discussões de fãs. Na cola de seu sucesso, muitos outros foram despontando, como Shurato, Samurai Warriors e Saillor Moon, que abriu as portas para os animês voltados para as garotas.

Anos 2000 - A mania já estava enraizada entre os fãs brasileiros. Explodem na telinha os heróis e os estranhos monstrinhos de Pokémon (um fenômeno de audiência), Digimon e os cultuados Dragon Ball e Yu-Gi-Oh!. Os animes ganham repercussão também no cinema em longas como A Viagem de Chihiro. Em 2005, os fãs comemoram a chegada de um canal com programação focada em animes para os mais grandinhos - em sua maioria os desenhos são indicados para mariores de 16 anos. Lançado no Japão em 1998, com rápida expansão por toda a Ásia, o Animax hoje está presente em mais de 62 países na Europa e América Latina, em aproximadamente 53 milhões de domicílios e transmitido em 15 idiomas diferentes.

(shirley paradizo)

Um comentário:

meiriele disse...

gostei muito do seu blog espero que fique muito mais interesante e legal
valeu =)